sábado, 7 de julho de 2012

Está ficando difícil falar mal do BC


sex, 06/07/12
por Thais Herédia |


Mais uma surpresa. A inflação de junho veio baixa, baixinha, menor do que o mercado esperava. O IPCA do mês passado, calculado e divulgado pelo IBGE, foi de 0,08%; a média das expectativas era de 0,15%.
A responsabilidade pelo resultado está dividida entre quatro atores principais: as ações do BC, as medidas do governo, via Ministério da Fazenda, o preço das commodities no mercado internacional e a crise externa.
Assim, em cima do acontecimento, fica difícil medir o peso exato de cada um deles no comportamento da inflação. Mas é possível tentar. O banco Credit Suisse, num estudo divulgado a clientes, coloca a redução dos preços dos produtos que exportamos, as commodities, em primeiro da lista.
Para o banco suíço, a crise externa, que está levando o mundo para um crescimento mais baixo nos quatro cantos do planeta, também tem contribuição mais importante que a política de juros e os estimulos do governo brasileiro.  Crescendo menos, consome-se menos, produz-se menos, os preços caem, lógica básica da economia.
O próprio BC reconheceu, no último relatório trimestral de inflação, que o peso das políticas adotadas em casa pode ser menor no curto prazo. A justificativa é uma defasagem natural no efeito das medidas na economia real. Quando reduz um imposto, como fez com o IPI pelos carros – apontado como motor da queda da inflação em junho – até que o imposto menor gere queda nos preços dos produtos, pode levar tempo. No caso específico dos carros, o efeito foi mais rápido porque as fábricas estavam com pátios lotados, era preciso desovar os estoques.
A mesma coisa com os juros, que podem levar de 6 a 9 meses para chegar na “vida real”. O BC vem baixando os juros desde agosto do ano passado. E vai continuar fazendo isso, já que a economia não reage e pode crescer menos de 2% esse ano. Ao ver a inflação se comportando como quer, o BC corre menos riscos para cumprir a meta deste ano e reafirma seus diagnósticos sobre o que está acontecendo no quartel de Abrantes, que já não está como antes.
Depois da chuvarada de críticas e questionamentos, o BC tem ouvido menos ruído e reclamações. Aos poucos o mercado anda convergindo com a visão de Alexandre Tombini, presidente do BC. Podem até continuar não gostando dele ou discordando de sua estratégia. Mas vai ficar mais difícil falar mal do BC de Dilma Rousseff se ele terminar 2012 com a inflação controlada e os juros mais baixos da história do Brasil.

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