quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Viva São Paulo

Viva São Paulo
João Franzin
Conheci São Paulo em 1972. Na época, vivia numa cidade com 10 mil habitantes. Conheci, gostei. Pensei: um dia, vou morar aqui. Em 1976, já morando em Americana (com 120 mil habitantes), decidi me mudar pra Capital. Morei aqui, trabalhei no Interior, mas nunca fechei minha quitinete na Major Sertório; depois, na Maria Antonia.
Hoje, sou paulistano, porque firmei raízes profissionais, familiares e sociais na Paulicéia. Daqui, só saio se for para viver em Paris. Como isso nunca vai acontecer, é certo que ficarei por aqui mesmo. E feliz.
Por que gostei, gosto e sempre gostarei de São Paulo? Algumas histórias:
. Em 1976, aos 20 anos, mesmo vivendo na Baixada do Glicério, conseguiu fazer amizade com gente de todas as classes e etnias cidade afora. Diferentemente do Interior, as gurias paulistanas (as balzaquianas, também) não te escolhiam pela origem social ou posses. Chamo isso de civilização.
. Meu primeiro trabalho (no Cambuci) foi numa metalúrgica. O chefe do Pessoal, ao me contratar, alegou: - “Escolhi você porque é do Interior e estuda. Gosto de gente que quer progredir na vida”. Saí de lá pra estagiar na Folha de S.Paulo (na revisão). Fui eleito para o Conselho de Representantes da Redação; participei da greve de maio de 1979, derrotada pelos patrões.
Sábado último, dia 18. Almocei no Satori, macrobiótico da Liberdade. Mesa coletiva, quatro pessoas: eu, jornalista; um engenheiro; uma atriz; um diretor de teatro e professor. O diretor, que assiste ao Câmera Aberta Sindical, comentou o programa da quarta (15) com três ex-ministros do Trabalho.
Domingo, 19. Final da noite, reencontro velho amigo, engenheiro, numa pizzaria perto de casa. Experiente em gestão pública, mas engenheiro de produção, ele me deu uma aula grátis sobre taylorismo, fordismo e toyotismo. Comentamos, também, o grande livro “Esporte mata”, do dr. José Roys.
Generosidade - Nos últimos sete anos, enfrentei graves problemas de saúde. Fui atendido com extrema generosidade por médicos como o dr. Davi Neto e Tuffic Mattar (agora, aos 91, bem debilitado). Recebi apoio (e não só moral, o que já conta muito) de inúmeras pessoas, algumas que mal conhecia. Portanto, generosidade e São Paulo, para mim, são sinônimos.
Código - Toda cidade tem seus códigos, uma espécie de lei não escrita que precisamos conhecer e respeitar. É o que procuro fazer quando ando de madrugada, sozinho, pelo Centro, cruzando com todo tipo de gente. Não concebo a ideia de viver numa cidade onde precise pedir licença pra circular.
Anos atrás, o PCC desfechou forte ataque em toda a Grande São Paulo. Muitos se recolheram. Fiz o contrário, até porque aquela guerra não era minha. Lá pelas 11 da noite fui até o Gigetto jantar meu espaguete à putanesca.
Viva são Paulo!
João Franzin é jornalista da Agência Sindical

Nenhum comentário:

Postar um comentário