domingo, 19 de julho de 2015

A serenidade de Dilma versus o desespero de Cunha

19 de julho de 2015 | 10:39 Autor: Miguel do Rosário
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A nota do blog do Planalto, que reproduzo abaixo, é de dois dias atrás, mas ainda vale compartilhar, porque representa o que poderíamos chamar de contraponto da serenidade e responsabilidade da mulher, contra a truculência e desespero do homem.
Os leitores sabem que tenho feito inúmeras críticas à Dilma, sobretudo à apatia política de seu governo. É o governo mais silencioso e mais apático da história da república. Nenhum ministro fala nada. Nenhum ministro tem um mísero blog, ninguém participa do debate público, defendendo as posições do governo.
A presidente quase não dá entrevistas. Quando o faz, é para a Globo, às três horas da manhã. Não tem porta-voz. O novo secretário de imprensa, Nelson Breve, é um mudo que, segundo as más línguas, odeia blogs, imprensa alternativa e morre de amores por Reinaldo Azevedo.
Depois de uma campanha centrada na ideia de mudança, o blog do Planalto não teve a iniciativa nem de mudar sequer suas cores, aprimorar o design, energizar a linha editorial. Nada. Ficou na mesma. Um blog pasmacento cujos posts tem nível de compartilhamento absolutamente medíocre.
Entretanto, não podemos negar uma virtude fundamental da presidenta Dilma: a serenidade.
Diante dos ataques de fúria e histeria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao governo, aprovando CPIs por pura vingança (vingança de quê, não sabemos, porque só mesmo um parvo para acreditar que o governo Dilma tenha qualquer ingerência na Lava Jato), o contraste entre a serenidade e o desespero ficou muito claro.
Na verdade, Cunha decepcionou quem o considerava um pouco mais sofisticado. O seu pronunciamento no dia 17 foi incrivelmente tosco. Parecia um vídeo de um candidato à prefeito de terceira categoria, tipo Eymael.
A sua reação à denúncia do delator contra sua pessoa também se revelou tosca.
Ao correr para abrir CPIs contra o governo, ele esvaziou, de antemão, as próprias CPIs, marcando-as não com o interesse republicano de investigar irregularidades e crimes, mas somente com o sentimento egoísta do ódio, da vingança, sem nenhum senso de responsabilidade em relação à estabilidade econômica e política do país, condição necessária para nosso desenvolvimento.
Trincou-se a blindagem midiática à Eduardo Cunha. Agora pudemos ver com mais clareza quem ele é: um monstrengo político, uma figura com zero responsabilidade em relação ao país, ou seja, totalmente despreparado para ocupar o cargo de presidente da câmara.
A grande pergunta que se faz agora é: a Globo protegerá seu queridinho Cunha, a esperança do impeachment?
Merval Pereira, principal colunista político da Globo, continua berrando, aos quatro ventos, que é hora do golpe, que não se pode perder tempo, etc.
Voltando à Dilma, a nota do Planalto, comentando as manifestações histéricas de Cunha, correspondem a um sopro de serenidade sobre o chauvinismo vulgar, o descontrole, do presidente da câmara.
Com todo o respeito a quem gosta de tomar sua cervejinha tranquilamente, a reação de Cunha – abrindo CPIs, jurando vingança, babando ódio – parece a de um destes bêbados violentos que chegam em casa de madrugada e batem na mulher e nas filhas.
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No Blog do Planalto
Sexta-feira, 17 de julho de 2015 às 14:57
Governo emite nota sobre declarações do presidente da Câmara dos Deputados
Nota Oficial
Veja, abaixo, nota à imprensa publicada nesta sexta-feira (17) sobre as declarações do presidente da Câmara dos Deputados:
“1) Desde o governo do presidente Lula e durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o PMDB vem integrando as forças políticas que dão sustentação a esse projeto que vem transformando o País. Tanto o vice-presidente da República como os ministros e parlamentares do PMDB tiveram e continuam tendo um papel importante no governo.
2) O presidente da Câmara anunciou uma posição de cunho estritamente pessoal. O governo espera que esta posição não se reflita nas decisões e nas ações da Presidência da Câmara que devem ser pautados pela imparcialidade e pela impessoalidade. O Brasil tem uma institucionalidade forte. Os Poderes devem conviver com harmonia, na conformidade do que estabelecem os princípios do Estado de Direito. E neste momento em que importantes desafios devem ser enfrentados pelo País, os Poderes devem agir com comedimento, razoabilidade e equilíbrio na formulação das leis e das políticas públicas.
3) O governo sempre teve e tem atuado com total isenção em relação às investigações realizadas pelas autoridades competentes, só intervindo quando há indícios de abuso ou desvio de poder praticados por agentes que atuam no campo das suas atribuições. A própria Receita Federal esclarece que integra a força-tarefa que participa das investigações da operação “Lava-Jato”, atuando no âmbito das suas competências legais, em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal seguindo determinações dos órgãos responsáveis pelas investigações.
Secretaria de Comunicação da Presidência da República. “


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