quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Os 30 anos da democracia argentina


Por Emir Sader, em seu blog

A Argentina comemora os 30 anos de retorno à democracia. Poucos países tem tanto a comemorar como a Argentina, porque poucos países foram tão brutalmente avassalados pelo terror da ditadura militar.

A Argentina moderna foi marcada pelos governos peronistas – como o Brasil, pelos getulistas. Desde a derrubada do Peron, em 1945, a história do país não deixou de ser pautada pelas marcas deixadas pelo peronismo. Até agora, 80 anos depois do começo da ascensão da liderança do Peron, a força preponderante no país é o peronismo, qualquer que seja a fisionomia que ele tenha.

O golpe militar de 1976 derrubou um governo peronista, o de Isabelita Peron, mas com profundos enfrentamentos dentro do próprio peronismo, com os Montoneros – organização guerrilheira constituida a partir da Juventude Peronista.
   
Na redemocratização o peronismo pagou o preço do governo da Isabelita e foi eleito Ricardo Alfonsin, dirigente do Partido Radical. Se foi o primeiro governo civil depois da ditadura, foi ao mesmo tempo, como o governo de Sarney no Brasil, vítima da crise da dívida e da inflação, como sua herança.

Alfonsin não conseguiu terminar o governo, sob forte assédio do sindicalismo peronista e da hiperinflação. O peronismo voltou, agora com a cara neoliberal de Carlos Menem, que ocupou a década de 1990 com uma demagógica política de paridade entre o dólar e o peso, que implodiu a economia argentina e provocou a maior crise política e social que o país ja tinha vivido.

Os Kirchner, Nestor e Cristina, representam o melhor momento da Argentina, nestas tres décadas de redemocratização. Retomada do crescimento econômico, estabilidade e continuidade política, recuperação do desastre social da crise do começo do novo século.

São 30 anos como a Argentina nunca tinha vivido. O governo de Peron, iniciado em 1945, foi truncado pelo golpe militar de 1955. Um governo radical foi derrubado em 1966. Peron voltou a governar em 1973, mas o golpe de 1976 recolocou no poder uma ditadura militar.

Cristina comemora esses 30 anos com uma democracia ainda instável, ameaçada desta vez por mobilizações de polícia das províncias, com reivinicações econômicas, mas atitudes de sublevação, combinadas com saques em supermercados.

A oposição se aproveita da situação para desgastar mais o governo, mas sua tática é a de sangrar o governo até as eleições de 2015, quando espera poder chegar unida e fazer frente ao candidato de Cristina, nome ainda por definir.




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