quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

É preciso acelerar a queda da taxa de juros


*José Álvaro de Lima Cardoso
     O crescimento nulo da atividade econômica, entre julho e setembro, divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi puxado, em grande parte, pelo recuo da indústria de transformação, de 0,9%. Todo o esforço para melhorar o desempenho da indústria, tem como pressuposto um quadro de continuidade da política de redução da taxa básica de juros. Em sua última reunião do ano, no dia 30/11, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) promoveu a terceira redução consecutiva de 0,5% ponto percentual na taxa básica de juros, que ficou em 11% ao ano. Conforme comunicado divulgado pelo Copom a decisão foi tomada por unanimidade e sem viés, ou seja, não poderá ser revisada até a próxima reunião. Segundo a referida nota "o Copom entende que, ao tempestivamente, mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012."
   No entanto, dado o teor das declarações do presidente do BC, e dos próprios documentos divulgados pelo Banco nos últimos meses, quanto à gravidade da crise mundial, o ritmo de redução dos juros está sendo lento. Os juros reais do Brasil (cerca de 5%) continuam sendo os mais elevados do mundo. O país com a segunda taxa real mais elevada do mundo, a Hungria, pratica taxa de 2,5%, a metade da taxa observada no Brasil. Não há obstáculo maior do que essas taxas de juros para o equilíbrio fiscal. Segundo projeções do governo o aumento de 0,5 ponto percentual nos juros básicos da economia, significa um acréscimo de R$ 6 bilhões nos gastos com juros da dívida, no período de um ano. O gasto com juros nos 12 meses encerrados em setembro corresponde a 5,8% do PIB, equivalente a R$ 231,2 bilhões. Se o governo estiver levando à sério o objetivo anunciado de superávit nominal nos próximos anos, é fundamental reduzir essa despesa com juros, que é, por exemplo, mais do que o país gasta com educação em todos os níveis de governo.
*Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.

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