quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Prefeitura mira em ônibus na hora certa em pontos de São Paulo

por Luiz Carlos Azenha, em seu blog

Este post nasceu de questionamentos feitos por motoristas de táxi à implantação das faixas de ônibus em São Paulo. Os taxistas estão particularmente irritados com o promotor de Habitação e Urbanismo Maurício Ribeiro Lopes, que quer retirá-los das faixas exclusivas com a alegação de que atrasam os ônibus.
Os taxistas confundem as atribuições do MP com as do prefeito e geralmente atacam Fernando Haddad por uma decisão que não é dele.
Além disso, dizem que as faixas provocaram congestionamento. Que faltam ônibus. Que faixas exclusivas são uma peça de marketing eleitoral, já que exigem apenas tinta e algumas placas.
Como são 35 mil taxistas disseminando estas opiniões diuturnamente em São Paulo e não é possível encontrar um contraponto ao que eles dizem na grande mídia, fomos ouvir o secretário de Transportes da Prefeitura, Jilmar Tatto, sobre o assunto.
São Paulo tem hoje 440 km de faixas exclusivas. Outros cem serão implantadas em 2014 e mais cem em 2015.
A decisão decorre de levantamento estatístico: com as mudanças já feitas, cerca de 3 milhões de paulistanos estão economizando 38 minutos por dia em transporte (a média gasta por pessoa é de 2h30m por dia).
O secretário diz que é um mito, espalhado por parte dos motoristas, que as faixas tenham piorado o trânsito para os automóveis na cidade.
Ele diz que o aumento dos congestionamentos é vegetativo, ou seja, relacionado ao aumento do número de veículos.
Com a implantação das faixas, muitas conversões à esquerda foram proibidas e substituídas por retorno à direita, em loop, o que acelerou o trânsito mesmo para automóveis em alguns pontos da cidade, diz o secretário. Ele cita como exemplo trechos do chamado corredor Norte-Sul.
A Prefeitura trabalha com dois dados que considera essenciais para demonstrar que o plano está funcionando: aumento da velocidade dos ônibus de 14km/h para 20km/h, em média, e a recente recuperação no número de passageiros que andam de ônibus. Tinha havido uma queda de 24 milhões entre 2011 e 2012 e houve um aumento de 6 milhões entre 2012 e 2013, atribuído à maior rapidez dos coletivos.
Um exemplo específico dado pelo secretário é das linhas entre Itaquera e o Parque Dom Pedro, que de 14 mil passaram a transportar 40 mil passageiros por dia. Com um detalhe: neste trecho os ônibus são mais rápidos que o Metrô.
Com a central de monitoramentos que agora acompanha em tempo real toda a frota de 15 mil ônibus, através do GPS (veja aqui), o próximo passo é atacar os gargalos. Este ano serão feitas 300 pequenas obras de adequação para acelerar os ônibus em pontos críticos.
Hoje, quem acompanha a frota pelo Olho Vivo pode ver os pontos de lentidão. As linhas em verde marcam os lugares onde os ônibus andam acima de 20 km/h; as amarelas, entre 15 e 20 km/h; as vermelhas, até 15 km/h.
O objetivo é promover o desenvolvimento de aplicativos como o Cadê o Ônibus, para que os usuários possam acompanhar a frota em tempo real em seus celulares.
“Queremos dar maior velocidade à frota e mais informação aos usuários sobre onde ela está”, diz o secretário.
Os novos corredores de ônibus, que serão implantados até 2016, vão dispor de 150 km de fibras óticas, com o objetivo de dotar os pontos de painéis eletrônicos dando aos passageiros a previsão exata da chegada dos ônibus.
Dois mil pontos dentre os mais movimentados terão tablets com informações para os usuários.
O secretário diz que não faltam ônibus em São Paulo, mas planejamento.
Está em andamento uma reorganização da frota, para adequá-la às necessidades de cada região, que agora podem ser aferidas praticamente em tempo real.
Segundo a Secretaria de Transportes, o plano do prefeito Fernando Haddad é de dar previsibilidade aos ônibus, assim como existe em outras capitais do mundo, permitindo ao usuário se programar e reduzir a espera em pontos, especialmente naquelas linhas com maior espaçamento.
Por isso, o secretário insiste que a tendência da Prefeitura é autorizar apenas o trânsito de ambulâncias pelas faixas, reduzindo assim a possibilidade de barreiras nos caminhos dos ônibus.
Considerando a quantidade de imprevistos que acontecem em São Paulo, é uma tarefa gigantesca garantir que o ônibus número x vai chegar ao ponto exatamente às 7h47m, mas vale a pena tentar, especialmente se é para garantir mais alguns minutos de sono à população que usa transporte público.
Informei à assessoria do secretário que deixaria o espaço aberto nos comentários para críticas e sugestões de leitores.

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