A Petrobras vai chegar ao final deste
ano com US$ 20 bilhões em caixa, o dobro do que estava previsto. A
informação é do presidente da estatal, Aldemir Bendine, que depôs nesta
quarta-feira (14) na CPI da Petrobras. “A empresa ainda é o principal
player de um ciclo virtuoso da economia brasileira. Apesar dos
problemas, a Petrobras ainda mantém um nível significativo de
investimentos, mesmo que menor que o de anos anteriores. Este ano os
investimentos devem ficar entre US$ 25 bilhões e US$ 27 bilhões, quase
R$ 100 bilhões”, destacou o executivo.
Aldemir Bendine, respondendo a perguntas
dos deputados, em especial do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio
(PT-RJ), mencionou as medidas adotadas por ele nesses últimos oito meses
em que está à frente da Petrobras. “Nesse período aprovamos os balanços
auditados da companhia, foram feitos ajustes de ativos, patrimônio e
resultados da empresa, fizemos uma série de captações e negociações com
mercados interno e externo de quase US$ 11 bilhões e foi nomeado um novo
Conselho de Administração”, listou.
O presidente da Petrobras garantiu ainda
que o novo modelo de gestão e governança da estatal é transparente,
blindado e privilegia as decisões colegiadas. “O que a gente tem buscado
é um modelo com capacidade de gestão efetiva para a empresa e, ao mesmo
tempo, a reforma na sua governança para que ela possa mitigar situações
como vivenciou no passado e, ao mesmo tempo, sem perder sua agilidade e
termos conforto nas decisões tomadas”, declarou.
Prioridades – Bendine
listou quatro pontos vitais para a recuperação da empresa e o
enfrentamento dos desafios diante do preço baixo do barril de petróleo
no mercado internacional e a dívida acima da meta. “Estamos priorizando
os investimentos, com 82% do total, na área de produção e exploração de
petróleo, que é a principal atividade da empresa”, afirmou.
Em segundo lugar, ele disse que a
Petrobras está trabalhando na redução de gastos operacionais. “Nossa
meta é reduzir custos gerenciáveis do plano de negócios em até US$ 12
bilhões nos próximos anos”, informou. O terceiro ponto citado por
Bendine é redução da dívida e a garantia da financiabilidade da empresa.
“As captações junto ao mercado financeiro permitiram melhoria na
dívida, com prazos mais longos e juros mais baixos. Só o escalonamento
de dívida deste ano garantiu uma economia de US$ 3,8 bilhões este ano,
enfatizou.
Fornecedores – Ademir
Bendine informou também que 32 empresas foram bloqueadas cautelarmente
no trabalho com a companhia devido às investigações da Operação Lava
Jato. Por isso, explicou, a Petrobras está revendo a situação cadastral
de todos os seus fornecedores. “Vamos submeter 12 mil empresas a um novo
modelo de relação com fornecedores, que pressupõe avaliação de
idoneidade. Cerca de dois mil fornecedores já passaram por esse processo
de integridade desde agosto”, citou.
Desinvestimento – O
presidente da Petrobras também disse que o desinvestimento da companhia
faz parte de um ciclo do mercado mundial de petróleo e não apenas da
empresa. “Outras petrolíferas também têm feito isso. Lógico que temos
que dosar isso com maior força por conta da dívida”, esclareceu,
lembrando que a Petrobras reduziu em 30% os investimentos este ano, e
que a redução média do desinvestimento de outras companhias do setor tem
sido de 20%.
Produção – Bendine
disse aos parlamentares que a Petrobras tem capacidade de produzir
petróleo por 19 anos sem novas descobertas. O que coloca a estatal
brasileira em uma das melhores posições no mundo. Ele explicou ainda que
a nova meta de produção de petróleo da empresa foi reduzida de 4
milhões de barris/dia para 2,8 milhões de barris/dia.
Sete Brasil – O
presidente da Petrobras explicou que a estatal está renegociando os 28
contratos para construção de navios-plataforma assinados com a empresa
Sete Brasil, que enfrenta dificuldades financeiras desde a deflagração
da Operação Lava Jato. “Vamos adequar a construção dos navios, o projeto
será mantido, mas com menor envergadura”, afirmou. Ele também informou
que a empresa vai concluir as obras da refinaria Abreu e Lima, em
Pernambuco, e está buscando parceiros internacionais para concluir o
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Orgulho – Bendine fez
questão de afirmar que, apesar dos desafios, a Petrobras voltará a ser
“motivo de orgulho para todo cidadão brasileiro, sendo uma empresa mais
enxuta e com resultados robustos”.
O deputado Leo de Brito (PT-AC), falando
pela liderança do partido, lembrou que há seis meses, quando a CPI foi
instalada, a oposição “decretou a morte, a falência” da Petrobras. “Teve
erros sim, mas que por tudo que apuramos aqui e pelo que o Ademir
Bendine explicou nesta audiência, eles estão sendo corrigidos e a
estatal continue firme, buscando financiamentos, investindo, mudando
modelo de gestão, reduzindo gastos, aumentando transparência e batendo
recorde na produção do pré-sal”, argumentou o parlamentar.
Leo de Brito acrescentou ainda que
confia na Petrobras e defendeu o modelo de partilha como o mais adequado
para a exploração do petróleo. “É esse modelo que garantirá os recursos
fundamentais para a educação, ciência e tecnologia e saúde”, afirmou o
petista.
Por Vânia Rodrigues, do PT na Câmara
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