quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O impeachment nasceu na Veja, engravidado pelo PSDB

Por · no Tijolaço
vejaimpech

Recebi um texto ótimo, de um companheiro de profissão que prefere não se expor (o que, nestes tempos de cólera, é mais que compreensível).

É um precioso resgate de como nasceu a onda do impeachment.

Com pai, mãe, data, hora e local de seu partejamento.

Nos estúdios imundos da “TV Veja”, apenas cinco minutos depois que os resultados, ainda parciais, das eleições evidenciavam a vitória de Dilma Rousseff.

Joyce Hasselman, a Sheherazade da revista, e Reinaldo Azevedo – que dispensa apresentações não deixaram passar cinco minutos da definição da vitória de Dilma para defender sua derrubada.

Ah, sim, claro que “democraticamente”, como se disse em todos os golpes, que vierem defender a liberdade com repressão e a vontade do povo com a imposição de seus próprios ditames.

Falo menos e deixo que você acompanhe o texto. Ao final, mostro, editado, o vídeo que registra o nascimento do “bebê de Rosemary”, devidamente editado porque seria um atentado reproduzir as massacrantes nove horas e pico  do bombardeio da Veja no dia das eleições que, para os céticos, podem ser vistos – não recomendo a tortura – aqui.

Preferi editar um resumo, que sustenta e comprova o que meu amigo falou.

É um documento histórico, embora vergonhoso, sobre um atentado à democracia que se iniciou mesmo antes de concluídos os resultados eleitorais.

O momento zero do impeachment,
cinco minutos após o resultado das urnas

O clima era de descontração. Falavam alto, riam, porque falavam mal de Lula. Reinaldo Azevedo havia até imitado o ex-presidente.

De repente, chega a hora que todos esperavam. Com as urnas fechadas no Acre, o TSE divulgava o resultado da eleição presidencial, e a parcial eleitoral de 95% das urnas era soprada pelo ponto eletrônico no ouvido da apresentadora de Veja.

O humor dos 3 debatedores – além de “Tio Rei”, Augusto Nunes e Ricardo Setti – muda na hora. Silêncio e consternação no estúdio da “TVeja”, a “TV de Veja”. Dilma Rousseff havia ganhado as eleições de 2014.
Há quase um ano o Brasil perde tempo com a tentativa infantil de parte da oposição, liderada pelo derrotado inconformado Aécio Neves, de reverter o resultado das urnas.

Quando exatamente começou essa bobagem?

O vídeo da cobertura da Veja mostra o momento exato.

A palavra, a possibilidade de “impeachment” surge da boca da jornalista condenada por plágio Joyce Hasselman apenas 5 minutos depois de anunciado o resultado eleitoral. É a primeira pergunta que ela faz aos debatedores, não sabemos se de sua autoria, ou se alguém da produção lhe soprou esse vento na sua cabeça.
Naquela época não se perguntava nas redes se “quem assumia é o Aécio”, a cada pessoa que cai de qualquer função. Eduardo Cunha ainda não era presidente da Câmara e não sabíamos que seu Porsche era propriedade de Jesus.

Ninguém tinha discutido ainda a questão de que um presidente reeleito não pode sofrer impeachment por atos cometidos no mandato anterior. Kim Kataguiri era apenas um estudante frustrado de economia de uma universidade pública criada por Lula no ABC. A Câmara não tinha ainda empurrado “pautas-bomba” e uma agenda conservadora, enfim, o país não tinha perdido tempo com todas as bobagens com as quais se desgastou.
Mas lá estava Veja.

Antes do resultado, destilando seu ódio contra Lula (nunca pararam e voltarão ainda com mais força quando tiverem que aceitar de vez a eleição) , decretando que Aécio era o líder da oposição, o Caprilles brasileiro, e que o resultado eleitoral não era verdadeiro.

Quanto custou ao Brasil essa discussão estúpida de impeachment? Quanto fragilizou nossa economia em um momento difícil, quanto palco deu para todo o tipo de picareta (Agripino, Paulinho, Alexandre Frota, Lobão, Diogo Mainardi) essa discussão imbecil de impeachment?

Levou apenas cinco minutos depois da eleição para os golpistas arregaçarem suas mangas. O anúncio do  resultado eleitoral sei em meros cinco minutos surge a  palavra impeachment .
 E desde então, há um ano, não para mais, numa discussão  que os democratas brasileiros devem colocar no seu devido lugar.

A mão que balança o berço do impeachment tem bem claras suas digitais.



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