segunda-feira, 28 de julho de 2014

Lições dos ataques à Petrobrás



                                                                                                           *José Álvaro Cardoso
     No episódio da refinaria de Pasadena, por razões eleitorais e outras ainda mais estratégicas, os críticos aproveitaram para desgastar a Petrobrás o quanto podiam. A estatal brasileira foi, durante meses, apresentada como uma empresa endividada, dominada pela corrupção e financeiramente inviável. Claro que ações equivocadas ou desonestas de investimentos, têm que ser, sempre, rigorosamente investigadas, seja em que área for, setor público ou privado. Mas os críticos aproveitaram os acontecimentos para atingir a mais importante empresa do país, localizada numa área vital de negócios e que ocupa a posição de locomotiva da economia brasileira.
     As críticas tornaram-se ainda mais ácidas em função da decisão do governo, durante a Copa do Mundo, de entregar à Petrobrás, quatro das seis áreas de cessão onerosa utilizadas como garantia no processo de capitalização da empresa. Essas áreas, que estão concentradas no campo de Franco (agora Búzios), tem entre 10 e 14 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, praticamente tudo que o país possui de reservas comprovadas. Para termos uma ideia, Franco possui 25% acima das reservas de Libra, o maior campo de petróleo descoberto no mundo nos últimos anos. Segundo avaliações dos especialistas, o campo de Franco deve disponibilizar à educação e à saúde, algo próximo a R$ 700 bilhões, fora as receitas de impostos. Para a extração das reservas a Petrobrás deverá investir no país cerca de R$ 500 bilhões, nada mal para uma empresa que alguns qualificaram como “endividada” ou “quebrada”. 
     Apesar dos ataques desferidos durante meses a fio, a empresa voltou a ser a mais valiosa do Brasil, e nestes últimos dias de julho, os papéis da estatal na bolsa de valores atingiram o valor mais elevado em 22 meses, uma alta de 72% sobre a pior cotação do ano, no mês de março. O que garante este desempenho são os seus impressionantes resultados operacionais (os que de fato importam): extração de 1,95 milhão de barris/dia de petróleo, que garante ótimos resultados financeiros. Do pré-sal a empresa já está extraindo, a partir de junho último, 500 mil barris/dia nos primeiros poços explorados (num universo de 13 bilhões de barris de reservas comprovadas). É uma marca impressionante, alcançada num tempo dramaticamente curto. A Petrobrás, conforme avaliação expressa pela sua direção, está entrando em um círculo virtuoso, no qual produz mais, fatura mais e aumenta fortemente a sua capacidade de investir.
     Qualquer multinacional do petróleo que conseguisse um desempenho próximo a este estaria soltando foguetes, pagando elevados bônus aos seus executivos e sendo endeusada por todos. No Brasil, o fato quase passou desapercebido, mal tendo sido registrado pela mídia. A Petrobrás deve ingressar, nos próximos anos, no seleto grupo das cinco maiores petroleiras mundiais em termos de produção e reservas confirmadas de petróleo. Segundo estimativas do governo, com os campos já descobertos, o pré-sal deverá disponibilizar algo próximo de R$ 1,3 trilhão à educação e a saúde, em 30 anos. Isso sem contar com as novas áreas que devem ser descobertas nos próximos anos. São dados que explicam, em boa parte, a virulência e a frequência dos ataques contra a empresa.
*Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.

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