Raul Longo no Portal Desacato
Um companheiro escreveu considerando
ser pela falta de um projeto de nação que as elites colonialistas
usufruem das ruas para exigir retrocesso. Discordei:
O Brasil já integrava o Mapa Mundial da
Fome muito antes do Mapa Mundial da Fome ser criado. Se após 11 anos de
vigência de um sistema de governo fomos retirados do Mapa Mundial da
Fome pelos próprios criadores desse mapa, a FAO – Food and Agriculture
Organization da ONU, é porque temos projeto de construção de uma nação.
Um país historicamente reconhecido pela
comunidade das nações como um dos maiores desníveis sociais e de
concentração de renda que em 12 anos consegue resgatar da miséria mais
de 5 milhões, evidencia obedecer a um projeto de construção de nação.
Um país que historicamente manteve
inúmeros segmentos sociais em total abandono, como ocorreu até 1986
quando os amontoados em leprosários foram entregues às suas famílias
como dependentes, ao resgatar a dignidade dos portadores de hanseníase
em 2006, oferecendo-lhes autonomia econômica através de aposentadoria
como indenização ao asilo compulsório por uma doença de tratamento
descoberto no século XIX e da qual detemos o maior número de casos em
todo o mundo; sem dúvida é porque dispõe de projeto de construção de
nação para todos seus habitantes.
Um país onde em apenas dois mandatos de
um governante se põe em atividade mais universidades e escolas técnicas
do que ao longo de toda sua história, evidentemente está seguindo um
planejamento de construção de uma nação.
Um país mundialmente considerado como
dos de maior corruptibilidade e impunidade em crimes de desvios de
valores e bens públicos, onde o número de ações para fiscalização e
combate a estes crimes salta de uma gestão de 8 anos com 48 operações de
sua Polícia Federal para cerca 3 mil operações realizadas em 12 anos
com 24.881 apreensões dos quais 2.351 eram servidores públicos
(políticos inclusive) e 119 policiais federais — contra nenhum servidor
público ou policial mandado para a cadeia no sistema de governo anterior
— indubitavelmente demonstra ter implantado um projeto de construção de
uma nação.
Não posso concordar com que precisemos
de um projeto de nação. Projeto de nação temos e se confirma pela reação
daqueles aos quais não interessa nação alguma e sim um país de economia
dependente e instável que possam desprezar por luxuosos apartamentos em
Paris ou Miami, ao sabor de iguarias exóticas, puros e inodoros pós
pós-colombianos, belas prostitutas de qualquer parte e tudo o mais que
proporcionem os paraísos fiscais prometidos aos homens de bens. Ou Benz
de germânicas Mercedes.
Não se quer uma nação, mas um país
realmente globalizado onde cada um esteja no seu lugar: a minoria como
se na América do Norte; a classe média numa Turquia onde possam se
mentir europeus. E todos o mais distante possível da maioria olvidada em
qualquer parte da África a que se reduzem exíguas edículas e senzalas
mantidas pelos mais mínimos salários.
Esse é o projeto que os move às ruas,
não o de uma nação que em tempo algum imaginaram a possibilidade de
existir, pois o Brasil é um enorme país para se corromper, não para se
viver. Muito menos para se conviver com índios que de nada servem e
negros que há 5 séculos apenas se prestam ao trabalho e ao estupro.
Contra o projeto de nação se motiva a
maior mobilização de otários pelos maiores corruptos de nossa história.
Nunca tantos foram às ruas para exigir a queda de um governo, mas será
possível acreditar que seja por ausência de algum projeto de nação? É
fácil conferir o que realmente os motiva com as respostas a algumas
perguntas simples:
Esses que se manifestam contra os
governos Lula e Dilma também se manifestaram quando apesar de nosso
potencial produtivo a maioria da população era de famintos?
Protestaram contra a exclusão social
brasileira, mundialmente apontada como criminosa? Protestaram nas tantas
vezes em que os índices de concentração de renda no Brasil eram
anunciados pelos observadores internacionais como vergonha mundial?
Protestaram contra a falta de
oportunidades e perspectivas para os milhões de crianças e jovens sem
acesso às escolas, colégios e universidades?
E agora? Estão protestando em favor
daqueles que ainda passam fome no Brasil? Dos que ainda integram grupos
socialmente excluídos?
No Brasil a evolução do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) e a redução do flagelo da forme foram
reconhecidos pela Organização das Nações Unidas, mas ainda há muitos
brasileiros a serem resgatados da miséria. É por eles ou para eles que
carregam faixas com os dizeres: “Help! We wait military intervention
now”?
Embora se tenha criado tantas
universidades, escolas e creches, há ainda muito a se fazer para que os
milhares de estudantes ingressos no sistema de ensino nos últimos anos
possam usufruir de um nível de ensino comparável ao dos países mais
desenvolvidos. É para isso que prometem nova manifestação em 12 de
Abril?
Dizem que vão protestar contra a
inflação. Mas se desde 2003 até 2014 a inflação nunca superou as metas
previstas, sempre mantida abaixo de 1 dígito, também se manifestaram
quando atingiu 20% em 2002?
Dizem que vão protestar pelos prejuízos
da Petrobrás que só este ano já recebeu 2 prêmios internacionais e tem
outro com data de entrega prevista para os próximos meses, além de já
ter iniciado sensível recuperação financeira com o aumento da produção
do Pré Sal e do preço do barril de petróleo no mercado internacional. E
com a queda da produção de xisto nos Estados Unidos também se faz
notável a retomada dos lucros da Refinaria de Pasadena.
Protestaram quando FHC pagou U$ 50
milhões (cerca de 1.500 bilhões de reais ao valor do dólar na época)
pela mudança do nome da empresa para Petrobrax? Manifestaram-se quando
foi privatizada a segunda maior empresa nacional, a Vale do Rio Doce?
Protestam por FHC ter elevado Paulo
Roberto Costa à diretoria da Petrobras, no início de seu primeiro
mandato em 1985? Protestam porque a partir daí Roberto Costa montou a
quadrilha da corrupção e o esquema que só pôde ser descoberto através
das investigações iniciadas em 2008 pela denúncia de um industrial de
componentes eletrônicos que percebeu estarem usando sua empresa para
lavagem de dinheiro?
Será contra esses corruptos que se
manifestam ou porque os corruptos estão indo para a cadeia? Protestam
contra a corrupção ou porque a corrupção está sendo investigada e
punida?
Protestam pela ausência ou pela existência de um projeto de nação?
Se não se investigasse a Petrobras
jamais se chegaria a Paulo Roberto Costa nem a Alberto Youssef que se
manteve impune apesar de em 2002 ter admitido administrar as contas
bancárias por onde se evadiram U$ 30 bilhões (90 bilhões de reais) na
privatização do Banco do Estado do Paraná para o Banco Itaú.
Esses que foram para as ruas no dia 15
de Março e irão em 12 de Abril se manifestaram quando sob a presidência
do senador Antero Paes de Barros do PSDB a CPI do BANESTADO não deu em
nada? Indignaram-se com a omissão daquela CPI que investigava Evasão de
Divisas na ordem de R$ 150 bilhões? Revoltaram-se com a impunidade
daqueles investigados, inclusive a do Alberto Youssef?
Se não foram e não vão às ruas por isso,
esse protesto de 12 de Abril é a mesma farsa. Como em 15 de Março outra
vez será uma correria de otários atrás do que o próprio punguista
aponta gritando “Pega ladrão!” E correm deixando pra trás a carteira sob
o sorriso da Globo ou do administrador do portal “Vem pra Rua” que não
pode pisar nos Estados Unidos para não ser preso por estelionato.
Exatamente o que fizeram Agripino Maia e
Ronaldo Caiado: gritaram “Pega Ladrão!” no dia 15 de Março e na semana
seguinte foram indiciados como réus em processo de corrupção. Outro foi o
primo do Beto Richa e tantos outros que põe os otários para correr
enquanto conferem o recheio das carteiras surrupiadas.
Projeto de nação sem dúvida existe. Só o
que faltava era um projeto para eliminar os que berram “Pega ladrão!”
para escamotear a própria ladroagem. E este projeto anunciado pela
Presidenta mais uma vez foi enviado ao Congresso.
Para que o Brasil se consolide como
nação decente e digna, só falta a aprovação do Congresso. Quem irá às
ruas para exigir que dessa vez aprovem o projeto que confirme a
corrupção como crime hediondo?
Em nome da segurança nacional irão às
rua para pedir por intervenção militar que feche o Congresso e envie pra
cadeia os notórios e denunciados corruptos que o presidem, transferindo
à Presidenta amplos poderes para consolidar uma nação?
Em 15 de Março todos os corruptos do
Brasil estiveram nas ruas acompanhados por mulheres histéricas e
decadentes a se desnudaram em via pública para regozijo da horda.
Estiveram ali entre colonizados a sustentar faixas com dizeres em
inglês. No meio de grosseirões a gritar palavrões ameaçadores aos
cidadãos de qualquer sexo ou idade. Junto a imbecis ostentando símbolos
nazifascistas. No meio de linchadores e de toda a escória, seguidos por
otários a atender ao grito de “Pega ladrão!”
Presencialmente ou na motivação desses
otários estiveram todos os correntistas do HSBC da Suíça para onde
destinaram a maior evasão de divisas já praticada na história do país. E
também estarão no próximo 12 de Abril gritando “Pega Ladrão” para a
correria dos otários que não percebem que os mesmos que gritam e apontam
acusando a esmo, são exatamente os que os roubam e repassam o furto ao
seus comparsas estrangeiros especuladores e banqueiros fraudulentos,
receptadores internacionais do saque do que é público em muitos países e
diversos povos que se querem respeitados como nação.
Ali estiveram e estarão no próximo 12 de
Abril a família Marinho entre outras “celebridades” da TV Globo; o João
Saad da TV Band; os colunistas da Veja; o Otávio Frias da Folha de São
Paulo; até mesmo Carlos Roberto Massa, o Ratinho do SBT, e demais ratos
de outras ratoeiras para otários que nelas caem ao grito de “Pega
ladrão!”
E há também os nem tão famosos como o
estelionatário que pela internet convida a todos: “Vem pra rua!” a troco
de alguma participação no arrecadado pelos punguistas. Um
desqualificado estelionatário, um lanceiro comissionado para despistar a
atenção dos grandes esquemas como o do HSBC, da dilapidação da
Petrobras, das subterrâneas negociatas dos Metrôs, da lista de Furnas,
etc., etc., etc…
Em 12 de Abril, na histeria e no ódio
dos otários correndo pra cima e pra baixo atrás do grito de “Pega
Ladrão!” estarão os mesmos ladrões da água do banho dos paulistas, das
negociatas e rombos da SABESP e os do narcotráfico em aeroportos
familiares de Minas Gerais a deixarem rastro de cadáveres insepultos de
assassinatos impunes.
No próximo 12 de Abril, mais uma vez as
ruas do Brasil serão ocupadas por teleguiados eletronicamente
controlados pela grande quadrilha afinada no manjado golpe do “Pega
Ladrão!” E essa correria vai continuar até que os otários quebrem a cara
nos postes que não conseguem enxergar à frente do nariz.
Quebrar-se-ão muitos desses narizes
empinados e insuflados pelos que vêm à luz do sol no remover de pedra a
pedra dos muros que escondem a corrupção de uma país ainda sem lei, mas
com um decisivo projeto para a consolidação de uma nação.
Será em exigência à aprovação desse
projeto de lei contra a corrupção que irão as ruas no dia 12 de Abril?
Ou apenas para externar barbáries, ódios e incivilidades?
Aos otários restarão os postes e já
surge outro com nome de Operação Zelotes, identificando no Banco Safra
mais alguns da quadrilha que grita “Pega Ladrão!” para a correria atrás
da estupidez ao nada, ao retrocesso da história.
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