sábado, 30 de novembro de 2013

João e Maria - Brasil, país de gigantes

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Canto das três raças - Brasil, país de gigantes

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O mundo é um moinho - Brasil, país de gigantes

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As rosas não falam - Brasil, país de gigantes

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Ellen Oléria - Haiti

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Ellen Oléria - Zumbi

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Pesquisa mostra que 56% dos homens já foram agressivos com a companheira



Flávia Albuquerque - Agência Brasil - 29.11.2013 - 14h50 | Atualizado em 29.11.2013 - 15h48

Violência contra a mulher
A pesquisa mostrou ainda que 16% dos entrevistados admitem já ter sido agressivos com a companheira. Mas quando listada uma série de atitudes consideradas violentas, é que se chega ao resultado de 56% deles admitindo terem sido agressivos.

São Paulo - Uma pesquisa elaborada pelo Data Popular a pedido do Instituto Avon revelou que 56% dos homens já tiveram atitudes que caracterizam violência doméstica contra suas parceiras. De acordo com a pesquisa “Percepções dos Homens Sobre a Violência Doméstica contra a Mulher”, divulgada hoje (29), na capital paulista 41% dos brasileiros conhecem pelo menos um homem que tenha sido violento com sua parceira. Para fazer a pesquisa foram entrevistados 995 homens e 505 mulheres a partir de 16 anos em 50 municípios das cinco regiões do país.

A pesquisa mostrou ainda que 16% dos entrevistados admitem já ter sido agressivos com a companheira. Mas quando listada uma série de atitudes consideradas violentas, é que se chega ao resultado de 56% deles admitindo terem sido agressivos. Entre os itens apontados estão: xingou, empurrou, ameaçou com palavras, deu um tapa, um soco, impediu de sair de casa, arremessou algum tipo de objeto, humilhou em público,obrigou a fazer sexo sem vontade e ameaçou com arma.

Segundo o estudo 53% dos homens entram no casamento com expectativa de felicidade, mas a mesma porcentagem atribui à mulher a responsabilidade pelo sucesso da união. Ainda dentro das expectativas 85% acham inaceitável a mulher ficar alcoolizada 69% não concordam que ela saia com amigos sem sua companhia e 46% consideram inaceitável o uso de roupas justas e decotadas.

O estudo indicou também que a mulher ainda é vista como responsável pelo trabalho doméstico, já que 89% não aceitam que a mulher não mantenha a casa em ordem. Em outro aspecto a pesquisa constatou que 29% dos entrevistados acreditam que o homem só bate porque a mulher provoca e 23% batem porque só assim a mulher "cala a boca", além de que 12% acha que têm razão em bater na mulher caso ela os traia.

De acordo com o estudo o ambiente na infância pode ser o fator influente no comportamento do homem adulto 67% dos agressores presenciaram discussões dos pais quando crianças, enquanto entre os não agressores esse número cai para 47%. Entre os agressores 21% viram violência física e entre os não agressores esse índice cai para 9%.

Quando questionados sobre a Lei Maria da Penha 92% dos homens se disseram favoráveis, mas 35% afirmaram que a desconhecem parcial ou totalmente. A maioria dos homens não entende que a lei atua para diminuir a desigualdade de gênero. Para  37%  as mulheres desrespeitam mais os homens por causa da lei e 81% defendem que os homens também deveriam ser protegidos pela lei.

O presidente da Avon, David Legher observou que a pesquisa mostrou que a sociedade ainda está muito longe de poder dizer que a violência doméstica não existe. Segundo ele a ideia de ouvir homens nesta edição da pesquisa que é feita desde 2009, veio para sentir as impressões do gênero sobre o tema e o resultado impressionou. "No Brasil a cada quatro minutos uma mulher é vítima de violência doméstica e a cada minuto uma morre em função disso. Temos que erradicar esse comportamento da sociedade. A pesquisa mostra que a mulher acha normal que isto aconteça. O primeiro passo é a mulher acordar desta situação. Tem que perceber e contar esta história para alguém", ressaltou.

A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, destacou que o poder público não tem condições de enfrentar esta realidade sozinho e para acabar com a violência contra as mulheres é necessário que os movimentos sociais e empresas participem. “As parcerias com empresas e movimentos sociais são uma determinação do Governo Federal. Temos que aproveitar e transformar isto em políticas pública, porque neste momento se  reconhece a existência do fenômeno. E estas políticas públicas devem reverter de fato estes dados”.

O fato de muitas atitudes violentas serem consideradas normais pelos homens e nem serem lembradas por eles é cultural e patriarcal, como se fizesse parte do contrato do casamento. Eleonora lembrou que até dez anos atrás as feministas ficavam isoladas sem conseguir mostrar essa realidade. “No governo de Luiz Inácio Lula da Silva as políticas ficaram mais sérias e punitivas. O machismo existe e temos que mudar essa sociedade sexista. Nas novas gerações já há mudanças de comportamento”.

A ministra disse não ver muitas mudanças entre os homens adultos. “Depende do meio em que vive, a cultura em que está envolvido, mas acredito que estamos no caminho certo porque a sociedade está inteiramente mobilizada. Esta mudança de mentalidade é para mim os maiores desafios. Devem ser feitas campanhas acesso maior das mulheres à informação, acolhimento maior e julgamentos exemplares”, explicou.

A POLÍTICA CRIMINOSA DO BLOQUEIO A CUBA


Cuba sofre o mais longo cerco econômico, comercial e financeiro da história.

“A maioria dos cidadãos cubanos nasceu sob as punições e ressalvas que o bloqueio exercido durante mais de meio século pelos Estados Unidos reserva aos moradores da vizinha e pequena ilha. Resulta o mais longo cerco econômico, comercial e financeiro da história, assegurado por leis e disposições [norte-americanas, mas condenado pela comunidade internacional].

Por Orlando Oramas León, na “Prensa Latina”

CUBA LIBRE

São os [ridículos e criminosos] itens ["jurídicos"] seguidos pelas autoridades da potência do norte, perseguindo e punindo nem só ao povo de Cuba, senão também aos cidadãos, empresas e interesses de terceiras nações.

É extraterritorial, mas, além disso, é criminoso, por quanto seu propósito principal é submeter por fome, doenças e carências a população humana toda.

Fato cotidiano para os cubanos, não por se terem acostumados a viver sob seus efeitos, mas sim por terem vencido a situação e por terem ainda se colocado por cima de todas suas penalidades, desde o desumano até o ridículo.

Não se livram os meninos com cardiopatias, também não se livram os doentes do HIV-AIDS, nem e os acadêmicos e artistas, nem esportistas, quer dizer, o conjunto da sociedade do país caribenho.

O bloqueio torna impossível a vida dos cubanos e, para isso, obsta as compras do país, medicamentos, instrumentos e outros insumos do sistema de saúde pública.

Por esse conceito, entre maio de 2012 e abril de 2013 um país de limitados recursos como Cuba teve de designar 39 milhões de dólares na aquisição desses produtos vitais para a vida de seus moradores em mercados longínquos ou através de intermediários.

Mas, há ainda mais. Os especialistas cubanos de saúde defrontam dificuldades para seu treino em técnicas de atendimento médico.

Acontece a mesma coisa com os equipamentos de imagens médicas controlados ou apoiados no sistema operacional Windows XP de 64 bits. A sua ativação em Cuba não é possível, devido ao bloqueio.

Especialistas do “Instituto Nacional de Oncologia e Radio biologia” foram proibidos de participarem da oficina do “Sistema LabWare-LIMS”, celebrado na Colômbia, sob o pretexto de que a empresa norte-americana “LabWare”, patrocinadora do evento, não podia tratar assuntos com Cuba.

Também o “Centro Nacional de Genética Médica” está no alvo das atenções do “Escritório de Ativos Estrangeiros” (OFAC) do Congresso [dos EUA], uma das principais mãos executivas da política norte-americana de isolamento contra o vizinho país.

O Centro segue sem a aquisição de um Analisador Genético, produzido apenas por companhias norte-americanas como a “Applied Biosystems”, da “Life Technologies”.

O “Instituto Nacional da Gastrenterologia”, no central bairro do Vedado, em Havana, precisa de equipamento de radiofrequência. Trata-se de equipamento que, no nosso continente, comercializa a empresa “Olympus Latin America Inc.” Mas, é tecnologia norte-americana e, portanto, os pacientes cubanos não podem usá-la.

Meninos da ilha, mas, também de outros países salvaram suas vidas no “Cardiocentro Pediátrico William Soler", de Havana. Mas, essa emblemática instituição defronta sérias dificuldades para adquirir óxido nítrico, gás fabricado por companhias americanas e europeias.

Seu uso terapêutico, inalado, fundamenta-se em sua capacidade para obter vasodilatação pulmonar potente e sustentada sem reduzir o tom vascular sistêmico de modo significativo.

"Por seu efeito potente, esse gás é utilizado para tratar as crises de hipertensão pulmonar que se apresentam no pós-operatório da cirurgia cardiotorácica pediátrica, complicação que pode causar a morte ao paciente, apesar da boa efetividade da cirurgia". É a opinião da doutora Herminia Palenzuela, responsável pelo programa de qualidade do referido hospital.

Por se tratar de gás com características especiais, não se pode deslocar de avião, e seu transporte em navio requer um conjunto de precauções, explicou.

"Se torna difícil garantir deslocamento em navio desde países longínquos. Além disso, necessitaríamos fornecimento estável, porque se trata de pacientes com cardiopatias críticas que não podem ficar à espera".

"Pela distância curta que existe entre Cuba e os Estados Unidos, caso pudéssemos adquiri-lo lá, existiria fluxo constante, mas, não temos acesso", disse à imprensa local.

Palenzuela, também professora consultora, referiu que a presença de hipertensão pulmonar persistente depois de operado o paciente ou da aparição de crises de hipertensão pulmonar agudas, é observada com frequência em meninos recém-nascidos e lactantes pequenos.

Outra das limitações do bloqueio [norte-americano] que afeta a cardiologia pediátrica em Cuba é a impossibilidade de acessar ao “Sevoflurane”, o melhor anestésico pediátrico para a cirurgia cardiovascular e que apenas é produzido nos Estados Unidos.

Do mesmo jeito, o Instituto de Nefrologia confronta dificuldades com a não-disponibilidade de kits para transtornos tissulares HLA, produzidos pela firma de origem norte-americana “One Lambda”, que interdita sua venda a Cuba. Tal proibição não cessa, mesmo diante do fato de esse produto ser fundamental para impedir o fenômeno da rejeição nos transplantes ou no enxerto contra o receptor, segundo critérios de compatibilidade.

Os pacientes com o HIV da maior ilha das Antilhas são discriminados e tratados como "inimigos", pois são impedidos de receber as combinações de antirretrovirais que inserem “Tenofovir” da firma “Gilead”.

É comprida a listagem das consequências do bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba, contidas no relatório que já circula na Assembleia Geral da ONU. Será um glossário de perdas e punições que sofre um país pequeno, em vias de desenvolvimento, mas, sobretudo, é a demonstração de política criminosa que põe em perigo a vida de toda uma nação.”

FONTE: escrito por Orlando Oramas León e publicado na “Prensa Latina”. O autor é Editor Chefe da Redação Nacional da “Prensa Latina”. Transcrito no portal "Vermelho"   (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=230420&id_secao=7 

Transcrito do blo Democracia e Política

Caso da apreensão de cocaína - sociedade mineira se mobiliza

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O TAL DE “MUNDO MAIS SEGURO”...

   1ª. Bomba Nuclear subaquática detonada no mundo (Atol Bikini - 1946)

Por Manlio Dinucci, no jornal “Il Manifesto”, da Itália, sob o título “L'ARTE DELLA GUERRA: Ecco «il mondo più sicuro”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado no blog “Redecastorphoto”



Manlio Dinucci

“Quer dizer, então, que “a diplomacia abriu um novo caminho rumo a um mundo mais seguro – um futuro no qual se possa confirmar que o programa nuclear iraniano é pacífico e que o Irã não poderá produzir bombas atômicas”...

A boa nova foi anunciada um mês antes do Natal, pelo laureado do Prêmio Nobel, presidente Barack Obama: ele acabava de fazer um mundo mais seguro. Assim sendo, poderia continuar a aumentar os arsenais de bombas atômicas que os EUA mantêm na Europa: as B61-11 foram transformadas em B61-12, que também podem ser usadas como bombas rebenta-bunker no caso de um primeiro ataque nuclear...

É parte do “mapa do caminho” do governo Obama para manter a supremacia nuclear dos EUA.

Os EUA mantêm cerca de 2.150 ogivas nucleares armadas, quer dizer, em prontidão, prontas para serem lançadas por mísseis e bombardeiros; além de outras 2.500 ogivas em arsenais, mas que podem ser rapidamente ativadas e outras 3.000 adicionais que foram descartadas, mas não desmanteladas e que podem ser reativadas: no total, são cerca de 8.000 ogivas nucleares.



    Arsenal nuclear da OTAN (EUA) depositado na Turquia

O arsenal russo é comparável, mas são menos ogivas prontas para lançamento, só cerca de 1.800. O novo Tratado START entre os EUA e a Rússia não limita o número de ogivas nucleares operacionais nos respectivos arsenais, mas só as ogivas em estado de prontidão para serem lançadas de transportadores estratégicos com alcance superior a 5.500 km (3.418 milhas): o teto foi fixado em 1.550 ogivas para cada lado, mas já foi ultrapassado, porque cada bombardeiro é contado como uma ogiva, apesar de carregar 20 ou mais bombas. O Tratado START deixa aberta a possibilidade de melhoria na qualidade das forças nucleares.

Para tanto, os EUA estão instalando um “escudo” antimísseis na Europa, ostensivamente “para neutralizar um ataque iraniano” (hoje, impossível), mas, de fato, para obter vantagem estratégica sobre a Rússia, a qual está tomando contramedidas.

Além das ogivas norte-americanas, a OTAN tem mais 300 ogivas francesas e mais 225 ogivas britânicas, nucleares, é claro, praticamente todas em posição para lançamento a qualquer momento.

Israel – que é a única potência nuclear em todo o Oriente Médio e, diferente do Irã, não assinou o “Tratado de Não Proliferação Nuclear” – tem algo entre 100 e 300 ogivas, com vetores de transporte e disparo; e produz plutônio suficiente para fabricar 10-15 novas ogivas nucleares por ano, semelhantes à que os EUA usaram em Nagasaki. Israel também produz trítio, gás radiativo usado para fabricar ogivas de neutrons, que causam menor contaminação radiativa, mas são mais letais.

Em 1986 Mordechai Vanunu revelou ao mundo a existência do arsenal nuclear de Israel

Ao mesmo tempo, a confrontação nuclear está se desenvolvendo na região Ásia/Pacífico, onde os EUA estão promovendo uma escalada militar. A China tem arsenal nuclear, estimado em cerca de 250 ogivas, e cerca de 60 mísseis balísticos intercontinentais. A Índia tem cerca de 110 ogivas nucleares. O Paquistão, 120. E a Coréia do Norte, como se sabe, também tem as suas.

Além desses nove países que possuem armas atômicas, há pelo menos mais 40 outros em posição de comprá-las. De fato, não há nenhuma separação entre o uso civil e o uso militar da energia nuclear, e se pode obter urânio e plutônio enriquecido o bastante para fabricar bombas atômicas, de praticamente qualquer reator. Estima-se que o mundo já acumulou quantidade suficiente desses materiais para produzir mais de 100 mil bombas atômicas; e continua a produzi-los em quantidades crescentes: há mais de 130 reatores nucleares “civis”, que produzem urânio altamente enriquecido, pronto para produzir armas atômicas.

Aí está! Eis o tal o mundo “tornado mais seguro”... “porque” as cinco maiores potências nucleares plus a Alemanha (que vendeu a Israel submarinos nucleares de ataque) assinaram um acordo pelo qual “o programa nuclear do Irã será exclusivamente pacífico”. [Pano rápido].

FONTE: escrito por Manlio Dinucci, no jornal “Il Manifesto”, da Itália, sob o título “L'ARTE DELLA GUERRA: Ecco «il mondo più sicuro”. Artigo traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado por Castor Filho no blog “Redecastorphoto”. O autor, Manlio Dinucci, é geógrafo e geopolíticólogo italiano. Suas últimas publicações são: “Geocommunity”, Ed. Zanichelli 2013; “Geografia del ventunesimo secolo”, Zanichelli 2010; “Escalation. Anatomia della guerra infinita”, Ed. DeriveApprodi 2005   (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/11/o-tal-de-mundo-mais-seguro.html).

MENSAGEM À CLASSE MÉDIA


Por Ricardo Muniz

Manifesto por menos impostos, pelo combate à corrupção e contra a subversão? Um alerta para você perceber a tempo que pode estar fazendo o jogo do (seu) inimigo...



Você que é classe média, seja a favor da redução de impostos, sim: menos impostos para a classe média e imposto zero para famílias pobres, para periferias. Defenda mais imposto para ricos. Essa agenda, a da tributação progressiva, a da justiça tributária – paga mais quem tem mais –, é sua. Assim é que se vai financiar a melhoria dos serviços públicos. Não caia na conversa fiada de que imposto para rico, banco, fazenda e empresa é “um fardo que inviabiliza a competitividade econômica” – na verdade, eles nunca serão a favor de abrir mão de qualquer parte de seus ganhos e lucros, evidentemente, e se pudessem não pagariam nada. Repare como os jornais, a TV, nunca debatem esse tema. Ou melhor, até debatem, mas quando o fazem é sempre do ponto de vista do andar de cima. É um sinal, não acha?


Sem saber, assim como na extinção da CPMF, fazendo o jogo do inimigo

Você que é classe média, seja sim a favor do combate à corrupção: contra a compra de jornais ditos independentes por políticos que tentam tapear você, manchete após manchete, vendendo como notícia o que é manobra de blindagem. Contra a chantagem de promotores que ameaçam com denúncias para amealhar fortunas. Contra o financiamento privado de campanhas eleitorais, que torna os representantes no parlamento marionetes dos mais diversos interesses empresarias ou de máfias. É óbvio, mas repare que (quase) ninguém defende uma correção radical dessa anomalia.

Classe média, não seja complexado(a). A síndrome de vira-lata em relação ao Brasil é sistematicamente alimentada no contexto de uma estratégia geopolítica. Claro, seja crítico. Mas não seja derrotista, envergonhado. Você nasceu aqui, ou veio viver aqui: defenda seu lugar. Repare que, muitas vezes, o noticiário que você lê, ouve ou vê, embora seja veiculado em português, parece ter sido produzido fora daqui. Não é curioso?

Você que é classe média, seja conservador. Conserve o que vale a pena ser conservado: a Constituição, por exemplo; ou a política de distribuição de renda; ou a excelente concepção do SUS. Lembre que certos tribunos da República de hoje promoveram, há pouco tempo, a compra de votos para aprovar a reeleição presidencial no curso do primeiro mandato do maior interessado na mudança. Isso que é subversão! Note que forçar condenações sem provas e espernear contra o direito de recorrer é inconstitucional. Isso é subversão. Entenda que educação e saúde públicas, universais e de qualidade liberariam seu orçamento de classe média de um grande fardo. Lembre quem derrubou a CPMF [sonegadores, PSDB e DEM], que financiaria a saúde pública. Pense em quem nunca investiu na expansão das universidades federais. Faça esse esforço e você vai perceber que estão tentando fazer você de bobo. Ser feito de bobo da corte parece ser um papel histórico da classe média que você pode romper, para seu próprio benefício.”

FONTE: escrito por Ricardo Muniz no “Brasil 247”   (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/122129/%C3%80-classe-m%C3%A9dia.htm) Retirado do blog Democracia & Política

Enquanto o trem não passa - quem lucra com a mineração no Brasil?

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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios representa o que há de melhor entre o povo brasileiro



Depoimento: José Álvaro de Lima Cardoso (supervisor técnico do Escritório Regional do DIEESE em Santa Catarina)    


 
     Ao longo de 25 anos de estreita convivência (física, inclusive, pois a sede do Sindicato é vizinha “de parede” do DIEESE), tornei-me testemunha ocular do trabalho desenvolvido pela direção do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios de Florianópolis. É trabalho árduo, feito com uma categoria sofrida, explorada e que tem condição de trabalho bastante precária.  Com o passar dos anos, através da convivência e das lutas enfrentadas lado a lado, tornei-me um admirador dos líderes do Sindicato e de suas muitas qualidades. Simplicidade, disposição para o trabalho duro, bom humor - habilidades desenvolvidas pelas dificuldades trazidas pela vida – são algumas das características do pessoal da direção da entidade. Na realidade, é claro, essas são qualidades da própria categoria, de onde surgem seus líderes e dirigentes sindicais. Pessoas de história densa e sofrida, que vêm do interior do estado, ou mesmo de estados vizinhos, para vencer: ter um emprego, uma casa, constituir uma família; conquistar, na garra, vida digna.
     Chama atenção como o Sindicato consegue conciliar um forte trabalho de base, (fazendo visitas permanentes aos trabalhadores em seu postos de trabalho), com uma adequada visão dos grandes temas de interesse nacional. A ação do Sindicato está longe de ser meramente corporativa. Apesar de contar com apenas dois diretores liberados, essa direção está sempre presente nos eventos da sua central (a CUT), nas atividades promovidas pela FECESC, nos debates sobre temas diversos organizados pelo DIEESE. Em função dessa ativa participação nas atividades coletivas, a direção tem clareza das grandes lutas e dos grandes temas dos trabalhadores brasileiros. Os dirigentes do Sindicato, mesmo os não liberados, têm opinião formada sobre salários, salário mínimo, emprego, renda, questão de gênero, racial, enfim, dos grandes temas relacionados aos trabalhadores.
     As limitações de escolaridade dos trabalhadores da base, não atrapalham a comunicação entre estes e os dirigentes sindicais. Os sindicalistas desenvolveram com o tempo uma compreensão das possibilidades e limitações de sua base, o que possibilita encaminhar as discussões com fina pedagogia e entendimento das especificidades da categoria. Esse tipo de habilidade não é fácil de se desenvolver, ela só amadurece com esforço, perseverança e convivência permanente com os trabalhadores, através das conversas e troca de ideias. O Jornal do Sindicato, por exemplo, ao invés de ser enviado pelos Correios, é entregue pelos dirigentes, de mão em mão, oportunidade ímpar para troca de ideias, de informações, críticas e/ou sugestões. É um trabalho difícil, que não é pra qualquer um, e é feito com esmero e dedicação.
     Tivemos uma amostra decisiva das qualidades do Sindicato por ocasião da luta pela implantação dos pisos estaduais em Santa Catarina, vitoriosa em 2009. O movimento sindical catarinense empreendeu uma batalha de (no mínimo) três anos para implantar os pisos estaduais, a partir de meados de 2006. A unidade e a perseverança do movimento sindical catarinense foram imprescindíveis em toda a caminhada até setembro de 2009 quando a Lei 459/09 foi aprovada. Vigentes a partir de janeiro de 2010, os pisos significaram ganhos reais expressivos para os pisos das categorias, naquele ano, especialmente os mais baixos. A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios, percebendo que era uma luta fundamental para os trabalhadores em geral, e para a categoria que representa, assumiu a campanha e foi decisiva em todos momentos da mesma, nas reuniões, na negociação, na divulgação e na coleta de assinaturas pela emenda popular, empreendida em 2009. 
      Os trabalhadores que o Sindicato dos Edifícios representam, é o que existe de melhor entre nós, brasileiros. Gente que luta, que produz, que ama o Brasil e que extrai o sustento do suor honesto do seu rosto. Neste momento perigoso do Brasil, em que a economia sofre um processo de desnacionalização e em que os “reis do camarote” são prestigiados por uma parte expressiva da mídia, mais do que nunca é fundamental valorizar o que temos de melhor no país.  

25/11/3013.

A recuperação bizarra da Europa

OS CARROS E OS TANQUES.


(JB) - Segundo informações do governo, a balança comercial apresentou déficit de US$ 1,350 bilhão na quarta semana de novembro.

Foram US$ 4,151 bilhões de exportações e US$ 5,501 bilhões em importações. No acumulado do ano, a balança apresenta um déficit de US$ 1.455 milhões.


Os dados se explicam pela queda na  venda de produtos manufaturados, mas também pelo aumento das importações, com destaque para combustíveis e lubrificantes.


Enquanto isso, piora a situação da Petrobras, com o adiamento, agora para esta semana, da discussão sobre a implantação de um sistema de reajuste automático de combustíveis, que ficou  para quinta-feira.


Em meados deste ano, a estatal tinha um prejuízo de 700 milhões de dólares por mês com a importação de combustíveis, que está sendo coberto com a venda de ativos. E o governo resiste a mudar essa situação, com receio de criar um novo indexador que poderia colocar em risco o controle da inflação.


Segundo a ANP, apesar do saldo negativo no comércio de gasolina com outros países, o país continua autossuficiente em óleo e derivados, já que as exportações de petróleo bruto compensam as importações de petróleo leve, e também da própria gasolina.


Mas isso não resolve o problema das trocas nacionais com o exterior. As exportações de manufaturados têm caído, não apenas pela questão cambial, mas também devido aos efeitos da crise internacional em outros países - principalmente da Europa e da América do Sul.


Cada dólar economizado na compra de combustíveis no exterior, evita a necessidade de conseguir divisas para pagar essas importações, e melhora, em consequência, a situação da economia nacional.


O atraso na construção das novas refinarias indica que não está próxima a solução desse problema. Se tudo der certo, a Abreu e Lima, em Pernambuco, com 280.000 barris de capacidade, ficará pronta em 2014.


Mas o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro só entrará em produção em 2016, e as refinarias do Maranhão e do Ceará, apenas em 2017 e 2018.


Considerando-se a pressão da imprensa financeira internacional e das agências de rating sobre o Brasil, em temas como o cálculo da dívida interna, o balanço de pagamentos, e a questão fiscal, pode ser tarde demais.


Urge, portanto, buscar a substituição de combustíveis importados, por fontes nacionais, e se, possível, renováveis, para a frota de automóveis, que cresceu aceleradamente nos últimos anos.


Enquanto importamos gasolina, mandamos etanol para o exterior.


Informações do setor de açúcar e álcool dão conta de que as exportações desse combustível devem continuar consistentes neste segundo semestre, favorecidas pelo câmbio, com o dólar entre R$ 2,20 e R$ 2,30.


No primeiro semestre, o Brasil exportou 710 milhões de litros de combustível para os EUA, com crescimento de mais de 100% ante o primeiro semestre do ano passado.   


Um dos caminhos que eventualmente poderiam ser trilhados seria achar uma forma de subsidiar, marginalmente, a venda desse combustível no mercado interno, para que ele ficasse no Brasil, e se voltasse a investir no aumento da produção.


É mais barato, para o país, gastar reais para aumentar a oferta de álcool nacional, do que arranjar dólares para trazer gasolina do exterior.


Outra solução seria investir em maior eficiência energética, e em outras fontes renováveis de origem nacional.


Na semana passada, o executivo brasileiro Carlos Ghosn, presidente mundial do grupo Renault-Nissan, criticou publicamente a demora nas negociações sobre a criação de uma política de incentivo para carros híbridos e elétricos no Brasil.


Já que não dá para aumentar a produção de combustíveis de um dia para o outro, é preciso fazer com que os carros rodem mais quilômetros com menos combustíveis fósseis, ou possam, eventualmente, deles prescindir.


Em declarações para mais de uma centena de jornalistas de todo o mundo no Salão Internacional de Tóquio, Ghosn declarou que há “falta de interesse” do governo brasileiro para resolver a questão.           


Para ele, apesar das declarações e da alusão à necessidade de menor emissão de poluentes, não se cogita investir em uma rede de recarga de veículos ou mobilizar o consumidor para o uso de carros elétricos.


O que ocorre com a frota particular de automóveis também se estende para o transporte público de passageiros.


Nos programas de mobilidade estabelecidos para a Copa do Mundo, não se programou o uso de ônibus movidos a gás ou a etanol, quando isso já é comum em outras cidades do mundo, e a tecnologia está amplamente disponível.


Nem a adoção, ainda que experimental, de ônibus a hidrogênio, como os desenvolvidos pela COPPE do Rio de Janeiro.


Seria recomendável pensar sinergicamente nessa questão, analisando todas as alternativas, para estabelecer uma política nacional de combustíveis que leve em consideração as características de cada região.


Só assim poderemos começar a nos livrar da dependência estrangeira e da ameaça de maiores déficits comerciais nos próximos anos.      

Equador: a opção pela dependência


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Escrito por Elaine Tavares   
Quarta, 27 de Novembro de 2013



Apesar de toda a propaganda que se faz do Equador, colocando-o dentro de um espectro de "país dirigido pela esquerda", não são poucas as contradições vivenciadas pelo governo de Rafael Correa, cada vez mais distante do que se poderia considerar um mandato com o povo. Indiscutivelmente, o primeiro mandato trouxe avanços importantes, como a realização de uma nova Constituinte, soberana e autônoma, que, apesar de todos os percalços, conseguiu levar para dentro do documento que rege a vida das gentes numa nação uma série de avanços fundamentais que, inclusive, servem de exemplo a todo o mundo.

Mas, no cotidiano da vida, quando a Constituição começou a ser regulamentada, os interesses econômicos e políticos começaram a aparecer com força e a ditar regras que, de certa forma, destroem toda a lógica do sumak kausai (o bem viver - que é o bem viver de corte indígena, não é o consumismo do mundo capitalista), centro de toda a Constituição nacional. Um dos exemplo mais visíveis é o da mineração e da exploração de petróleo. Mesmo que a  natureza tenha ganhado um capítulo dentro da carta magna, revestindo-se de direitos, na prática tudo cai por terra quando os interesses econômicos cobram a conta do que chamam "progresso". Em nome do que denominam "desenvolvimento", as classes dominantes impõem seu modelo e passam por cima do que foi construído coletivamente com muita luta pela população do país.

Os povos indígenas são os que mais têm sofrido nesse processo. Primeiro porque sistematicamente sofrem desqualificações sobre a sua maneira de viver a política. Não é raro que, a qualquer grito de rebeldia, eles sejam imediatamente ligados a setores da direita raivosa do Equador, tal qual o grupo do ex-presidente Lucio Gutierrez, de descendência indígena. Basta que haja qualquer oposição ao projeto governamental e lá vem o velho discurso de que os índios estão sendo manipulados, que fazem o jogo da direita etc. ...

É fato que a direita se aproveita - e muito bem - das batalhas travadas pelos indígenas contra as propostas do governo, mas daí a dizer que eles são manipulados é pura ideologia. E também mostra que a elite dominante continua mantendo pelas populações originárias um profundo desprezo, a tal ponto de nunca admitir que os indígenas possam pensar, formular políticas e definir suas demandas de maneira autônoma e livre.

Outro discurso que o governo usa com bastante maestria, até porque Rafael Correa é bastante carismático e uma figura midática, é o da necessidade do progresso. Alegando que o país tem imensas riquezas minerais que necessitam ser exploradas para que as gentes possam ascender a bons níveis de consumo, o governo vem passando por cima daquilo que foi a pedra fundamental da nova Constituição: a vontade popular. No caso dos territórios indígenas, está na lei que, para qualquer tipo de exploração dos recursos, a comunidade precisa ser ouvida. Mas não é o que acontece. Mesmo que as comunidades estejam gritando contra a exploração, fazendo lutas, enfrentando a polícia, o governo permanece surdo. E ainda joga o restante da população contra os indígenas, alegando que eles estão tentando impedir o "progresso" do país. De certa forma, o governo alimenta o velho ódio, de origem colonial, entre brancos e índios. Não são raros os textos e opiniões de gente da esquerda de toda a América Latina que também cai nesse canto de sereia.

Ataque à educação indígena

O mais novo ataque do governo de Rafael Correa é contra a educação indígena. Mesmo que a Constituição tenha garantido o direito à pluriculturalidade, na prática o que está acontecendo no campo da educação é o soterramento de toda e qualquer iniciativa indígena, ganhando força a homogeneização da educação. O primeiro golpe foi na Universidade Intercultural Amawtay Wasi, universidade indígena que existe no Equador desde 2004 com o objetivo de atuar na educação superior a partir de uma pedagogia autóctone. Ou seja, a forma de ensinar e os conteúdos do ensino estão completamente ligados ao jeito de ser das comunidades indígenas que, ao contrário do que muitos pensam, mantiveram vivos seus pressupostos éticos e pedagógicos apesar de mais de 500 anos de dominação.

Assim, a universidade surgiu justamente para se contrapor ao modelo bancário de educação segmentada, descontextualizada e colonizada. Entre seus princípios está a proposta de criar um sistema de educação superior que tenha a sua identidade (indígena), dentro de um marco da integralidade do conhecimento, permitindo assim superar a ruptura usual que existe entre teoria e prática. Busca ainda formar profissionais que tenham uma visão intercultural, descolonizada,  capazes de entender onde vivem e de buscar soluções para os problemas concretos das nacionalidades e populações. Gente que também seja capaz de conhecer os mais diversos saberes que existem nas comunidades, apropriando-se deles para melhorar a vida e para construir, de verdade, uma sociedade intercultural, na qual o saber científico conquistado pelo mundo ocidental dialogue com os saberes originários, sem dominação.

Não bastasse essa "heresia" descolonial, a Amawtay Wasi tem uma estrutura física e pedagógica que está totalmente integrada à cosmovisão dos povos indígenas. Todo o trabalho se ampara nos princípios de vincularidade (a relação entre o todo e as partes), complementariedade (a necessidade de um ‘outro’, com o qual se dialoga), simbólico (relação entre o saber científico e o que ele significa no âmbito simbólico) e a reciprocidade (a troca de saberes). Esses são conceitos muito difíceis de serem compreendidos por aqueles que têm uma formação racional, ocidental. É praticamente outra episteme e precisa ser compreendida como uma forma radicalmente diferente de atuar, de educar e de viver.

Pois com a nova lei de educação, o governo de Rafael Correa decidiu homogeneizar o processo educativo, sem levar em consideração a própria Constituição que garante a pluriculturalidade. Depois de vários meses sendo visitada por tecnocratas governamentais, a Universidade teve seu registro suspenso. Não pode mais funcionar da forma como se organiza, a partir dos princípios que regem o mundo indígena. Os "educadores" governamentais querem que a Amawtay Wasi morra ou se iguale às demais universidades organizadas dentro dos cânones ocidentais. Mas não é essa a proposta da universidade indígena. Ela quer, justamente, se contrapor a essa pedagogia desestruturante e colonial. No contexto de uma sociedade pluricultural, não há motivo para que isso não aconteça. É só uma universidade diferente, que atua dentro da episteme dos povos indígenas que ali vivem desde muito antes dos espanhóis chegarem e invadirem seus mundos, impondo uma cultura de dominação e de extermínio.

Mas Rafael Correa tem sido implacável, espalhando ainda que a universidade é foco de resistência de grupos ligados a Lúcio Gutierrez. Como argumento usa o fato de a mesma ter sido criada durante o governo daquele presidente. Na verdade, o que quer é destruir um espaço de formação indígena construído a duras penas pelas comunidades.

As escolas comunitárias

Todo esse ataque ao mundo indígena ainda não terminou. Agora, o governo decidiu também eliminar as pequenas escolas comunitárias que atuam na lógica intercultural, ensinando em duas línguas. Não quer mais que a educação alternativa (leia-se indígena) se faça nas pequenas unidades que atuam com a proposta de unidocência, porque os indígenas acreditam que o conhecimento é um só, e não pode ser dividido em aulas de 50 minutos desconectadas do mundo real.

Mais uma vez, os tecnocratas governamentais decidiram que a educação de primeiro e segundo grau do Equador devem seguir as propostas do Banco Mundial e precisam se constituir em "Unidades Educativas do Milênio", às quais são reputadas as novidades tecnológicas e todas aquelas "maravilhas" que os projetos vindos de fora apregoam. Falam em escolas equipadas com computadores, alto nível de ensino, novos conceitos pedagógicos. Tudo dentro da proposta ocidental, sem considerar as especificidades da pedagogia indígena. Segundo a pedagoga e comunicadora Rosa María Torres (http://otra-educacion.blogspot.com.br), a proposta está centrada na aparência, sem que sequer se mencione a situação dos professores, por exemplo, categoria que tem protagonizado grandes lutas no país.

No campo da propaganda o governo de Correa consegue convencer. Desde 2008 vem construindo uma série de UEMs (Unidades Educativas do Milênio), cujo número já ultrapassa as 24, atendendo 23 mil estudantes. E segue construindo outras tantas, dizendo que aumentará esse número em mais de 30 até 2014. Os prédios bonitos e bem pintados aparecem como o "progresso para todos". E justificam a exploração de petróleo na região do Parque de Yasuní. "Com o petróleo teremos mais saúde e educação para todos", diz, na tentativa de buscar apoio para as ações de fechamento das escolas indígenas. Conforme anunciou, das 18 mil escolas comunitárias que existem, apenas cinco mil seguirão abertas. Conforme diz, as escolas comunitárias, aquelas que são geridas de forma alternativa, "são o atraso, a marca da pobreza".

Já os educadores que sempre estiveram nas comunidades quando o Estado as abandonava, têm outra posição. Eles dizem que essas escolas que vivem à margem do sistema oficial são, recorrentemente, referência na inovação e na transformação cultural, tanto no Equador quanto no mundo. Segundo eles, esse tipo de escola multigrau e unidocente não é necessariamente uma escola para pobres. Ao contrário, é uma escola que se contrapõe ao sistema bancário imposto pelo Banco Mundial a toda América Latina. Como exemplo lembram do programa Escola Nova, que existe na Colômbia, e o das Escolas Não-Formais, experiência de Bangladesh, ambas modelos premiados internacionalmente.

Mas, ainda assim, segue a "planificação" da educação, sem que se leve em conta a voz dos educadores e das comunidades. Toda a proposta vem sendo construída por burocratas, apresentando as modernidades como a solução do problema educativo. "Fecharemos as escolinhas precárias e os alunos serão realocados nas Unidades Educativas do Milênio", diz, sorridente, Correa, na televisão. Num primeiro momento, tudo pode parecer muito bom. Novos prédios, fusão de escolas, urbanização de escolas rurais, transporte escolar. Tudo preparado para a criação de grandes complexos escolares com educação igualada/homogênea/ocidental, sem que se leve em conta as especificidades culturais, tal como reza a própria Constituição.

Diz a pedagoga Rosa María Torres sobre uma UEM que visitou: "Em Otavalo, norte de Quito, inaugurada em abril de 2009, com grande presença da mídia. Era a terceira UEM construída no país e custara 2 milhões de dólares. Os alunos, 800, são de maioria indígena. A escola abriu com os sete primeiros anos de educação básica. Tem 38 salas de aula, quadros digitais, cozinha, restaurante, espaços esportivos, laboratórios, bibliotecas, 38 computadores e internet banda larga. O desenho da escola é tradicional, frio, sem qualquer presença da cultura local. Os professores sequer sabem usar o quadro negro digital, é visível a falta de capacitação. Nota-se que os espaços são subutilizados, há problemas de segurança e não se vê qualquer preocupação com a capacitação dos professores". Ou seja, tudo conspira para uma ode à tecnologia, sem cuidado pedagógico e muito menos com o contexto cultural.

A experiência das escolas indígenas

Inka Samana é uma pequena escola indígena no sul do país, reconhecida internacionalmente como espaço de uma "revolução educacional", por sua proposta diferenciada de ensino de saberes que vão além do formal. Pois também ela deverá entrar no sistema homogeneizado da "educação nacional", abrindo mão dos aspectos simbólicos e culturais que a caracterizam. Os protestos têm sido grandes, mas o governo segue surdo. Quem quiser conhecer melhor essa bonita experiência de educação indígena pode encontrar sua voz nas redes sociais (https://www.facebook.com/pages/INKA-SAMANA/101245569927872?fref=ts).

Rosa María Torres lembra ainda de outras experiências comunitárias indígenas como as da província de Pichincha, a Escola Ecológica Samay e a Yachay Huasi (Escola do Saber), que atuam no diálogo entre educação formal e educação indígena. Há coisas do mundo das comunidades que as UEMs não tocarão, com certeza, como a sabedoria dos mais velhos, fazer uma rede ou como reconhecer uma semente, reforçando a ideia de que só a educação formal/ocidental/moderna/científica é que é importante. Enfim, são dezenas de experiências comunais, culturais e alternativas que estão prestes a sucumbir diante da ideia de uma "educação única, nacional". Isso não pode ser possível num país com tantos povos indígenas, já tão acostumados a atuar dentro de seu mundo cosmogônico e simbólico.

A luta é desigual. O governo constrói prédios vistosos e garante a gratuidade do ensino formal, mesmo que a qualidade desse ensino esteja submetida aos ditames internacionais. As pequenas escolas indígenas vivem de contribuições da comunidade ou de ajuda externa. O governo já declarou que não aportará recursos a essas experiências. Sufoca todas elas no campo econômico e depois acusa os educadores de aliança com ONGs estrangeiras e grupos direitistas. É um cenário difícil de se assimilar.

A mesma prática tem se dado no campo universitário. No mesmo momento em que anuncia o descredenciamento da Universidade Intercultural Amawtay Wasi, o governo divulga a criação de quatro novas universidades estatais, onde os equatorianos poderão ter ensino superior gratuito. Difícil para quem segue acreditando que as culturas indígenas não têm nada a dizer no mundo aceitar que as mudanças da educação equatorianas não sejam boas. Pois se se aumentam as universidades públicas, se se constroem novas escolas, amplia-se o ensino gratuito. Poucos são os que questionam esse processo de destruição do saber indígena, da forma indígena de educar. Para boa parte das gentes, rendidas ao mundo ocidental, racionalizado e dependente, mais vale uma escola grande que um ensino de qualidade. Se as diretrizes vêm do Banco Mundial, melhor ainda, vão aprender conforme aprendem os "gringos".

Poucos são aqueles que observam criticamente o processo de aprofundamento do colonialismo mental em pleno governo dito "progressista". A destruição das escolas comunitárias, dos espaços indígenas de saber e da universidade Amawtay Wasi são, na verdade, uma grande ofensiva do capital contra os povos indígenas, tradicionalmente um entrave nos planos de ganância e destruição de empresas transnacionais, da elite local e de muitos governantes. Estrangular essas experiências é um ato de força e de beligerância.

Os indígenas agora denunciam e não deverão aceitar tudo isso sentados. Eles encontrarão suas formas de resistir e manter viva suas culturas. Serão acusados de alianças com Gutierrez, com forças estrangeiras que querem destruir o governo "popular" e muitas outras coisas mais. Algumas comunidades podem até se enredar nessas armadilhas, isso não se descarta. Mas qualquer guinada para a direita dos povos originários só se dará por conta do desrespeito às culturas antigas, por conta da insensibilidade do governo em dialogar, pela arrogância - herança colonial - e pela intransigência de Correa.

O Equador vive uma hora importante de aprofundamento da dependência e da submissão aos grandes interesses internacionais. Não há interesse em se aliar aos povos autóctones para a construção do sumak kausai, conforme grita a Constituição. O que parece direcionar a ação do governo é o mesmo modelo desenvolvimentista que já mostrou todas as suas tristes e destruidoras faces por onde passou. Explorar petróleo, explorar minério, desalojar famílias, garantir um consumo fictício a uma classe média emergente, provocar a destruição do ambiente, incutir uma educação alienante e colonizada e maquiar o sistema de saúde. Tudo isso pode estar sendo construído para servir de base para a consolidação daquilo que "la radio buemba" (o que se diz nas ruas, boatos) já anuncia: a vinda de um acordo comercial de livre comércio com os Estados Unidos. Se isso se confirmar, o futuro será sombrio, com o aprofundamento da dependência econômica, política e cultural. Tudo como antes.

Então, nada de novo no front. A não ser a força viva das gentes de Abya Yala que, mesmo derrotadas, se reorganizam e voltam a se levantar.

Elaine Tavares é jornalista