terça-feira, 27 de março de 2012

Lucros das montadoras vão balizar negociações em Curitiba

Qualidade da mão de obra e produção recorde do ano passado garantiu lucros
recordes para Volkswagen, Volvo e Renault. Negociações pela PLR começam em
abril

Os trabalhadores metalúrgicos da Grande Curitiba anunciaram em coletiva
agora à tarde, na sede do Sindicato, que os lucros e o crescimento obtidos
em 2011 pelas montadoras vão balizar as negociações salariais e de
Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) em 2012. “Vamos buscar a
equiparação salarial e de PLR no mesmo patamar da lucratividade das
empresas. Para isso , vamos manter o mesmo nível de negociação do ano
passado”, ressaltou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio
Butka.

Calendário de negociações e reivindicações
As negociações neste primeiro semestre começam em abril e serão pela
Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Na Volvo, localizada na Cidade
Industrial de Curitiba,  a reivindicação dos trabalhadores é de  uma PLR
de
no mínimo R$ 18 mil. Na Volkswagen, que fica em São José dos Pinhais (PR),

os metalúrgicos lutarão por uma PLR de R$ 15 mil (a 1º parcela na Volks já
está definida conforme acordo no ano passado, ver abaixo). A Renault já
tem
acordo fechado até 2013.

Em agosto começam as negociações pela Data base das montadoras, que é em
setembro. O índice de reivindicação para o reajuste salarial será de 3%
mais a inflação do período.

Na Volkswagen, o motivo das reivindicações, além de ser para manter a
valorização da mão de obra, são para buscar a equiparação salarial do
trabalhador paranaense com outras plantas da montadora pelo mundo. Os
salários pagos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) chegam a ser 50%
maiores do que os pagos no Paraná. Em compensação, a produção/ trabalhador
é de 60 carros por ano, em São Paulo, esse índice é de 40 carros/
trabalhador. Da mesma forma, o salário pago aos trabalhadores na Alemanha
são 4 vezes maiores do que os pagos no Paraná, mesmo com os metalúrgicos
paranaenses produzindo 60 carros/trabalhador contra 50 carros/trabalhador
naquele país. Mesmo assim, a PLR paga aos alemães em 2011 foi de R$ 17
mil,
enquanto em São José dos Pinhais, foi de apenas R$ 11.500.

Além disso, o Sindicato vai reivindicar  que as  montadoras no Paraná
estejam sempre inovando e lançando novos modelos para manter o nível de
crescimento e produção que vem tendo nos últimos anos, a exemplo do que
vem
acontecendo com a Renault, que obteve no ano passado um crescimento acima
da média do mercado.

O Sindicato pretende manter com a Volvo e a Volkswagen, o mesmo
amadurecimento  de negociação que teve com a Renault no ano passado. O que
possibilitou o fechamento do maior acordo salarial já feito no país.

Crescimento recorde das empresas justificam reivindicações
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores –
Anfavea, em 2011 foram vendidos 3,63 milhões de veículos novos. A produção
também bateu recorde com 4,406 milhões de unidades fabricadas. Da mesma
forma, as montadoras instaladas no país também comemoram já que os lucros
registrados superaram as expectativas. Só para ter uma ideia, segundo
divulgado pelo Banco Central em janeiro último, as remessas de lucros
enviadas para as matrizes no exterior no ano passado chegaram ao montante
recorde de R$ 5,58 bilhões.

No Paraná não foi diferente. Volvo, Volkswagen e Renault, com fábricas
instaladas no estado, também anunciaram lucros recordes em 2011.

Volvo bateu recorde de vendas no país em 2011
A montadora Volvo anunciou que bateu recorde de vendas no país em 2011.  A
empresa, com sede na Cidade Industrial de Curitiba (PR), alcançou 17,1% de
participação no mercado. Considerando as vendas totais, a companhia
comercializou 25.213 caminhões novos da marca na América Latina. Já a
divisão de ônibus vendeu 3.625 unidades na América Latina, um aumento de
153% em relação a 2010. Os dois recordes foram históricos.

O Brasil terminou o ano como o segundo maior mercado para a companhia. Com
os bons resultados de vendas na América Latina e países da Ásia, o lucro
mundial da montadora sueca foi de $ 2,756 bilhões (R$ 4,984 bi) em 2011,
quase o dobro de 2010, quando a empresa teve lucro liquido de $ 1,623
bilhão (R$ 2,936 bilhões).

A fábrica de Curitiba tem 4.200 trabalhadores e uma produção diária de 112
caminhões leves e pesados das marcas Volvo FM, Volvo VM e Volvo FH, que
foi
o caminhão pesado mais vendido do Brasil em 2011, com 8.203 unidades
comercializadas. Além disso, produz diariamente 8 ônibus, além de 99
motores a dieesel. Em julho deste ano a unidade fabril começara a produzir
ônibus híbridos, que são movidos a eletricidade e a diesel.

Em maio de 2011, os trabalhadores da empresa conquistaram uma Participação
nos Lucros e Resultados no valor de R$ 15 mil, a maior do setor privado no
país. A conquista só veio após 3 dias de greve. Já em relação à Data Base
2011 (que tradicionalmente é em setembro), o reajuste salarial veio após
paralisação de duas horas, com os metalúrgicos  tendo um índice de 10,09%
nos salários , além  de um abono de R$ 6 mil e reajuste do vale mercado,
que passou de  R$ 200,00 para R$ 220,18.

Volkswagen dobrou seu lucro em 2011
Na mesma toada da Volvo, a montadora alemã Volkswagen anunciou que seu
lucro mundial em 2011 foi de € 15,409 bilhões (R$ 37,180 bilhões)  ou
seja,
mais que o dobro em relação à 2010, que foi de € 6,835 bilhões (R$ 16,492
bi). 

No Brasil, a Volks bateu recorde com 828.444 unidades produzidas nas 3  
fábricas de veículos que a companhia possui no país, em São Bernardo do
Campo (SP), Taubaté (SP) e  São José dos Pinhais (PR). Além da produção, o
recorde também foi de vendas com 698.400 carros comercializados. A marca
detêm 20,4% do mercado nacional.

A unidade fabril de São José dos Pinhais possui capacidade para produzir
220 mil veículos por ano com uma produção diária de 810 unidades dos
modelos Fox, CrossFox, SpaceFox e Golf. A fábrica possui cerca de 3.500
trabalhadores.

Em junho  de 2011, após greve de 37 dias, a maior de toda a história da
montadora,  os trabalhadores do Paraná conquistaram um pacotão de R$
21.680
em PLR e abono mais 20% de aumento salarial. Só o presidente da Volks,
Thomas Schmall, que divulgou na imprensa, no ano passado, que preferia a
greve a negociar, recebeu uma PLR 2011 no valor de R$ 50 milhões.

A luta dos metalúrgicos da PLR dos metalúrgicos vai ser para fechar a 2º
parcela  já que o valor da 1º parcela será igual a 52% do total pago na
PLR
2011, conforme ficou definido no acordo do ano passado.  

Renault do Brasil cresceu sete vezes mais que média nacional em 2011
A Renault do Brasil registrou em 2011 um crescimento de 21,2%. O resultado
é sete vezes maior do que o registrado pelo mercado nacional, que foi de
2,9%. Para chegar a esse resultado a empresa investiu no aumento da
produção, com a abertura do 3º turno na fábrica, localizada em São José
dos
Pinhais (PR) e também de concessionárias pelo território nacional.

As vendas no país alcançaram novo recorde com 194.300 unidades vendidas
(alta de 34% em relação a 2010), o que   elevou a participação da empresa
no mercado nacional para 5,7 % (alta de 0,9% em relação a 2010), o que fez
com que o Brasil se tornasse o 2º maior mercado da montadora. A produção
foi de 256.200 veículos e  332 mil motores.

A montadora francesa teve lucro mundial de € 2 bilhões (R$ 4,789 bilhões).
Além disso, manteve para investimentos um fluxo de caixa de € 1,08 bilhão
(R$ 2,394 bilhões).

Em agosto do ano passado a montadora anunciou investimento de R$ 1,5
bilhão na fábrica de São José, o que vai fazer com que a capacidade
produtiva da unidade fabril salte dos atuais 220 mil veículos para 320 mil
em 2015. Além de veículos, a Renault do Brasil produz anualmente 380 mil
motores e mais de 10 milhões de peças que alimentam o mercado brasileiro e
argentino. Atualmente, os modelos produzidos são o Novo Renault Sandero,
Novo Sandero Stepway, Sandero Automático, Stepway Automático, Logan e o
Grand Tour.

As exportações representam 41% da produção, tendo como destinos as
fábricas da Renault na Argentina (22%), Colômbia (13%), Romênia e México
(4%).

Em agosto de 2011, os 6 mil trabalhadores diretos  da empresa conquistaram
o maior acordo salarial já feito na história do Brasil:  um pacotão
trienal
que vai render aos trabalhadores R$ 61.500 de PLR mais abono salarial  e
20,19% de aumento real nos salários até 2013. Tudo isso, sem um só dia de
greve.

Veja aqui os detalhes do acordo da Renault
 
- Reajuste salarial
2011: 2,5% de aumento real + 100% do INPC acumulado nos últimos doze
meses, aplicados em setembro
2012: 3% de aumento real + 100% do INPC acumulado nos últimos doze meses,
aplicados em setembro
2013: 3,5% de aumento real + 100% do INPC acumulado nos últimos doze
meses, aplicados em setembro
 
- Abono salarial
2011: R$ 5 mil (para setembro de 2011)
2012: R$ 5 mil + INPC dos últimos doze meses + 3% de aumento real = R$
5.500* (para setembro 2012)
2013: R$ 5.500 + INPC dos últimos doze meses + 3,5% de aumento real  = R$
6 mil* (para setembro de 2013
* estimativa Dieese
 
- Participação nos Lucros e Resultados
2012: R$ 15 mil para 100% das metas (1ª parcela de R$ 7.500 para maio de
2012 e 2ª conforme metas, paga em fevereiro de 2013)
2013: R$ 18 mil (1ª parcela de R$ 9 mil para maio de 2013 e 2ª parcela
conforme metas, paga em fevereiro de 2014)
 
- Plano de Cargos e Salários
- Reajuste de 10% na 1ª faixa salarial, que vai beneficiar 80% dos
trabalhadores da fábrica
- reajuste de 5% nas demais faixas

Só abono e PLR injetam R$ 485,2 milhões na economia do Paraná em 2011
Com os acordos fechados nas montadoras pelos metalúrgicos da Grande
Curitiba no ano passado, somente de PLR e abono serão injetados até 2013
na
economia do estado a quantia de R$ 485,2 milhões.

www.simec.com.br
Enviado pelo economista Roberto Anacleto.

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