do blog Democracia & Política
Por Amilton Sganzerla*
"Será esta uma hipótese absurda? Talvez sim, talvez nem tanto. Vejamos.
Moro não é político profissional, agrada a todos os que acham que a política é a mãe de todos os males.
Moro age como um déspota, atende a todos os que querem a volta da ditadura.
Moro é algoz da esquerda, contempla a todos os que são de direita.
Moro prende e castiga alguns grandes empresários, satisfaz a todos os que acham que a justiça não põe rico na cadeia.
Moro agrada os barões da
mídia. Por duas razões. Porque cumpre sua agenda de enfraquecer o
governo federal e porque rende uma manchete por semana. Eles precisam
também de manchetes para vender seu produto.
Moro agrada às multinacionais, porque está destruindo o pouco que temos de engenharia e tecnologia nacional.
Moro evita qualquer problema aos partidos de direita em suas investigações, porque precisará de seu apoio em futuro próximo.
Moro passa por cima da lei para punir os supostos criminosos, igualzinho aos heróis dos filmes policiais de Hollywood.
Moro cria a imagem simbólica de grande combatente da corrupção, tida como o grande e único mal do país.
Moro aparenta competência, organização e capacidade de comando, tudo o que dizem que um bom gestor precisa.
Moro prestou juramento
de vassalagem e demonstração de encantamento ao verdadeiro partido
político da direita no Brasil, a "Rede Globo" e seus donos, ao aceitar e
receber, sem conseguir esconder o deslumbramento, o Prêmio "Faz a Diferença – Personalidade do Ano" das mãos dos "marinhos".
Moro está cumprindo fielmente a agenda de tentar fulminar e destruir os principais símbolos da esquerda no país.
Não estamos
presenciando, infelizmente, um processo de combate à corrupção e, sim, a
construção de uma candidatura à Presidência da República.
Não cabe mais no Brasil o
retorno de um despotismo visualmente truculento como foi o dos
militares pós-64. O que está na chocadeira é um candidato a déspota
esclarecido e com apoio popular.
A direita brasileira
está com um plano bem pensado e arquitetado e farão com o próprio
Alckmin e o PSDB o que fizeram com Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e a
UDN em 64. Serão usados enquanto úteis e descartados na hora certa.
Moro será o candidato perfeito para o ambiente político construído. É a luva na mão para uma nova ditadura no Brasil.
Político sem aparentar
ser político, comportamento militar sem ter farda e insígnias,
popularidade midiática sem ser do povo, aparência de reformador para
evitar qualquer reforma, aparência de cidadão comum para ser legítimo
representante da elite, combatente da corrupção sendo o protetor da pior
corrupção.
A elite brasileira está com a tática do "quero-quero", ave das nossas terras: canta numa coxilha e põe os ovos na outra.
Caso o ninho venha a
chocar, na hora certa, Moro renunciará à função de magistrado, vai se
filiar a um pequeno partido e construirá uma ampla aliança de direita. E
o restante a "Globo" e seus satélites farão.
A principal forma de
evitar assaltos ainda é a capacidade de prever os movimentos dos
assaltantes e, assim, tomar medidas para que não aconteça.
Há um assalto em
andamento contra a democracia brasileira e as poucas conquistas sociais
obtidas neste curto espaço democrático conquistado de 1988 até hoje.
O despotismo esclarecido está em gestação no Brasil.
O mundo das aparências encobre a essência do mundo. Hoje, no Brasil, mais do que nunca.
Precisamos desmascarar o plano para que o mesmo não se complete."
FONTE: escrito
por Amilton Sganzeria, "filósofo de meia idade", que vive em Porto
Alegre. Artigo escrito para o Blog "Escrevinhador" e transcrito no
portal "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/178772/Fil%C3%B3sofo-ironiza-e-faz-campanha-para-Moro-presidente.htm).
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