quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Brasil entra no mapa da onda de restrição

O agravamento da crise na zona do euro, que ameaça de morte os bancos europeus, começa a provocar a contração da oferta de crédito global. O Brasil está no mapa dessa onda - os bancos europeus são os que têm mais ativos no país, US$ 416 bilhões dos US$ 568 bilhões das instituições estrangeiras ao fim do segundo trimestre, segundo dados do BIS. A concentração nas mãos de bancos espanhóis é grande, de US$ 210 bilhões. Mais US$ 47 bilhões são de bancos franceses e alemães e US$ 100 bilhões de bancos ingleses.
A degradação das condições de crédito é mais intensa, obviamente, na Europa, onde as instituições deixaram na segunda-feira US$ 400 bilhões repousando nos cofres do Banco Central Europeu, com remuneração muito baixa.
As filiais bancárias europeias nos EUA começaram a encolher seus empréstimos, revelou o relatório de crédito do Federal Reserve Bank publicado ontem. Um total de 23% delas apertou as condições de oferta. Se realizam menos negócios nos EUA, os bancos europeus estão sendo olhados com preocupação, e sobretudo parcimônia, pelos seus congêneres americanos. Pelo menos dois terços dos bancos americanos estão racionando o crédito às instituições europeias. Comportamento de cautela semelhante está sendo dado às empresas, americanas ou não, que têm exposição na zona do euro.
O Brasil, como credor, não tem muito a temer. Os bancos brasileiros têm US$ 25,4 bilhões em ativos na Europa, um dinheiro que não corre muito risco. Os empréstimos para os gregos, por exemplo, somavam apenas US$ 7 milhões no fim de junho. A maior parcela dos ativos estava fora da zona do euro (Reino Unido, com US$ 8,7 bilhões) ou em lugares seguros como Luxemburgo (US$ 2,4 bilhões) e Dinamarca. Há US$ 4 bilhões em empréstimos e outros negócios com a França e Alemanha, as duas maiores economias do bloco, com algum risco no caso de um cenário extremo de quebradeira na união monetária.
Se as condições continuarem a se deteriorar na zona do euro, a Ásia é outra candidata a sofrer as consequências. Os bancos europeus garantiram 21% do total de financiamento externo à região no segundo trimestre, oferecendo US$ 525 bilhões.
É possível, entretanto, que a contração de crédito não seja tão violenta nos países emergentes, como o Brasil. Há poucos lugares no mundo em que as condições para negócios são ainda prósperas como nos Brics. Com a terra afundando sob seus pés, os bancos europeus não podem se dar ao luxo de desprezar mercados em crescimento - a menos que haja um colapso generalizado das instituições financeiras da zona do euro.

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