quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um acordo pela indústria brasileira


Por Paulo Pereira da Silva, Artur Henrique e Paulo Skaf O Brasil atravessa um grande momento econômico e social. Os bons indicadores da economia e o volume de investimentos públicos e privados previstos colocam o País em condições de aprofundar o seu processo de desenvolvimento.

Resultado de uma política que articulou estabilidade financeira, fortalecimento do mercado interno e compatibilização entre crescimento e distribuição de renda, o cenário atual aponta para uma curva mais estável de crescimento.

A acertada decisão de estimular o mercado interno criou um novo dinamismo econômico. Isso se deu, entre outros fatores, pela valorização do salário mínimo, pela universalização de programas como Bolsa Família e Pronaf (agricultura familiar) nas áreas mais pobres e pela ampliação da disponibilidade de crédito. Essas medidas, associadas a uma retomada dos investimentos públicos, renovaram o fôlego de nossa economia.

Entretanto, alguns indicadores recentes apontam para o precoce encolhimento da participação da indústria de transformação no nosso PIB: de 27% em meados dos anos 80 para 16% atualmente.

O deficit comercial do setor de manufaturados deverá atingir a cifra de US$ 100 bilhões em 2011. À crescente reprimarização da pauta de exportação soma-se o processo de substituição da produção doméstica por produtos e insumos industriais importados e a expressiva queda do conteúdo nacional na produção. Ou seja, acendeu-se uma luz amarela para a indústria brasileira. As consequências desse processo são ainda imprevisíveis.

O Brasil, com sua legítima aspiração de assumir um papel de liderança global, não pode abrir mão de uma indústria forte.

Nossa história mostra que o desenvolvimento industrial foi responsável pela urbanização, pela integração da população ao consumo e pelo crescimento dos demais setores da economia. A produção e a exportação de commodities agrícolas e minerais, apesar do grande aumento recente, não geram emprego e renda suficientes.
Mesmo o setor de serviços, tão importante para a economia, tem parte significativa de seu dinamismo derivado da indústria.

A previsão de que em 30 ou 40 anos o Brasil será a quarta economia do mundo apenas se sustenta com o restabelecimento do papel da indústria e com o adensamento de suas cadeias produtivas. Não existem países cujos cidadãos gozem de alto padrão de vida e pleno acesso a bens e serviços que não contem com indústria sólida, diversificada e com alto grau de inserção em mercados internacionais.

A possibilidade de estabelecimento de um diálogo contínuo entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo é algo inovador e reflete o compromisso de construir um Brasil forte e industrializado.

Este é o momento para que os diferentes atores desse processo - trabalhadores, empresários e o governo - formem um grande consenso acerca da política industrial nos rumos da economia.
Tal entendimento ajudará a tornar realidade as expectativas otimistas para o Brasil. Isso é o que discutiremos no inédito seminário "O Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego", organizado pela Fiesp, pela CUT e pela Força Sindical, hoje, em São Paulo.

Publicado na Folha de S. Paulo em 26 de maio
Paulo Pereira da Silva (Paulinho) é presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP), Artur Henrique é presidente da CUT e Paulo Skaf é presidente da Fiesp

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