sábado, 25 de outubro de 2014

Veja: a gente já sabia de tudo

no Carta Maior



Ora, ora: no fundo não há novidade na capa de Veja para este fim de semana eleitoral.

A gente já sabia que Veja iria tentar algo assim, com doleiro ou sem doleiro, com denúncia ou sem denúncia, algo baseado na presunçãode que o inimigo é sempre culpado, com ou sem provas, com credibilidade das denúncias ou sem, etc.

Travou-se intensa conspirata jornalística durante esta semana para tirar o PSDB do foco das denúncias do doleiro e concentrar o foco sempre no PT e agora na presidenta Dilma e, inevitavelmente, no Lula.

Neste fim de semana a direita brasileira e seus arautos estão dormindo com um pesadelo, que pode ser chamado de 12 12. São 12 anos em que seu apetite pelo Planalto ficou à míngua. Para o imaginário da direita, a possibilidade de uma vitória de da presidenta Dilma Rousseff no domingo representa mais doze anos de seca, pois para ela (a direita) isto significaria a inevitável volta do “intragável” Lula em 2018 e sua reeleição em 2022.

É verdade que falta ainda combinar com Lula, que declarou que, se depender dele, ele não será candidato. Mas para este tipo de direita, isto não  conta. Ela não aceita ser contrariada, nem mesmo em seus pesadelos.

E Veja hoje, além de ser um poço de mau jornalismo, é a vanguarda da imprensa marrom no Brasil. Uma curiosidade: a origem mais aceita para a expressão “imprensa marrom” no Brasil é de que se trata de uma tradução de “yellow press”, termo corrente para a imprensa sensacionalista e até chantagista nos Estados Unidos. “Amarela”, que seria a traduçào literal de “yellow”, não pegou, dizem alguns, porque seria uma cor alegre, identiifcada com a bandeira nacional, com a cor da camiseta da seleção, etc. Já marrom seria uma cor identificada com excremento. Há outras versões para a expressão, mas esta é a mais aceita. E Veja faz jus a ela.

A gente já sabia, portanto, que Veja ia cometer algo deste tipo. Não surpreende.
Veja também é conhecida por grandes “barrigas” – erros grosseiros de jornalismo. Como aquele de ter saído saudando a queda do presidente Hugo Chavez, da Venezuela, quando este já estava de volta ao Palácio Presidencial de Miraflores, reconduzido ao poder por um contra-golpe fulminante e popular.

A capa de Veja, aliada aos dois pedidos de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, protocolados  pelo advogado Luís Carlos Crema ao findar esta semana, mostram o caminho que a direita pretende trilhar, caso a presidenta seja reeleita. Lembram a famosa frase de Carlos Lacerda sobre Vargas:

“O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar."

“Revolução”, no nosso vocabulário político então corrente, significava simplesmente “movimento armado”, no caso, um golpe militar. Hoje, como não há mais golpes militares no nosso horizonte, o que a direita pode almejar é um golpe à la Paraguai ou Honduras, uma destituição “legal” que impeça o seu pesadelo de se realizar.

Quer dizer: a capa de Veja tem dois alvos simultâneos, a eleição deste domingo e um golpe posterior, o impeachment já sinalizado pelos pedidos do sr. Crema, caso o candidato da direita não consiga vencer.

Portanto, não há nada de novo sob o sol nem sob a chuva: de Veja, é o que a gente podia esperar.




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