segunda-feira, 31 de agosto de 2015

As eleições terminaram em outubro. Só que não…

mobius
Aproprio-me da gíria da garotada e da ideia muito bem exposta por José Roberto de Toledo, hoje, no Estadão para tratar de algo que, de fato, representa uma baita parcela de nossas dificuldades econômicas.
Outra parte, é certo, vem do próprio Governo, que não consegue entender que, sem política, nenhuma administração pública funciona. E isso vale mais ainda para as de austeridade que para os momentos pródigos, onde a fartura serena espíritos naturalmente.
Mas é inegável que a economia, a esta altura, é mais influenciada do que influenciadora da política.
O exemplo tomado por Toledo, o discurso “fora da curva” de Geraldo Alckmin ao chamar o PT de praga da qual precisaria o Brasil se livrar, é apenas mais um dos muitos que se pode encontrar para ver que, em lugar da disputa política, o que se coloca em xeque é a própria legitimidade da democracia que, afinal, provêm do voto.
E é evidente que isso está ocorrendo desde a noite daquele domingo de outubro em que o TSE divulgou a vitória de Dilma Rousseff.
Formou-se uma “aliança” espúria entre mídia, oposição, corporativismo parlamentar, setores do Judiciário – com o tempero exótico de grupelhos de extrema -direita e de uma nova camada de udenismo de classe média não para mudar ou pressionar por políticas de governo, mas para desejar e construir a queda do Governo.
Um movimento ilegítimo que encontra eco na incapacidade do Governo  reagir, sempre tonto com as pancadas que, toda semana, recebe e com outras que ele próprio desfecha em si mesmo, como esta da CPMF, que perdeu a chance de colocar na “Agenda Brasil” de Renan Calheiros quando ali se propôs “cobrar pelo SUS” e se deixou levantar como “intenção” sem que houvesse a menor condição política de faze-la retornar na mesma forma.
As “bandeiras” que o Governo levantou se assemelharam demais à dos adversários e as que eles, esperta e cinicamente, elevaram se pareciam com as nossas.
E como se permite que siga um clima eleitoral – onde a radicalização das posições é todo o tempo estimulada – é nele que, inexoravelmente, estamos.
De pouco adiantará apelar a que não estejamos, portanto.
O que é preciso, sim, é que as posições políticas se tornem claras e o projeto histórico permanentemente  reafirmado.
É na política que se encontrará forças para a recuperação de uma economia que, verdade, sente os efeitos da crise mundial mas que, aqui, sente mais ainda o peso do pessimismo, da incerteza e da falta de horizontes palpáveis e realizáveis.
Por isso é que nem mesmo se pode dizer que o “ajuste fiscal” de Joaquim Levy não funcionou – e ele tem, em si, uma lógica perversa recessiva. É que nem as medidas conservadoras que nele se embutiam puderam se realizar, porque a política não o deixou.
É política, política na veia do que precisamos, porque sem ela só teremos tremores.

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