quarta-feira, 12 de junho de 2013

Globalização e Desnacionalização


 

Juliano G. Goularti

 

 

            Com o processo de aprofundamento da globalização no início da década de noventa, a indústria nacional viu-se obrigada a realizar um conjunto de ajustes para não perder competitividade no cenário nacional e internacional. Nesse contexto, grande parte das empresas públicas constituídas nas décadas de quarenta a setenta foram privatizadas. Além da privatização, houve um processo de desnacionalização da indústria nacional que se acentuou na última década.

Sob a doutrina neoliberal, o “Estado Nacional Desenvolvimentista” construído na década de setenta foi desmontado. Com seu desmonte, propagaram-se as livres forças de mercado como um “tipo ideal” Smithiano para a propagação dos negócios. Sem uma política de Estado que protegesse a economia nacional da agressividade dos capitais estrangeiros, a indústria brasileira aos poucos foi sendo desmantelada. Aquelas que não foram vendidas viram-se obrigada a abrirem seus capitais.

Como um processo sem volta, a globalização tomou a indústria nacional por assalto. No que tange às indústrias de capital nacional, segundo a empresa de consultoria KPMG Corporate Finance, somente em 2012 houve 816 operações de fusões e aquisições que envolveram direta ou indiretamente empresas brasileiras. As vendas de empresas brasileiras bateram recorde em 2012, com 208 empresas nacionais passando para controle estrangeiro. Desde 2004, foram 1.296 empresas transferidas para controle de empresas estrangeiras. Não bastasse, a compra das empresas nacionais pelo capital estrangeiro é financiada com recursos públicos.

Dito isso, entendo que desnacionalizar a economia traz um conjunto de fatores negativos. Primeiro, significa enfraquecer o parque nacional. Segundo, prejudica a competitividade de nossa indústria. Terceiro, o compromisso do capital estrangeiro é com seu país de origem. Quarto, a aquisição das empresas brasileiras não significa transferência de tecnologia.

Por fim, é preciso criar mecanismos para frear o processo de desnacionalização da economia nacional e pensar com nossas próprias cabeças num projeto de desenvolvimento autônomo. Do contrário, continuaremos presos aos grilhões da dependência, como subordinados ao desenvolvimento das estratégias das multinacionais.

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