segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Onze observações sobre a Copa (mas só uma sobre futebol)

José Roberto Torero, na Carta Maior
 
 1) Comecemos pelos boatos: houve um que dizia que Lázaro Ramos e Camila Pitanga teriam sido preteridos pelos loiros Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. Mas Camila já disse que não houve nenhum convite prévio, então não adianta polemizar muito. Se bem que um casal interracial, com Camila e Rodrigo ou Fernanda e Lázaro seria bem mais interessante.

2) A homenagem a Nelson Mandela foi oportuna e oportunista. Oportuna porque Mandela realmente merece ser homenageado. Oportunista porque a Fifa aproveitou para mostrar que um grande defensor dos direitos humanos apoiou a Copa anterior. Ou seja, ela não seria uma instituição cobiçosa, que infringe as leis internas dos países em nome do seu lucro, mas uma entidade do bem, chancelada por homens de bem como Mandela.

3) O minuto de silêncio comandado por Blatter teve sete segundos. Está certo que os minutos de silêncio não têm sessenta segundos há muito tempo, mas apenas sete foi um desrespeito. Nem na várzea o minuto de silêncio é tão curto.

4) Galvão Bueno não conseguiu se conter e falou várias vezes por cima dos apresentadores e dos entrevistados. O apresentador deveria ter sido mais parcimonioso. Depois da quinta empastelada mudei para o SporTV e lá Luiz Carlos Junior fazia uma transmissão bem mais eficiente.

5) Blatter falar em espanhol por alguns instantes foi bem estranho. Será que pensou que estava em Buenos Aires?

6) Obviamente, ninguém lembrou das recentes mortes no Itaquerão. Elas serão esquecidas tão rapidamente pela grande imprensa quanto o helicóptero dos Perrella.

7) Outro assunto intocado foi o fato de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, não ter sido aceito para morar em Andorra. Até os paraísos fiscais querem distância do sujeito.

8) Depois do sorteio, Jerome Valcke, secretário geral da Fifa e herdeiro de Blatter, novamente falou bobagem. No começo de 2012 ele havia dito que o Brasil precisava de um pontapé nos fundilhos para apressar as obras. Agora falou à BBC que a Copa não seria o momento de protestar, mas de aproveitar. A Fifa se julga tão superior a  tudo e a todos que se sente no direito de ser grosseira com um país e de dizer o que os brasileiros devem ou não fazer.

9) No momento mais solene do evento, quem estava ao lado de Blatter não era o presidente da CBF. Era a presidente do Brasil.

Isso aconteceu porque a Copa é mais um evento político do que esportivo.

E tanto de política externa quanto interna.

Externamente a Copa serve para dizer que o Brasil é (como em 1950) o país do futuro, o país que agora vai dar certo, que finalmente entrará nos trilhos da modernidade e do desenvolvimento.

No âmbito interno pode ser um grande cabo eleitoral de Dilma. Se o Brasil for campeão ou, pelo menos, se a Copa for um sucesso no quesito organização, passará a imagem à população de que o país finalmente entrou no primeiro mundo.

Mas, é claro, estádios não são hospitais nem escolas.

10) Para combater o possível sucesso da Copa, creio que a grande imprensa vai apoiar muito mais as manifestações desta vez. Durante a Copa das Confederações os protestos eram contra os governos municipais, estaduais e federal. Durante a Copa, sem gatilhos como preço das passagens de ônibus, o ônus ficará todo com o governo federal. A Veja vai adorar.

11) Para não dizer que não falei de futebol, o grupo do Brasil realmente não mete medo. Mas daí para frente será bem difícil. Já nas oitavas devemos pegar Espanha ou Holanda, seleções finalistas na África do Sul. Nas quartas, podemos enfrentar a Itália, que é sempre um adversário arisco. Nas semis, talvez topemos com a terrível Alemanha. E, na final, há grande chance de pegarmos Argentina ou (toc, toc, toc) o Uruguai.

É claro que o Brasil é um dos favoritos para a Copa. Talvez até o favorito. Mas o caminho até a taça é tão árduo que, se eu fosse apostar meu salário, apostaria num tropeço pelo meio do caminho.

Apostaria, mas gostaria de perder.


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