Juliano G. Goularti
Com
o processo de aprofundamento da globalização no início da década de
noventa, a indústria nacional viu-se obrigada a realizar um conjunto de
ajustes para não perder competitividade no cenário nacional e
internacional. Nesse contexto, grande parte das empresas públicas
constituídas nas décadas de quarenta a setenta foram privatizadas. Além
da privatização, houve um processo de desnacionalização da indústria
nacional que se acentuou na última década.
Sob
a doutrina neoliberal, o “Estado Nacional Desenvolvimentista”
construído na década de setenta foi desmontado. Com seu desmonte,
propagaram-se as livres forças de mercado como um “tipo ideal” Smithiano
para a propagação dos negócios. Sem uma política de Estado que
protegesse a economia nacional da agressividade dos capitais
estrangeiros, a indústria brasileira aos poucos foi sendo desmantelada.
Aquelas que não foram vendidas viram-se obrigada a abrirem seus
capitais.
Como
um processo sem volta, a globalização tomou a indústria nacional por
assalto. No que tange às indústrias de capital nacional, segundo a
empresa de consultoria KPMG Corporate Finance, somente em 2012 houve 816 operações de fusões e aquisições que envolveram direta ou indiretamente empresas brasileiras. As
vendas de empresas brasileiras bateram recorde em 2012, com 208
empresas nacionais passando para controle estrangeiro. Desde 2004, foram
1.296 empresas transferidas para controle de empresas estrangeiras. Não
bastasse, a compra das empresas nacionais pelo capital estrangeiro é
financiada com recursos públicos.
Dito
isso, entendo que desnacionalizar a economia traz um conjunto de
fatores negativos. Primeiro, significa enfraquecer o parque nacional.
Segundo, prejudica a competitividade de nossa indústria. Terceiro, o
compromisso do capital estrangeiro é com seu país de origem. Quarto, a
aquisição das empresas brasileiras não significa transferência de
tecnologia.
Por
fim, é preciso criar mecanismos para frear o processo de
desnacionalização da economia nacional e pensar com nossas próprias
cabeças num projeto de desenvolvimento autônomo. Do contrário,
continuaremos presos aos grilhões da dependência, como subordinados ao
desenvolvimento das estratégias das multinacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário