sexta-feira, 26 de abril de 2013

Eliminar doenças e acidentes de trabalho é a principal bandeira de luta do Movida

Ato Público realizado em Criciúma, no dia 25, reuniu mais de mil manifestantes
Mais de mil trabalhadores, muitos deles vítimas de doenças e acidentes de trabalho, participaram neste dia 25 de abril, em Criciúma, do Ato Público promovido pelo Movida (Movimento em Defesa da Vida, Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora Catarinense). Reduzir os acidentes de trabalho em Santa Catarina em pelo menos 30%, até 2014, é a meta específica do Movida e que está escrita na Carta Denúncia entregue ao Centro Empresarial de Criciúma (Acic) e à agência do INSS local. Santa Catarina ocupa o primeiro lugar no ranking de nacional de acidentes de trabalho por população, ou seja, de cada mil trabalhadores 7,6 já sofreram acidente de trabalho. "Queremos trabalhar para viver, não para morrer", adverte o presidente da Fetiesc (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina), Idemar Antônio Martini, lembrando a principal bandeira de luta do Movida, movimento criado há 10 anos e integrado, além da Fetiesc, por Centrais de Trabalhadores, entidades sindicais e órgãos de Saúde, no estado. O 10º Ato Público do Movida "consolidou uma trajetória de luta em defesa da saúde, segurança e qualidade de vida da classe trabalhadora", reforçou Martini.
Os manifestantes realizaram uma passeata, de quatro quilômetros, às 14 horas, passando pela Avenida Centenário e principais ruas centrais de Criciúma, sendo recepcionados com aplausos pela população. Muitos motoristas também buzinavam, em sinal de solidariedade ao Movimento enquanto, no carro de som, a organização do Ato Público gritava as palavras de ordem e reivindicações prioritárias da classe trabalhadora: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, do assédio moral e sexual no trabalho, das Lesões por Esforços Repetitivos (LER), implantação de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) e que tenham um trabalho efetivo de prevenção, implantação do Plano Nacional do Trabalho Decente, no estado, entre outras. "Lutamos pelo direito a um emprego digno, num ambiente de trabalho humano, seguro e saudável", reforça o assessor de Formação da Fetiesc e um dos idealizadores do Movida, professor Sabino Bussanello. A passeata passou ainda na frente da agência da Previdência Social e, ao final, os manifestantes se concentraram na praça Nereu Ramos, onde todas as entidades integrantes do Movida puderam se manifestar.
Manifestações pela vida
"Foram dois meses de organização desse Ato Público, realizado pela primeira vez no sul do estado e ficamos muito satisfeitos", avaliou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Químicos de Criciúma e Região, Carlos De Cordes, um dos coordenadores do evento, juntamente com a Regional Sul da CUT e do Fórum Regional Sul de Saúde do Trabalhador. Representantes de deputados estaduais e federais, a deputada Ângela Albino (PCdoB) e dirigentes das centrais sindicais também se manifestaram. "Parabéns a vocês que não desistem da luta", disse Ângela Albino. Já o presidente da UGT/SC, Waldemar Schulz, lembrou da importância da unidade das centrais sindicais, e o presidente da Nova Centreal (NCST/SC), Altamiro Perdoná, destacou que "o movimento sindical não luta apenas por salário, mas também luta pela vida". A representante da CUT, no Ato Público, Bárbara Teixeira Righetto, resgatou a história do 1º de maio, Dia Internacional do trabalhador: "Muitos trabalhadores morreram para que tivéssemos as conquistas de hoje".
O marceneiro Paulo de Matos está com 54 anos, tem 30 anos de profissão e confessa que não sabia que existia o dia em memória das vítimas de doenças e acidentes de trabalho, celebrado em 28 de abril: "Esse é um problema gravíssimo, principalmente em Criciúma, onde temos muitos trabalhadores mineiros que são vítimas das más condições de trabalho. Vocês estão de parabéns pela iniciativa", disse o trabalhador. O coordenador do Fórum de Saúde do Trabalhador, Júlio Cezar Zavadil, destacou a conscientização e a visibilidade do Movida: "Estamos aqui para denunciar a falta de políticas públicas em saúde do trabalhador, para aconselhar aos trabalhadores para que não aceitem metas abusivas de produção, para que lutem conosco por melhores condições de vida". A professora Rindalta das Graças de Oliveira integra a Associação dos Deficientes Físicos de Criciúma e também defende que o Estado formule políticas públicas em Saúde do Trabalhador. Vítima de acidente de trabalho, Rindalta teve que fazer 18 cirurgias nas duas pernas fraturadas no acidente: "Faço tratamento porque vou à luta, se dependesse do Estado não sei o que seria de mim". 

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