quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O risco do endividamento externo no Brasil


*José Álvaro de Lima Cardoso
   A dívida líquida do setor público deverá continuar diminuindo como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos. Os dados fiscais divulgados pelo Banco Central no dia 29/12 revelaram que a relação Dívida/PIB do Brasil caiu para o menor patamar desde maio de 1998 e deve ter fechado o ano de 2011 em 36,6%. A previsão do BC é que a dívida caia para 35,7% em 2012.  A redução da dívida líquida em 2011 está diretamente ligada à desvalorização do real em relação ao dólar. Como o setor público brasileiro tem mais ativos que passivos em moeda estrangeira, cada vez que o dólar se valoriza, cai a relação dívida líquida/PIB. Segundo o BC a valorização de um ponto percentual no dólar tem efeito imediato de redução de 0,24 ponto percentual na relação dívida líquida em relação ao PIB, algo em torno de R$ 5,6 bilhões.
     Por conta destes e outros indicadores a vulnerabilidade fiscal do País permanecerá baixa, principalmente quando comparada com a de outros países, notadamente os desenvolvidos. Um problema a ser enfrentado é que o diferencial de juros, ainda significativo, tem estimulado o setor privado a captar recursos no exterior, contribuindo para aumentar o endividamento externo. A questão é que o quadro favorável (juros baixos, economia em crescimento, reservas em níveis inéditos e cotação do dólar) pode mudar, tornando a dívida excessivamente alta e complicando o pagamento. Uma alta expressiva do dólar, por exemplo, numa conjuntura mais instável, pode significar a impossibilidade das empresas pagaram a dívida. 
*Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário