domingo, 22 de março de 2015

Querem jogar o PT na ilegalidade

Por Bepe Damasco, em seu blog: transcrito do blog do Miro.

Está claro : nas sombras da Operação Lava Jato, o grande objetivo a ser alcançado por delegados da PF, procuradores do MP, o juiz Moro, a oposição partidária ao governo federal e o cartel da mídia é a criminalização do PT. Sonham com a cassação do registro do partido, colocando-o na ilegalidade, repetindo o que fizeram com o PCB, em 1947.

A estratégia é tão simples como abjeta : transformar as doações legais ao partido e às suas campanhas, devidamente fiscalizadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral, em propina. Ninguém recebeu mais recursos das empreiteiras da Lava Jato para a campanha eleitoral do que Aécio Neves. Mas essas doações são legais.

Candidatos a presidente, governador, deputado, senador, vereador e prefeito de praticamente todos os partidos ao longo do tempo vêm recebendo dinheiro de empreiteiras dentro da lei. Mas só o dinheiro destinado ao PT é sujo.

Os procuradores do MP, quase todos muito jovens e quase todos militantes da direita, já providenciaram uma prosaica interpretação para as doações recebidas pelo PT : são propinas disfarçadas de contribuição legal. Mas esse malabarismo retórico-jurídico só cabe para as contas petistas.

A tal lista do Janot inclui políticos de diversos partidos, da situação à oposição. Mas o foco das acusações e das manchetes midiáticas mira exclusivamente o PT. O Partido Progressista (PP) é disparado o que tem o maior número de parlamentares investigados. Mas, e daí ? E daí nada. Ninguém fala nisso.

Imaginem se os presidentes da Câmara e do Senado, também investigados pelo STF, fossem petistas ? Certamente, uma campanha pela renúncia imediata aos seus cargos já estaria em curso. Como se tratam de peemedebistas críticos à presidenta Dilma, são poupados pelo aparato reacionário que define a agenda política do país hoje.

Para romper esse cerco, e salvar seu pescoço, o PT vai ter que resgatar um mínimo da ousadia e da combatividade que ficaram perdidas lá atrás nos tempos da construção partidária e na oposição à ditadura, a Sarney, Collor e Fernando Henrique. Romper com a praga do excesso de moderação e do "republicanismo recuado" é o pontapé inicial. Seus parlamentares e figuras públicas não devem hesitar em denunciar a trama pela cassação do partido.

Mas não é só. É preciso sensibilizar entidades do peso na sociedade, como a OAB, a ABI, a CNBB, além de centrais sindicais, UNE, MST, etc, para a gravidade da situação. Lembro que Leonel Brizola recorria com frequência a entrevistas coletivas para a imprensa internacional, para romper o bloqueio midiático que sofria, capitaneado pela Rede Globo. Em 1982, ele começou a virar o jogo da fraude da Proconsult exatamente depois que a denunciou aos correspondentes da imprensa estrangeira.

E por que o PT não usa a mesma tática para denunciar ao mundo a tentativa de proscrição do partido em pleno regime democrático ? Aliás, formalmente, também foi num período democrático, sob Dutra, que o PCB teve seu registro cassado.

O PT tem contatos privilegiados e goza de prestígio no mundo inteiro, seja na esfera política, seja entre intelectuais importantes e formadores de opinião. Mais do que isso, o partido é referência e espelho para grande parte da esquerda do planeta e para governantes e dirigentes partidários até mesmo não alinhados com a ideologia petista. E o partido não pode abrir mão desse patrimônio político para garantir sua sobrevivência.

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