sábado, 10 de maio de 2014

Jair Bolsonaro para presidente


Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo: transcrito do Blog do Miro

De piada sem graça e personagem anacrônico, Jair Bolsonaro evoluiu para sonho de consumo da direita brasileira, a envergonhada e a assumida, e o homem que melhor pode encarnar as aspirações das multidões que vivem semeando o ódio e o golpismo.

Quem precisa de Aécio Neves se tem um Bolsonaro para evitar a “cubanização” do Brasil? Quem precisa de Joaquim Barbosa se tem Bolsonaro para instaurar a pena de morte, a prisão perpétua e os trabalhos forçados para presos?

Ele enviou uma carta ao seu partido, o PP, solicitando a avaliação de seu nome para uma candidatura a presidente. “Não sei se vão aceitar, mas me candidatei”, disse. Uma página no Facebook foi criada em homenagem à investida. É uma espécie de Guarujá Alerta em nível nacional.

“Mais um mandato de Dilma e nós nos transformamos em uma Venezuela”, afirma ele, que anda pelo Congresso com uma lista para pedir aos correligionários do PP apoio ao seu projeto.

“Nosso partido tem um Ministério, tem entrada em algumas estatais, apoia o governo”, declarou. “Muita gente fala que vota no Fernandinho Beira-Mar, mas não vota no PT, muita gente que vota nulo agora diz que vai votar. Eduardo Campos é genérico do PT, Aécio, por sua vez, realmente tem muito mais simpatia que o Eduardo Campos, mas não é oposição para valer. Quem melhor encarna o anti-PT sou eu”.

Não vai dar em nada — mas por que não apoiá-lo? Anos atrás, Bolsonaro era considerado uma aberração, um Enéas, um Cacareco extremista. Com a ascensão da pregação do rancor a um nível diário, ele deixou de ser um tio esquisitão e se viabilizou.

Se é para ser paranóico, se é para desejar a morte e linchar adversários políticos, por que não ficar com o produto verdadeiro, com alguém que faça o serviço com gosto, um justiceiro de verdade?

Em seu blog, ele listou os motivos que o levam a querer ser presidente. Bolsonaro é a esperança de quem não suporta mais:

- o PT e demais partidos de esquerda;
- a desvalorização das Forças Armadas;
- o “politicamente correto”;
- a altíssima carga tributária;
- a política externa aliada com ditaduras;
- o ativismo gay nas escolas;
- o desarmamento dos cidadãos de bem;
- a falta de política de planejamento familiar;
- as invasões do MST;
- a “indústria” de demarcações de terras indígenas;
- a não redução da maioridade penal;
- a política de destruição de valores morais e familiares nas escolas;
- a ausência da pena de morte, prisão perpétua e trabalhos forçados para presos (ainda que consideradas cláusulas pétreas na Constituição);
- as cotas raciais, que estimulam o ódio entre brasileiros e que, em muitos casos, são injustas entre os próprios cotistas;
- a Comissão Nacional da (in)Verdade, que glorifica terroristas, sequestradores e marginais que tentaram implantar, pelas armas, a ditadura do proletariado em nosso país;

E por aí vai.

Num tempo não muito distante, seria apenas um bufão. No país dos linchamentos, do rancor, do dedo na cara, do ressentimento, da relativização da tortura e do déficit civilizatório, ele é uma alternativa perfeitamente viável. O Brasil e Jair Bolsonaro finalmente se encontraram numa esquina.

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