quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios representa o que há de melhor entre o povo brasileiro



Depoimento: José Álvaro de Lima Cardoso (supervisor técnico do Escritório Regional do DIEESE em Santa Catarina)    


 
     Ao longo de 25 anos de estreita convivência (física, inclusive, pois a sede do Sindicato é vizinha “de parede” do DIEESE), tornei-me testemunha ocular do trabalho desenvolvido pela direção do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios de Florianópolis. É trabalho árduo, feito com uma categoria sofrida, explorada e que tem condição de trabalho bastante precária.  Com o passar dos anos, através da convivência e das lutas enfrentadas lado a lado, tornei-me um admirador dos líderes do Sindicato e de suas muitas qualidades. Simplicidade, disposição para o trabalho duro, bom humor - habilidades desenvolvidas pelas dificuldades trazidas pela vida – são algumas das características do pessoal da direção da entidade. Na realidade, é claro, essas são qualidades da própria categoria, de onde surgem seus líderes e dirigentes sindicais. Pessoas de história densa e sofrida, que vêm do interior do estado, ou mesmo de estados vizinhos, para vencer: ter um emprego, uma casa, constituir uma família; conquistar, na garra, vida digna.
     Chama atenção como o Sindicato consegue conciliar um forte trabalho de base, (fazendo visitas permanentes aos trabalhadores em seu postos de trabalho), com uma adequada visão dos grandes temas de interesse nacional. A ação do Sindicato está longe de ser meramente corporativa. Apesar de contar com apenas dois diretores liberados, essa direção está sempre presente nos eventos da sua central (a CUT), nas atividades promovidas pela FECESC, nos debates sobre temas diversos organizados pelo DIEESE. Em função dessa ativa participação nas atividades coletivas, a direção tem clareza das grandes lutas e dos grandes temas dos trabalhadores brasileiros. Os dirigentes do Sindicato, mesmo os não liberados, têm opinião formada sobre salários, salário mínimo, emprego, renda, questão de gênero, racial, enfim, dos grandes temas relacionados aos trabalhadores.
     As limitações de escolaridade dos trabalhadores da base, não atrapalham a comunicação entre estes e os dirigentes sindicais. Os sindicalistas desenvolveram com o tempo uma compreensão das possibilidades e limitações de sua base, o que possibilita encaminhar as discussões com fina pedagogia e entendimento das especificidades da categoria. Esse tipo de habilidade não é fácil de se desenvolver, ela só amadurece com esforço, perseverança e convivência permanente com os trabalhadores, através das conversas e troca de ideias. O Jornal do Sindicato, por exemplo, ao invés de ser enviado pelos Correios, é entregue pelos dirigentes, de mão em mão, oportunidade ímpar para troca de ideias, de informações, críticas e/ou sugestões. É um trabalho difícil, que não é pra qualquer um, e é feito com esmero e dedicação.
     Tivemos uma amostra decisiva das qualidades do Sindicato por ocasião da luta pela implantação dos pisos estaduais em Santa Catarina, vitoriosa em 2009. O movimento sindical catarinense empreendeu uma batalha de (no mínimo) três anos para implantar os pisos estaduais, a partir de meados de 2006. A unidade e a perseverança do movimento sindical catarinense foram imprescindíveis em toda a caminhada até setembro de 2009 quando a Lei 459/09 foi aprovada. Vigentes a partir de janeiro de 2010, os pisos significaram ganhos reais expressivos para os pisos das categorias, naquele ano, especialmente os mais baixos. A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios, percebendo que era uma luta fundamental para os trabalhadores em geral, e para a categoria que representa, assumiu a campanha e foi decisiva em todos momentos da mesma, nas reuniões, na negociação, na divulgação e na coleta de assinaturas pela emenda popular, empreendida em 2009. 
      Os trabalhadores que o Sindicato dos Edifícios representam, é o que existe de melhor entre nós, brasileiros. Gente que luta, que produz, que ama o Brasil e que extrai o sustento do suor honesto do seu rosto. Neste momento perigoso do Brasil, em que a economia sofre um processo de desnacionalização e em que os “reis do camarote” são prestigiados por uma parte expressiva da mídia, mais do que nunca é fundamental valorizar o que temos de melhor no país.  

25/11/3013.

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