domingo, 25 de outubro de 2015

Discurso de representante do DIEESE na sessão solene da ALESC em 20 de outubro de 2015



BOA NOITE A TODAS E A TODOS.
EM NOME DA NOSSA EQUIPE AGRADEÇO A ESTA CASA PELA HOMENAGEM AO DIEESE. VAI AQUI NOSSA SAUDAÇÃO E AGRADECIMENTOS ESPECIAIS AO DEPUTADO DIRCEU DRESCH, DO PARTIDO DOS TRABALHADORES, PELA GENTILEZA DE ENCAMINHAR A HOMENAGEM AO DIEESE NOS SEUS 60 ANOS DE EXISTÊNCIA (QUE SERÃO COMPLETADOS EM 22 DE DEZEMBRO).
AGRADECIMENTOS A TODOS OS COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS PRESENTES. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS A TODOS OS DIRIGENTES E ÀS DIRIGENTES SINDICAIS E SOCIAIS QUE AQUI COMPARECERAM.
AGRADECIMENTOS FRATERNOS À DIREÇÃO DO DIEESE (EM BOA PARTE AQUI PRESENTE E TAMBÉM AOS COMPANHEIROS QUE NÃO PODEM ESTAR AQUI CONOSCO). AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL AO COORDENADOR DA DIREÇÃO SINDICAL, IVO CASTANHEIRA, QUE TEM PRESTIGIADO O DIEESE EM TODAS OS ESPAÇOS E INSTÂNCIAS DO MOVIMENTO SINDICAL.
AGRADECIMENTOS ÀS CENTRAIS SINDICAIS, PARCEIRAS DE TODAS AS HORAS E PARA O QUE DER E VIER
ESTA HOMENAGEM AO DIEESE, É TAMBÉM A HOMENAGEM AOS VALOROSOS FUNCIONÁRIOS DA INSTITUIÇÃO, QUE, COM SEU TRABALHO DEDICADO E CRITERIOSO, PRESERVAM O ÚNICO PATRIMÔNIO QUE O DEPARTAMENTO POSSUI, QUE É A SUA CREDIBILIDADE (RECONHECIDA ATÉ PELOS PATRÕES). COMO SÃO POUCOS FUNCIONÁRIOS, É POSSÍVEL NOMINÁ-LOS: CRISTIANE, MAIRON, SAMYA, TAMARA, MAURÍCIO E JÉSSICA.
APROVEITO AQUI PARA FAZER UM AGRADECIMENTO AO PRIMEIRO FUNCIONÁRIO DO DIEESE EM SANTA CATARINA, MEU AMIGO AFRÂNIO BOPPRÉ, SUJEITO FUNDAMENTAL NA CONSTRUÇÃO DO ESCRITÓRIO AQUI EM SANTA CATARINA (HOJE VEREADOR DE FLORIANÓPOLIS, JÁ FOI PARLAMENTAR DESTA CASA).
MEUS AMIGOS, ESTA HOMENAGEM AO DIEESE, INICIATIVA DO DEPUTADO DRESCH, NA VERDADE, É UMA HOMENAGEM A TODO O MOVIMENTO SINDICAL DE SANTA CATARINA. Esta sessão solene, no fundo, é uma homenagem aos trabalhadores catarinenses. O DIEESE é uma criação do movimento sindical brasileiro, do distante ano de 1955. Se não houvessem sindicatos fortes no Brasil e em Santa Catarina, o DIEESE nem mesmo existiria. Portanto, meus caros amigos, esta sessão especial relativa aos 60 anos do DIEESE é, no fundo, uma homenagem aos trabalhadores do campo e da cidade, que constroem o progresso do nosso estado e do nosso país, assim como uma homenagem às entidades que os representam.
No fundo esta é uma homenagem ao trabalhador e à trabalhadora mais humildes, mais explorados, cujo trabalho anônimo é muitas vezes considerado desprezível pelas elites econômicas e políticas. Mas de fato, como sabemos, são eles que carregam esse maravilhoso país continente nas costas. Esta homenagem ao DIEESE é uma saudação aos trabalhadores rurais, os de salário mínimo, os negros, as mulheres, a todo o povo sofrido, que é o que temos de melhor e quem dá a este país o sentido de nação.
Esta homenagem se estende também àquele favelado que, muitas vezes sem ter o que comer, mantêm hasteada no alto da sua casinha caindo aos pedaços, a bandeira nacional, uma devoção completamente desinteressada, fruto do mais sincero amor ao Brasil.
COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS:
Um dos fundadores do DIEESE, o dirigente sindical Tenorinho, como era conhecido esse pernambucano do sindicato dos Laticínios de SP, nascido em 1923 e falecido há poucos anos atrás (em janeiro de 2010), a quem tivemos (alguns de nós) a honra de conhecer pessoalmente, disse o seguinte:
“O Dieese passou por todo um sistema de preparação. Ele não surgiu de um estalo, não. Ele foi fruto de todo um acúmulo de aprendizagem”.
Companheiros e companheiras:
Lá se vão seis décadas de aprendizagem. O tempo passou, levado também pelo vento das lutas. Hoje, como antes, sintonizados com o presente e conectados com os desafios de futuro, rendemos nossa homenagem aos milhares de tenorinhos, leninas, salvadores e mônicas (todos fundadores), que construíram, com muito trabalho militante e compromisso com a justiça e a solidariedade, uma instituição a serviço da classe trabalhadora. Poderiam ser também milhares de: Castanheiras, Suelis, Rubinis, Davis, Jorges, Jânios, Godinhos, Altamiros, Dirceus, Alanos, Afrânios, Carlos e tanto outros presentes aqui.
O movimento sindical brasileiro, há 60 anos, em determinado momento de suas batalhas pela justiça, soberania e igualdade, percebeu que poderia se aperfeiçoar, se dispusesse de uma instituição calcada na ciência, mas que estivesse a serviço da classe trabalhadora brasileira. Em 1955 a luta por objetivos comuns entre os trabalhadores, com muitas dificuldades, criou as condições para a construção de uma entidade técnica, plural e unitária. Nascia o Dieese, instituição de pesquisa e assessoria, que tem características peculiares entre as organizações de trabalhadores de todo o mundo.

Desde então, os dirigentes entendem muito bem o papel do conhecimento na luta social e o poder e a capacidade que ele gera para o debate público.  As primeiras pesquisas, sobre custo de vida, já abriram a demanda para a assessoria, nas negociações com os empregadores e os governantes locais. O trabalho evidenciou que o conhecimento produzido deveria favorecer, além da assessoria às lutas sindicais e às negociações coletivas, o investimento em formação sindical. Assim foi feito durante décadas.

Hoje o Dieese trabalha para consolidar presença nacional, com a realização da Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos em todas as capitais brasileiras. E na nossa querida Brusque, uma das únicas duas cidades do Brasil onde é feita a pesquisa fora das capitais. Graças à parceria entre DIEESE e o Sindicato dos Trabalhadores em Fiação e Tecelagem (SINTRAFITE) de Brusque, a quem aproveitamos para agradecer neste momento, através dos diretores presentes, pela parceria histórica.
À medida que a sociedade brasileira se tornou mais complexa (afinal o Brasil, nestes 60 anos, conquistou a posição de 7ª economia do mundo), a demanda temática do movimento sindical se ampliou. Atualmente, o Dieese assessora o movimento sindical em mais de 40 temas (salário mínimo, reforma tributária, terceirização, rotatividade, informalidade, previdência social, seguridade social, política industrial, orçamento público, questões de gênero, raça e juventude, e por aí afora). A diversidade de questões é bastante ampla e de grande complexidade. Pesquisas, estudos, notas técnicas, anuários, livros, seminários, debates, oficinas são exemplos das várias maneiras de se disponibilizar permanentemente a produção técnica.

Há dez anos atrás, ao completar 50 anos, o Dieese perguntou às entidades sindicais filiadas se o projeto que deu origem à instituição (de criar uma universidade do trabalhador), ainda estava no horizonte. A resposta foi sim e, desde então, têm sido feitos investimentos para a construção da Escola Dieese de Ciências do Trabalho, hoje em pleno funcionamento. Reconhecida pelo Ministério da Educação, a instituição acaba de formar a primeira turma de bacharéis em Ciências do Trabalho, que, em setembro último, receberam os certificados de conclusão da graduação.
O movimento sindical hoje mostra-se conectado com sua história porque mantém e renova os fundamentos originais do Dieese: a unidade, a diversidade intersindical (tão bem representada aqui) e a autonomia técnica do trabalho. Mas vai além, pois aposta na capacidade de organização para produzir conhecimento e enfrentar as questões que estão presentes hoje na agenda do sindicalismo e da sociedade.
As profundas mudanças no mundo do trabalho, nos processos produtivos, na produção do conhecimento, em uma sociedade que amplia o campo dos serviços e se integra economicamente, ocorrem em um cenário em que cresce a desigualdade no mundo. Mais da metade da população global vive na pobreza. O meio ambiente também tem sido penalizado.
Os desafios políticos ganham maior relevância. É urgente empenhar esforços para que a igualdade, a justiça, a ética, a solidariedade e a cooperação voltem a ter centralidade nas relações sociais. Manter o Dieese é a decisão de dirigentes que apostam nesta agenda e no papel de uma instituição que mobiliza competência cognitiva para gerar conhecimento a serviço dos trabalhadores.
Foi Marx quem observou que “os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente”. Assim foi o DIEESE nestes primeiros 60 anos de vida: construído com base na vontade dos trabalhadores e nas possibilidades colocadas pelas circunstâncias históricas.
Senhores e senhoras, o DIEESE tem que se orgulhar muito de ser criação do movimento sindical brasileiro. Isto porque, o movimento sindical, enquanto instrumento de defesa dos direitos e interesses da maioria da sociedade, especialmente dos trabalhadores, representa conquista fundamental do processo civilizatório.
Sem organização dos trabalhadores via sindicatos, não disporíamos de regulamentação da jornada de trabalho, salário mínimo, seguro desemprego, sistema público de saúde e demais conquistas sociais, obtidas à duríssimas penas ao longo da história mundial do trabalho. Avanços, registre-se, que continuam sempre em disputa, já que nas crises cíclicas do capitalismo, o corte dos investimentos sociais surge invariavelmente como solução (entre aspas), como estamos assistindo neste momento, no Brasil.
Vejam, por exemplo, o Programa Bolsa Família que, apesar de utilizar meros 0,5% do PIB para retirar 55 milhões de brasileiros do flagelo da fome, é alvo permanente de pesadas críticas. Enquanto, por outro lado, se desperdiça 400 bilhões de reais por ano com o serviço da dívida pública, para enriquecer 20.000 famílias, e poucos falam nisso.
As organizações sindicais, não raro acusadas de atrapalharem a “harmonia” entre capital e trabalho, têm sido protagonistas em momentos decisivos da história do país. A começar pela maior, mais profunda e prolongada mobilização popular da história do Brasil, a luta pelo “Petróleo é Nosso”, contra o entreguismo do petróleo aos estrangeiros e pela fundação da Petrobrás. Esta que é hoje a maior empresa de petróleo do mundo (de capital aberto), e detentora da mais sofisticada tecnologia de extração de petróleo em águas profundas e ultra profundas.
Hoje, como alguém já falou, “A Petrobras é a zeladora constitucional da maior riqueza natural que o povo brasileiro ainda tem, que é o petróleo e o gás, para pensar em um projeto de desenvolvimento nacional. É a única forma de rompermos os grilhões com o imperialismo e construirmos uma economia brasileira a serviço do povo”.
A história recente do Brasil também testemunhou o engajamento do movimento sindical nas lutas populares, no combate à ditadura militar, na luta pela anistia política, na campanha pelas eleições diretas, na Constituinte de 1988, na campanha pelo impeachment no início dos anos de 1990.
Esse protagonismo do movimento sindical e social, muito frequentemente, desperta a ira dos setores conservadores, que não vacilam em alvejar as organizações sindicais, seja com a intenção de afastá-las das decisões, seja para gerar na sociedade o preconceito contra essas organizações, desestimulando a participação dos cidadãos nas suas instâncias.

Santa Catarina deu exemplo recente da importância da organização sindical, na vitoriosa luta pela implantação dos pisos estaduais de salários, obtidos em 2009. Foram quatro anos de perseverante luta do movimento sindical catarinense, liderado pelas centrais e assessorado pelo Dieese, que culminaram com uma das maiores conquistas dos trabalhadores catarinenses. A campanha pela implantação dos pisos contou inclusive, com o inestimável apoio de parlamentares dessa casa, como foi o caso do deputado Dirceu Dresch, que atuou como um canal fundamental de comunicação entre o movimento sindical e os parlamentares.
Companheiros e companheiras, o movimento sindical e o DIEESE são especialmente importantes neste momento em que o país atravessa uma situação política extremamente grave e turbulenta. Grupos ligados à extrema direita, inclusive com vinculação internacional, saíram literalmente do armário e conspiram abertamente contra a democracia, conquista histórica do povo brasileiro. Obtida, muitas vezes, com o sacrifício da própria vida de muitos compatriotas.
O comportamento da direita tem estimulado uma escalada inusitada de ódio de classe, preconceito de todos os tipos e manifestações racistas e fascistas cada vez mais frequentes e ousadas. Nós, brasileiros e democratas, temos a obrigação cívica de subir o tom contra os fascistas e entreguistas de todos os naipes. Não podemos deixar nenhuma agressão sem resposta, usando, principalmente, as possibilidades legais e democráticas que a Constituição Federal oferece.
ENCERRO COM AGRADECIMENTOS ESPECIAIS A ESTA CASA, E AOS VALIOSOS MILITANTES DO MOVIMENTO SINDICAL E SOCIAL AQUI PRESENTES; AGRADECIMENTO ESPECIAIS AOS PARLAMENTARES DESTA CASA. AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL AO DEPUTADO DIRCEU DRESCH, QUE VIABILIZOU ESTA HOMENAGEM AO DIEESE. AGRADECIMENTOS MUITO SINCEROS À VALIOSA EQUIPE DO COMPANHEIRO DIRCEU (ANA PAULA, ISABEL, FABIANE E DEMAIS), QUE FORAM IMPRESCINDÍVEIS NA ORGANIZAÇÃO DESSE EVENTO.
VIVA O BRASIL, VIVA OS TRABALHADORES, VIVA O POVO BRASILEIRO!
MUITO OBRIGADO.
*Material elaborado com base em textos de Clemente Ganz Lúcio (sociólogo e diretor técnico do Dieese) e de José Álvaro Cardoso (equipe do Dieese de Santa Catarina).

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