terça-feira, 13 de março de 2012

Pauta para debate entre 'desenvolvimentistas de esquerda'

Eliminando, sumariamente, a possibilidade que a crítica do professor da UFRJ, José Luís Fiori, no artigo sobre o desenvolvimentismo de esquerda”, tenha sido mera “querelle d’ecoles”, ou seja, reação intempestiva diante de suposto receio de “retomada da hegemonia” por parte de “economistas menores” da Unicamp, e examinando-a de maneira construtiva, ela remete a pauta de debate interessante.

(*) Publicado originalmente no blog de Fernando Nogueira da Costa em 09/03/2012.

Eliminando, sumariamente, a possibilidade que a crítica do professor da UFRJ, José Luís Fiori e “O Desenvolvimentismo de Esquerda”, publicada no Valor (29/02/12), tenha sido mera “querelle d’ecoles”, ou seja, reação intempestiva diante de suposto receio de “retomada da hegemonia” por parte de “economistas menores” da UNICAMP, e examinando-a de maneira construtiva, ela remete a pauta de debate interessante:

1. O que é ser “desenvolvimentista”? Mudou sua caracterização ao longo da história brasileira?

2. O que é ser “de esquerda”? Adotar, simplesmente, o rótulo de marxista ou socialista, ou buscar a proteção social contra a competição baseada em exacerbação da desigualdade?

3. Cabe determinada Universidade ou Instituição de Ensino adotar algum critério seletivo ideológico de seu corpo docente?

4. Qual é o papel do intelectual hoje: é o mesmo do intelectual orgânico classista a la Grasmci?

5. Os professores universitários, assim como outros trabalhadores intelectuais, são intelectuais produtores de nova moral ou cultura?

6. É possível, fisicamente, além de fazer pesquisa inédita, dar conta de todas as tarefas dedicadas à docência em universidades massificadas: aulas em todos os dias, orientações, bancas julgadoras, pareceres, etc.?

7. Dada essa maior demanda social por Docência do que por Pesquisa, a formação de quadros profissionais qualificados, naturalmente, não ganhou maior peso na atividade acadêmica?

8. Ensaio marxista com visão sistêmica sobre o capitalismo não foi superado em importância por pesquisas teóricas ou setoriais especializadas em busca de conhecimento novo?

9. O debate entre “a esquerda” e “os desenvolvimentistas” não ficou prejudicado por ocorrer entre generalistas e especialistas?

10. A criação da RedeD, rede virtual entre desenvolvimentistas de diversas Escolas e Países, não possibilitará, senão “mobilização social”, pelo menos acesso universal ao debate não-presencial?

11. Quanto à crítica de “nenhuma capacidade de mobilização social”, é de se desprezar, por exemplo, as milhares de visitas recebidas em sites e blogs?

12. Rede virtual não tem potencial de atingir público-alvo com maior abrangência geográfica e produzir maior reflexão do que ocorria nas reuniões de poucos militantes de vanguarda no passado?

13. Para reuniões e/ou seminários presenciais, seria melhor investir logo em instituição com estrutura permanente, em determinado local, espécie da “Casa das Garças” desenvolvimentista?

14. Quanto ao “horizonte utópico“, que o professor José Luís Fiori cobra dos que querem se assumir como “desenvolvimentistas de esquerda”, o humor, o caráter assistemático e o estilo telegráfico utilizados Oswald de Andrade para dar forma a seu ideário antropofágico, coerente com sua aversão ao discurso lógico-linear herdado da colonização europeia, adotados no Manifesto da Tropicalização Antropofágica Miscigenada, não contém Sonho (real), Alternativa (possível) e Utopia (necessária)?

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