Por Bruno Bortolucci Baghim
No Blog Pessoal dos Direitos Humanos
Mais uma pérola dos homens de bem desse Brasil.
A rigor, não importa se o sujeito é petista ou tucano. Não se trata de decidir qual lado é o certo, quem roubou mais ou menos, quem é o bandido. A questão é mais simples: não se ofende uma pessoa no meio da rua, de forma gratuita, covarde e estúpida, única e exclusivamente por suas convicções políticas.
Em junho deste ano Umberto Eco disse que a internet deu voz a uma legião de imbecis[1], e acertou em cheio. O grande perigo é que estes mesmos imbecis perderam o pudor, e agora vomitam seus impropérios nas ruas à luz do dia – ou na movimentada noite do Leblon.
Aliás, Chico Buarque não é caso isolado: Eduardo Suplicy e Fernando Haddad foram hostilizados em uma das maiores livrarias da capital paulista. Alexandre Padilha, ex-Ministro da Saúde, foi atacado por mais de uma vez em restaurantes. Isso sem falar do ex-Ministro da Fazenda, Guido Mantega, atacado por ao menos três vezes, uma delas em pleno Hospital Albert Einstein, quando visitava a esposa. Todos alvo de pessoas absolutamente incapazes de conviver com a democracia, e que ainda encontram eco em milhões de outros indivíduos que, regozijados, espalham os vídeos das agressões pelas redes sociais – a imbecilidade que sai da internet invariavelmente a ela retorna.
Tem que se achar muito bom, muito “foda” (com o perdão do palavrão), para poder dizer a Chico Buarque que ele é um “merda”. Logo ele, um dos maiores ícones - senão o maior – da música brasileira e da nossa própria História. Sempre atrelado às lutas sociais, desde os tempos da repressão, em que foi ferrenho opositor da Ditadura Militar. Chico nunca se acovardou, e tanto é assim que humildemente concedeu parte do seu tempo ao grupo que gratuitamente o hostilizava. Mas Chico teria um grave defeito: ser petista. A mácula que hoje destrói qualquer biografia. O xingamento padrão de qualquer “pessoa de bem”. A discussão vai mal? Basta chamar o seu contendor de “petista”. A razão magicamente muda de lado e nenhum outro argumento do “petralha” valerá. E seja ele quem for: um grande jurista, um líder respeitado, um artista. O petismo automaticamente o atira ao fosso de uma ignorância quase animalesca.
As pessoas que hostilizaram Chico são da mesma estirpe das que disseminam o ódio pela Internet. Contrários a benefícios assistenciais, cotas raciais e outras ações afirmativas. Que vestem a camisa da CBF para clamar contra a corrupção e pedem a volta dos militares. Que negam a existência do racismo e da homofobia. Adeptos do discurso do “bandido bom é bandido morto”, tentam linchar uma criança em plena praia de Copacabana. Também acham que refugiados haitianos e médicos cubanos são guerrilheiros infiltrados. Os paranoicos de sempre.
Umberto Eco tinha razão.
E Chico Buarque continua sendo um gênio.
Bruno Bortolucci Baghim é Defensor Público do Estado em São Paulo, membro do Núcleo de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito da Defensoria Pública, especialista em Ciências Criminais e Direito Constitucional, e idealizador do Pessoal dos Direitos Humanos
Feliz Natal! Estas pessoas são doentes mentais que só ficam em frente as bancas de jornais lendo as noticias sem fundamentos preparadas para vender jornais e iludir o povo. Povo brasileiro que acredita nas mentiras dos jornais e das redes sociais. Estes não respeitam os outros e querem o seu próprio bem e não dos mais humildes. A parte podre dos brasileiros que se acham superiores aos menos favorecidos e depois reclamam da violência.
ResponderExcluirVou parando por aqui para não escrever o que não devo.
Abraços e um próspero ano novo para todos. Do fundo do coração, este tal de chico, é um cara que respeito e acho que todos deviam respeitar.
Feliz 2016!