terça-feira, 17 de abril de 2012

Desindustrialização


Por Carlos Vicente de Oliveira
O governo tomou medidas paliativas para tentar reverter a atual situação do parque industrial brasileiro porque a desindustrialização é um processo crescente no Brasil. Contudo, existem alguns ingredientes que não podem simplesmente margear a proposta do governo: a maior taxa de juros do mundo, taxa de câmbio que impõe um valor artificial aos nossos produtos no mercado mundial, gastos excessivos do governo, carga tributária e corrupção.
É difícil imaginar que um problema tão complexo se resolverá com uma canetada do governo.
Assim, o que temos é uma colcha de retalhos que produzirá efeitos imediatos positivos na economia, mas que não se sustentarão em longo prazo. No Brasil, se paga imposto sobre o investimento, produção, distribuição e consumidor final.
Portanto, temos urgência de realizarmos uma reforma tributária e uma política industrial sólida, com parâmetros definidos pelo trabalhadores, governo e patrões a partir do crescimento do PIB, respeitando cada setor da nossa economia. Caso contrário, continuaremos assistindo um PIB positivo no conjunto da economia brasileira, que produz uma ficção anestesiante, ocultando uma corrosão progressiva na nossa capacidade industrial.
A choradeira da indústria é real e os trabalhadores estão perdendo seus empregos. O difícil é convencer a sociedade que ainda avalia o seu consumo pelo aspecto do mais barato. Diversos produtos importados estão entrando no País, sem que gere na sua produção um único emprego aqui no Brasil. “A tendência é a alta do desemprego e a consequente queda da renda.”
É preciso entender que as baixas taxas de desemprego no País escondem dados importantes. Estamos vivendo um boom de investimentos na construção civil, o comércio tem crescido acima da média e o setor de serviços também. Entretanto, estes empregos fazem parte da base da pirâmide ocupacional do País. As empresas não estão encontrando profissionais no mercado com maior exigência de conhecimento, o que está ocasionando uma galopante importação de mão de obra.
Não podemos nos esquecer de que estamos diante da iminência de dois grandes eventos que ocorrerão no País: Copa do Mundo e Olimpíadas. Tais eventos exigem altos investimos em infraestrutura e construção civil pesada, o que impacta no PIB e na geração de postos de trabalhos. Mas o que fazer após a sazonalidade?
Temos que aproveitar o bom momento para investirmos em educação, criarmos escolas de alunos notáveis, restabelecermos a dignidade da função professoral, investir em intercâmbio de alunos, investir em escolas técnicas e erradicar o analfabetismo. Contudo, estes investimentos precisam ser monitorados através de metas e resultados e punição sistemática da corrupção.
A desindustrialização pode ser apenas a ponta de um iceberg para a solução de um todo, mas também pode ser o prenúncio de um naufrágio anunciado.
Carlos Vicente de Oliveira (Carlão) é presidente do Sindeeia

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