Por Igor Fuser (*)
O verdadeiro interesse que se esconde por
trás da atual campanha contra a Petrobrás pode ser resumido em uma
palavra: petróleo. No mundo inteiro, a política externa dos Estados
Unidos tem como principal foco o controle político dos países dotados de
valiosas reservas de energia, em especial o petróleo. Você duvida?
Olhe, então, para os principais conflitos da atualidade.
O
Iraque, que está prestes a ser invadido por tropas estadunidenses a
pretexto de combater os terroristas do Estado Islâmico, é dono da
terceira maior reserva petrolífera do planeta.
A Rússia sofre uma
forte pressão do imperialismo estadunidense e das potências europeias a
ele subordinadas (Inglaterra, França, Alemanha). Os EUA se recusam a
aceitar que o governo russo de Vladimir Pútin adote uma linha de conduta
soberana na cena internacional e na gestão dos recursos do país, entre
os quais se destacam o petróleo e o gás natural.
Essa é a raiz do
golpe de Estado do ano passado na Ucrânia. O golpe resultou na atual
guerra civil ucraniana, que as autoridades estadunidenses tratam de
fomentar por meio do envio de armas, dinheiro e assessores militares.
Também
o Irã, outro grande produtor de petróleo, há 35 anos é alvo do assédio
das potências imperialistas. Para aplicar sanções econômicas, os EUA
inventaram uma mentira sobre o programa nuclear iraniano, com base em
acusações sem provas. A maior vítima é o povo de lá, que sofre com o
isolamento do país.
E aqui na América do Sul assistimos a uma
campanha feroz contra o governo venezuelano, que está enfrentando mais
uma ofensiva golpista da direita. Desde a morte do presidente Hugo
Chávez, os EUA e a burguesia local estão tentando dar fim ao processo de
mudanças aplicado no país. Querem derrubar o governo legítimo do
presidente Nicolás Maduro para colocar as mãos, novamente, no imenso
tesouro da Venezuela: a maior reserva mundial de petróleo.
Com o
objetivo de enfraquecer governos insubmissos, os EUA orquestraram em
parceria com a Arábia Saudita, a derrubada dos preços internacionais do
petróleo. Com isso, o imperialismo espera criar uma situação econômica
difícil na Rússia, na Venezuela e no Irã, na expectativa de substituir
os atuais governantes desses países por outros, alinhados com os
interesses do Império estadunidense.
Nesse cenário, entende-se a
cobiça que o pré-sal brasileiro desperta na cabeça dos estrategistas de
Washington e nas empresas multinacionais de petróleo, quase todas
estadunidenses ou europeias. Graças ao nosso pré-sal, a maior descoberta
petrolífera das últimas décadas, a Petrobrás se tornou uma peça central
no tabuleiro mundial da energia.
Os tubarões do mercado estão de
olho nessa riqueza, mas o governo Lula adotou regras, em 2010, que
garantem o controle estatal sobre nossas reservas. É esse marco jurídico
que os inimigos do Brasil querem romper, para entregar o pré-sal ao
apetite voraz das multinacionais petroleiras, num primeiro momento, e em
seguida completar o banquete com a privatização total da Petrobrás.
*Igor Fuser é doutor em Ciência Política pela USP e professor na Universidade Federal do ABC.
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