sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Exército brasileiro precisa de R$ 58 bilhões até 2030

Por Roberto Godoy, no "Estadão"

"O Exército Brasileiro tem sete projetos estratégicos e precisa investir neles cerca de R$58,2 bilhões ao longo dos próximos 16 anos - até 2030, se tudo correr bem. É um problema. O governo, que até junho havia liberado apenas 50% do valor previsto para as aplicações deste ano, reteve, ainda, todas as dotações incluídas em emendas parlamentares.

Em maio, a equipe econômica cortou R$ 3,67 bilhões dos recursos destinados ao Ministério da Defesa e de novo em julho aparou mais R$ 919,4 milhões. O Ministro Celso Amorim alertou a presidente Dilma Rousseff para o risco de paralisação nos programas prioritários das três Forças - Exército, Marinha e Aeronáutica. Na saída, levava na pasta a promessa da liberação de R$ 400 milhões. Compromisso sem data.

 Uma saída seria a inclusão do pacote de projetos no PAC, onde duas iniciativas da Defesa já estão abrigadas, o desenvolvimento do cargueiro militar da Embraer, o KC-390, e a produção, em todas as fases, de quatro submarinos avançados - de propulsão diesel-elétrica - mais o primeiro modelo nuclear. Consultado pelo Estado, o Ministério do Planejamento e Gestão informou que também o sistema "Astros 2020" e o blindado "Guarani" estavam fora do contingenciamento. Não é verdade, garante fonte do Exército. Os dois programas não foram incluídos no PAC em 2013. 

O projeto mais ambicioso do conjunto da Força Terrestre é o SISFRON, muralha eletrônica de 17 mil km integrando estações digitais, radares terrestres e unidades militares dotadas de recursos avançados. O SISFRON começou sólido. A etapa piloto da primeira fase vai ser feita depressa, ficará pronta já em 2015 e cobre 650 quilômetros na divisa do Brasil com o Paraguai e a Bolívia, em Mato Grosso do Sul. "Vai custar R$ 839 milhões e isso significa apenas 6,99% do total do plano. É muito", diz Luiz Aguiar, presidente da empresa "Embraer Defesa e Segurança", contratada para executar o plano. A faixa total controlada pelo projeto tem 150,5 km de largura e se estende como um corredor. "É o maior empreendimento do gênero em execução no planeta", diz o Ministro da Defesa, Celso Amorim.

De fato. Visto em conjunto com o SIPAM, escudo de vigilância da Amazônia, inaugurado em 2002, o SISFRON abrange o equivalente à porção ocidental da Europa - e mais um pouco. O pacote pretende controlar 30% do território nacional, no espaço que separa o Brasil de 11 de seus vizinhos. 

Segundo Marcus Tollendal, o presidente da "Savis" (empresa da Embraer responsável pelo projeto), em dez anos, o SISFRON vai se expandir e atingirá a Amazônia e o cone Sul. Segundo ele, há nessas áreas uma "mancha criminal" associada a um "vazio populacional" e à menor presença do Estado.

Mas, no momento, há certa apreensão. Em audiência pública da "Comissão das Relações Exteriores e Defesa Nacional" do Senado em 22 de agosto, o general Antonino Guerra Neto, do "Centro de Guerra Eletrônica", afirmou que, mantidos os recursos no patamar previsto para 2014, o programa só vai ficar pronto em 2074, "quando será, a rigor, quase inócuo".

Megaeventos

Em outra ponta da lista de programas da primeira fila, os sistemas de defesa antiaérea, uma exigência da equipe mundial da organização dos eventos como a Copa e a Olimpíada, avançaram. Na semana passada, Amorim autorizou a abertura do processo de negociação para a compra de três baterias do "Pantsir S1", moderno sistema russo de artilharia antiaérea, e duas outras do "Igla-S.9K38", a versão mais recente do míssil leve disparado do ombro de um soldado. O negócio pode chegar a € 800 milhões. O "9K38" tem alcance de 6 km, é mais pesado que as séries anteriores; usa sensor de localização de alvos de eficiência expandida e é mais resistente à interferência eletrônica de despistamento. 



Pantsir S1
                                                                         Igla 9k38

A operação é conduzida pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi. O processo montado pelo oficial prevê a aquisição de três baterias do "Pantsir S1", combinação de mísseis terra-ar com alcance de 20 km e 15 km de altitude, mais dois canhões duplos, de 30 mm. As baterias transportam 12 mísseis "57E6". O radar de detecção atua em um raio de 36,5 km e pode localizar dez alvos por minuto. Cada uma das Forças receberá uma bateria "Pantsir". "A melhor parte de todo o processo é que os russos aceitaram a demanda brasileira de que haja irrestrita transferência de tecnologia", diz De Nardi. Há três empresas nacionais envolvidas no esquema: Avibrás Aeroespacial, Mectron e Orbisat. "

FONTE: escrito por Roberto Godoy, no "Estadão". Transcrito no site  "DefesaNet"  (
http://www.defesanet.com.br/defesa/noticia/12152/Exercito-precisa-de-R$-58-bilhoes-ate-2030-/).

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