segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Ampliar o mercado interno brasileiro em 2012


José Álvaro de Lima Cardoso*
          Na frente inflacionária - principal preocupação do governo em dois terços deste ano - a tendência é de desaceleração dos preços, pelo menos no momento. A variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-IBGE) de outubro foi próxima a 0,40% e são grandes as possibilidades que este indicador feche 2011 com um acumulado próximo dos 6,5%, dentro (ou quase) do teto da meta inflacionária. O Índice do Custo de Vida -­ ICV, calculado pelo DIEESE, em outubro, apresentou taxa de 0,31%, bem inferior à variação de setembro, de 0,69%.
          Na reunião do Copom de 31 de agosto, a diretoria do Banco Central (BC) surpreendeu a todos, reduzindo a taxa básica de juros, alterando assim, bruscamente, a sua trajetória de elevação. Na ocasião, a escolha do Copom causou histeria entre alguns analistas da grande mídia e entre economistas de oposição ao governo. A decisão tomada pelo Copom se baseou em uma avaliação de que a conjuntura internacional iria se deteriorar significativamente e que a crise tenderia a se prolongar nos países centrais. Além disso, segundo a referida avaliação, a redução do crescimento nos países centrais, com conseqüente queda mundial da inflação, faria também a inflação recuar no Brasil, através dos vários canais de transmissão, como comércio, fluxo de investimentos e crédito. A “leitura” de conjuntura que o Comitê fez na ocasião é de que haveria piora intensa nos indicadores internacionais nos próximos meses, especialmente com queda da produção industrial mundial que pode se espalhar para o resto do mundo.
          O comportamento do nível de atividade econômica e dos níveis de inflação no Brasil, aparentemente, começa a conformar o cenário traçado pelo Banco Central brasileiro naquela ocasião. Nesse cenário é fundamental observar como se comportará a economia mundial em 2012. Não se pode esperar muito dos países centrais cujas economias tentam sobreviver à um processo inusitado de endividamento público, cuja solução irá demandar muitos anos (no recente acordo de cúpula da União Européia, a divida da Grécia será reduzida para 120% do PIB apenas em 2020, o que mostra o tamanho do problema). Tanto nos EUA, quanto na Europa, o crescimento em 2012 tende a ser muito fraco e com manutenção de altas taxas de desemprego. A China, por sua vez, já encaminha um processo de suave desaceleração, que também pode influenciar os rumos da economia brasileira. Resta ao Brasil, apostar a maior parte de suas fichas no mercado interno. Nesta frente, alguns fatores serão fundamentais para preservar o crescimento do nível de atividade em 2012: queda dos juros reais e elevação da massa salarial decorrente do novo salário mínimo e da geração de empregos formais (ainda que em um ritmo abaixo do verificado nos últimos anos).
 
*Economista e supervisor técnico do DIEESE em SC.

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