Transcrito no blog Democracia & Política
Por Michel Chossudovsky, economista canadense, professor emérito de Economia da Universidade de Ottawa, Canadá
"Tudo
está inter-relacionado: guerra, terrorismo, estado policial, economia
global, austeridade econômica, fraude financeira, governos corruptos,
pobreza e desigualdade social, violência policial, Al Qaeda, ISIS,
desinformação midiática, racismo, propaganda de guerra, armas de
destruição em massa, menosprezo do direito internacional, criminalização
da política, CIA, FBI, mudança climática, guerra nuclear, Fukushima,
radiação nuclear, crimes contra a humanidade, aliança sino-russa, Síria,
Ucrânia, OTAN, false flags, 11 de setembro, Verdade,…
Exige-se
uma compreensão geral desta crise mundial: a última seção aborda
brevemente a reversão do quadro de guerra, celebração de paz,
instauração da justiça social e da verdadeira democracia.
Este
artigo compendia citações relevantes (de meus textos) relacionadas a
diferentes dimensões desta crise global. Citações de outros autores são
indicadas em itálico.
Os links em cada parágrafo indicam a fonte original da citação.
A globalização da guerra. A longa guerra estadunidense contra a humanidade
1. Os
EUA embarcaram em uma aventura militar, “uma longa guerra”, que ameaça o
futuro da humanidade. As armas de destruição em massa da coalizão
OTAN-EUA são apresentadas como "instrumentos de paz".
2. Grandes
operações militares e de inteligência estão sendo realizadas
simultaneamente no Oriente Médio, na Europa Oriental, na África
Subsaariana, na Ásia Central e no Extermo Oriente
. A agenda militar estadunidense combina tanto ações nos principais
teatros de operação como operações encobertas, destinadas a
desestabilizar estados soberanos.
3. “[O] Plano de campanha de cinco anos [inclui]… sete países, começando com Iraque, depois Síria, Líbano, Líbia, Irã, Somália e Sudão.” General Wesley Clark em “Winning Modern Wars” (p. 130).
4. Em
2005, o ex-vice presidente Dick Cheney colocou, em termos precisos, que
o Irã estaria “no topo da lista” dos ‘inimigos marginais’ da América, e
que Israel, faria, por assim dizer, “o bombardeio para nós sem ser solicitado” , isto é, sem o envolvimento militar estadunidense e sem que os pressionássemos para que “o fizessem”.
O 11 de setembro e a Guerra Global contra o Terrorismo (GWOT)
5. A
“guerra contra o terrorismo” é uma guerra de domínio. A "globalização" é
a marcha final para a “Nova Ordem Mundial”, dominada por Wall Street e
pelo complexo militar-industrial dos EUA.
6. O 11 de setembro de 2001 oferece uma justificativa para uma guerra sem limites
. A agenda de Washington consiste em estender as fronteiras do Império
Americano para facilitar o controle corporativo estadunidense total,
enquanto se instalam nos EUA as instituições do Estado de Segurança
Interna.
7. A “verdade inaceitável” é que os governos ocidentais, incluindo EUA, Reino Unido, França, OTAN e Israel – enquanto realizam uma autoproclamada “Guerra Global contra o Terrorismo” –
oferecem apoio secreto e sistemático às mesmas entidades terroristas
que são alvo de suas “guerras humanitárias” e “operações de
contra-terrorismo”.
Guerra e crise econômica
8. Em
todas as regiões do mundo, a recessão econômica está profundamente
estabelecida, resultando em desempregos massivos, no colapso dos
programas de estado social e no empobrecimento de milhões de pessoas.
9. A crise econômica vem acompanhada de um processo de militarização mundial,
uma “guerra sem fronteiras” liderada pelos Estados Unidos e por seus
aliados da OTAN. A conduta de “longa guerra” do Pentágono está
intimamente relacionada com a reestruturação da economia global.
10. “As operações ‘negras’ do Pentágono,
inclusive os orçamentos da inteligência nelas implícitos, são
praticamente iguais em magnitude aos orçamentos totais de defesa do
Reino Unido, França ou Japão e são dez por cento do total” (Tom Burghardt).
11. Uma “guerra econômica” instantânea, a qual resulta em desemprego, pobreza e doenças é conduzida pelo livre mercado. As vidas das pessoas estão em queda livre e seu poder aquisitivo é destruído.
Na verdade, os últimos vinte anos da economia de “livre mercado” global
resultaram, por meio da pobreza e da destituição social, na destruição
de vidas de milhares de pessoas.
12. Vastas quantidades de dinheiro são adquiridas através de manipulação de mercado.
Frequentemente denominado como “desregulação”, o aparelho financeiro
desenvolveu instrumentos sofisticados de manipulação instantânea e de
fraude.
13. Com
informação interna e conhecimento prévio, os principais atores
financeiros, utilizando os instrumentos do comércio especulativo, têm a
capacidade para trapacear e falsificar movimentos do mercado em seu
benefício, precipitar o colapso de um competidor e arruinar economias de
países em desenvolvimento.
14. O
que está em jogo é um processo de “limpeza financeira”, no qual os
“bancos grandes demais para quebrar” da Europa e norte-americanos (Citi, JPMorgan Chase, Goldman Sachs e outros) deslocam e destroem instituições financeiras de baixo calibre, com vistas à tomada total do “cenário financeiro”.
15. A
tendência subjacente aos níveis nacional e global está na direção da
centralização e concentração do poder bancário, enquanto leva ao
desmoronamento dramático da economia real.
Grécia: Medidas de austeridade
16. Os
credores utilizarão as obrigações da dívida multibilionária da Grécia
como forma de impor reformas macroeconômicas mortais, as quais servirão
para desestabilizar a economia nacional e, por sua vez, empobrecer a
população. Essas reformas são denominadas pelo FMI como ‘política de condicionalidades’, a qual permitirá essencialmente que os credores ditem a política econômica e social.
17. Os
credores estão muito interessados em adquirir riqueza real a partir da
economia nacional, principalmente na aquisição das instituições
bancárias nacionais, suas empresas estatais, sua terra agrícola etc.
Desinformação, propaganda midiática e CIA
18. A desinformação é sistematicamente “plantada” por operadores da CIA nas salas de redação
de grandes jornais, revistas e canais de TV. Empresas externas de
relações públicas são frequentemente utilizadas para criar “factóides”.
19. “Um
grupo relativamente pequeno de correspondentes bem conectados oferece
as manchetes, que conseguem a cobertura no grupo relativamente pequeno
das fontes de notícias 'mainstream', onde os parâmetros do debate são
estabelecidos e a “realidade oficial” é consagrada para divulgadores
essenciais na cadeia de notícias”(Chaim Kupferberg sobre a cobertura midiática do 11 de setembro).
20. Para
manter a agenda de guerra, essas “realidades fabricadas”, despejadas
diariamente nos canais de notícias devem tornar-se verdades indeléveis,
as quais formam parte de um amplo consenso midiático e político. Nesse
particular, a mídia corporativa – embora agindo de forma independente do aparelho de inteligência militar – é um instrumento da evolução desse sistema totalitário.
O “terrorismo islâmico” e a mentalidade humana
21 Os conceitos ISIS-Al Qaeda
, repetidos ad nauseam têm potencialmente impactos traumáticos na mente
humana e na capacidade de pessoas normais na análise e compreensão do
“mundo realmente externo” da guerra, da política e da crise econômica.
22. A
Al Qaeda constitui uma abstração estilizada, falsa e quase folclórica
do terrorismo, a qual permeia as consciências de milhões de pessoas em
todo o mundo.
O projeto califado do estado islâmico (ISIS/ISIL/Daesh)
23. Aqueles que organizaram a campanha de bombardeio são aqueles que estão por trás do Projeto Califado.
24. A
milícia do Estado Islâmico, a qual é supostamente o alvo da campanha
“contra-terrorista” de bombardeio da coalizão OTAN-EUA, é secretamente
apoiada pelos EUA e seus aliados.
25. Os
terroristas do Estado Islâmico são a infantaria da aliança ocidental.
Enquanto os EUA declaram atacar o Estado Islâmico, na verdade o protege.
A campanha aérea tem o objetivo de destruir a Síria e o Iraque, ao
invés de “caçar os terroristas”.
26. Uma complexa rede de organizações terroristas afiliadas à Al Qaeda
, supervisionada pelas agências de inteligência dos EUA e dos aliados,
expandiu-se, e se estendeu para o Oriente Médio, África Setentrional,
África Subsaariana, Ásia Central, China Ocidental, Sudeste da Ásia e
Ásia Meridional.
27. O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) é uma criação da inteligência estadunidense .
A “agenda de contra-terrorismo” de Washington no Iraque e na Síria consiste em apoio a terroristas
28. A
incursão das brigadas do Estado Islâmico (IS) no Iraque iniciada em
junho de 2014 integrou-se em uma operação de inteligência militar
cuidadosamente planejada e apoiada secretamente pelos EUA, OTAN e
Israel.
29. Sem o apoio Ocidental, segundo Vladimir Putin, os terroristas não teriam sido capazes de tomar regiões inteiras do país. ”O propalado Estado Islâmico [ISIS] tomou o controle de um vasto território. Como isto foi possível?” (discurso de Vladimir Putin na Conferência de Valdai, outubro de 2015).
Forças especiais do Ocidente dão assistência a terroristas na Síria
30. Forças especiais do ocidente e agentes secretos, incluindo o SAS britânico, paraquedistas franceses, CIA, MI6 e Mossad, integraram as fileiras rebeldes.
31 Suas
atividades não se limitam a treino. Estão sistematicamente envolvidos
na supervisão de operações terroristas no terreno, juntamente com as
forças especiais turcas e do Qatar, bem como milhares de mercenários
recrutados a partir de países árabes.
32. Os franceses envolveram-se ativamente na Síria desde o início da insurgência no terreno como
contatos de suas contrapartes estadunidenses, britânicas e israelenses.
Em fevereiro de 2012, 13 oficiais militares franceses foram detidos em
Homs, apontando para a presença de tropas externas em solo sírio no
interior de postos rebeldes.
Os aliados da América: apoio da Arábia Saudita, Catar e Turquia ao estado islâmico
33. A
Arábia Saudita, Turquia, Paquistão, Catar, Jordânia e outros países
estão envolvidos no recrutamento, treino e financiamento de terroristas
islâmicos.
34. Um grande grupo de mercenários do ISIS é de criminosos condenados, libertados de
prisões sauditas sob a condição de se juntarem ao ISIL. Condenados
sauditas que estavam no corredor da morte foram recrutados para atuarem
nas brigadas terroristas (23 de janeiro de 2013).
35. A prática da decapitação de civis pelo ISIS operante na Síria provém da Arábia Saudita. A prática de decapitações do ISIL faz parte dos programas de treinamento de terroristas financiados pelos EUA e implementados na Arábia Saudita e no Catar.
Israel e o estado islâmico
36. Netanyahu
não nega que seu governo apoia os terroristas na Síria. O alto comando
das forças de defesa de Israel reconheceram que “elementos da jihad global na Síria” têm o apoio de Israel.
37. O Estado de Israel colabora com as autoridades na operação contra-terrorista Charlie Hebdo e também apoia as duas principais entidades terroristas na Síria: o Estado Islâmico (ISIS) e a Frente Al Nusra .
A criminalização do Estado
38. A “criminalização do Estado” ocorre quando criminosos de guerra legitimamente ocupam cargos de autoridade, os quais habilitam-nos a decidir “quem são os criminosos”, quando, na realidade, são eles próprios.
Guerras perpetradas por agressão violam o Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas
39. Estados Unidos, França e Inglaterra são os países agressores contra a Síria. Eles não podem, em hipótese alguma, invocar o direito de autodefesa.
40. Por
outro lado, a Síria é a vítima do ataque externo e tem o direito de
autodefesa, consoante o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, onde
lê-se: “Nada, na presente Carta, poderá impedir o direito
inalienável à autodefesa coletiva ou individual se um ataque armado é
dirigido a um membro das Nações Unidas”.
Crimes de guerra
41. A guerra em escala global conduzida pela coalizão OTAN-EUA é um empreendimento criminoso sob o disfarce de contra-terrorismo. Ela viola a Carta de Nuremberg, a constituição dos EUA e a Carta das Nações Unidas .
42. Segundo o ex procurador-geral de Nuremberg, Benjamin Ferencz, em relação à invasão do Iraque de 2003: “um
casoprima facie que pode ser feito é que os Estados Unidos são culpados
do crime supremo contra a humanidade – que consiste numa guerra ilegal
de agressão contra uma nação soberana.” Ferencz referia-se ao “Crimes contra a Paz e de Guerra” (Princípio VI de Nuremberg ).
43. O
Princípio III de Nuremberg aplica-se diretamente ao presidente Obama e
aos chefes de Estado, bem como aos chefes de governo da coalizão
OTAN-EUA: “uma pessoa que cometeu um ato que constitui um crime sob o
direito internacional na qualidade de Chefe de Estado ou responsável de
governo não fica isento de responsabilidade sob o direito
internacional”.
O choque de civilizações: campanha mundial contra os árabes
44. Uma dicotomia ‘bem’ versus ‘mal’ prevalece: um “Choque de Civilizações”.
45. O ocidente tem uma “Missão”: “Devemos lutar contra o mal em todas as suas formas como meio de preservar o modo ocidental de vida.” Os perpetradores da guerra são apresentados como "vítimas".
46. A
“Guerra Global contra o Terrorismo” (GWOT) dirigida contra a Al Qaeda,
lançada na sequência do 11 de setembro, está a evoluir rumo a uma completa “guerra religiosa”, uma “santa cruzada” contra o mundo muçulmano .
47. Uma “guerra religiosa” está a desdobrar-se, tendo em vista justificar uma cruzada militar global . Na consciência profunda de muitos americanos, essa “santa cruzada” contra muçulmanos justifica-se.
48. Enquanto
o presidente Obama sustenta a liberdade religiosa, a ordem social
inquisitorial dos EUA institucionalizou padrões de discriminação,
preconceito e xenofobia contra os árabes.
49. O
perfilamento étnico aplica-se a viagens, ao mercado de trabalho, ao
acesso à educação e a serviços sociais, bem como, de forma geral, ao
status social e sua mobilidade.
50. A onda de xenofobia direcionada contra muçulmanos que assolou a Europa Ocidental está vinculada à geopolítica. É parte de uma agenda militar. Consiste em demonizar o inimigo.
51.
Países árabes possuem mais de 60 por cento do total das reservas
petrolíferas. Por outro lado, os Estados Unidos mal têm 2 por cento. O
Iraque possui cinco vezes mais petróleo que os Estados Unidos.
52. Uma
vasta parte do petróleo mundial se encontra em terras árabes. O
objetivo da guerra liderada pelos EUA é roubar aquelas reservas
petrolíferas. E para alcançar esse objetivo, esses países serão alvo de
guerras, operações secretas, desestabilização econômica e mudanças de
regime.
A coalizão OTAN-EUA ameaça a Rússia e a China
53. A “Ameaça Comunista” da Guerra Fria foi substituída pela ameaça mundial do “Terrorismo Islâmico”.
54. Apesar
de a Rússia e China se terem tornado economias capitalistas de “livre
mercado”, um primeiro ataque nuclear preventivo é, contudo, considerado.
55. China
e Rússia não são mais consideradas “ameaças ao capitalismo”. Muito pelo
contrário. O que está em jogo é a rivalidade econômica e financeira
entre as potências capitalistas.
56. A
aliança sino-russa sob a Organização de Cooperação de Xangai (SCO)
constitui um “bloco competidor capitalista” que mina a hegemonia
econômica dos EUA.
57. Em maio de 2014, a Lei de Prevenção de Agressão Russa (RAPA)
foi introduzida no senado americano (S 2277), exigindo a militarização
da Europa Oriental e dos Países Bálticos, bem como o posicionamento de
tropas estadunidenses e da OTAN na fronteira com a Rússia.
58. Na
Ásia, os Estados Unidos contribuíram, sob o seu “Eixo para a Ásia”,
para estimular seus aliados da Ásia-Pacífico, incluindo Japão,
Austrália, Coréia do Sul, Filipinas e Vietnã a que ameaçassem e
isolassem a China como parte de um processo de “cerco militar”, que
ganhou força em fins da década de 1990.
Os perigos da guerra nuclear
59. Na
sequência da Guerra Fria, a compreensão dos perigos de uma guerra
nuclear não está mais na ordem do dia. Documentos publicamente
disponíveis confirmam que uma guerra nuclear preventiva ainda figura
como tática possível para o Pentágono. As armas nucleares, comparadas às
dos anos de 1950, são mais avançadas. O sistema de entrega é mais
preciso.
60. Para
além da China e da Russia, o Irã, a Síria e a Coréia do Norte são alvos
de uma guerra nuclear preventiva. Não nos iludamos, o plano do
Pentágono de explodir o planeta utilizando armas nucleares avançadas
ainda vem à baila.
61. Com
uma capacidade explosiva que varia entre um terço a seis vezes uma
bomba de Hiroshima, miniogivas nucleares são consideradas “inofensivas
para civis”. A "guerra nuclear preventiva" é vista como um “empreendimento humanitário”. Os cientistas contratados do Pentágono apoiaram o uso de armas nucleares táticas: elas são “inofensivas aos civis porque a explosão se dá abaixo do solo.”
62. O Pentágono confirmou sua política de um ataque nuclear preventivo à Rússia em resposta ao suposto ataque russo contra a Ucrânia
. Se esses ataques nucleares americanos fossem implementados, a
humanidade seria precipitada numa Terceira Guerra Mundial, a qual
potencialmente seria a “guerra final” no planeta Terra.
63. Deveríamos
estar preocupados? As pessoas nos mais altos níveis de governo que
decidem o uso de armas nucleares não têm a menor ideia das implicações
de suas ações. A ideia de explodir o planeta utilizando armas nucleares é
totalmente apoiada pela candidata à presidência Hillary Clinton, que
acredita que as armas nucleares são instrumentos de pacificação. Sua
campanha eleitoral é financiada por corporações que produzem armas de
destruição em massa.
Fidel Castro e os perigos da guerra nuclear
64. “Os
EUA perderiam a guerra convencional e a guerra nuclear não é
alternativa para ninguém. Aliás, a guerra nuclear se tornaria
inevitavelmente global”.
65. “Penso
que ninguém na terra deseja que a humanidade desapareça. Essa é a razão
pela qual penso que o que deveria desaparecer não são apenas as armas
nucleares, mas também todas as convencionais. Devemos garantir a paz a
todos os povos, sem distinção.
66. “Em uma guerra nuclear, o dano colateral seria a vida humana
. Tenhamos a coragem de anunciar que todas as armas nucleares ou
convencionais, tudo o que for usado para fazer guerra, deve
desaparecer!”
67. “Trata-se de exigir que o mundo não padeça uma catástrofe nuclear para que se preserve a vida.”
Fidel Castro Ruz, Havana, outubro de 2010. (Gravado por Michel
Chossudovsky, Havana, outubro de 2010, direito de imagem, Fidel Castro,
Michel Chossudovsky).
Fukushima: radiação nuclear global
68. O desastre de Fukushima no Japão trouxe à tona os perigos de uma radiação nuclear mundial . A crise no Japão foi descrita como “uma guerra nuclear sem uma guerra”.
69. Nas palavras do famoso romancista Haruki Murakami :“Dessa
vez ninguém nos jogou uma bomba… Preparamos o terreno, cometemos o
crime com nossas próprias mãos, estamos destruindo nossas próprias
terras, e estamos destruindo nossas próprias vidas”.
70. A radiação nuclear – a qual ameaça a vida no planeta Terra –
não é primeira página dos noticiários em face de questões mais
insignificantes de interesse público, incluindo cenas ao nível local de
crimes ou notícias de tabloides sobre celebridades de Hollywood.
71. O
consenso político duvidoso no Japão, EUA e Europa Oriental é que a
crise em Fukushima foi contida. A verdade é o oposto. A partir do que é
sabido e documentado, o depósito sistemático de águas altamente
radioativas no Oceano Pacífico constitui um disparador potencial de um
processo de contaminação radioativa global.
72. Essas águas contêm plutônio 239 e sua libertação no Oceano tem tanto repercussões locais como globais. De acordo com a Dra. Helen Caldicott, se um micrograma de plutônio for inalado pode causar a morte .
Geoengenharia: alteração do clima para fins militares
73. As
técnicas de modificação ambiental (ENMOD) para uso militar constituem,
no atual contexto de guerra global, a arma suprema de destruição em
massa.
74. Tema
raramente reconhecido no debate global de mudança climática, o tempo
mundial agora pode ser modificado como parte de uma nova geração de
armas eletromagnéticas sofisticadas. Os EUA e a Rússia desenvolveram
habilidades de manuseio do clima para uso militar.
75. A manipulação do clima é a arma preventiva "par excellence".
Pode ser ativada contra países inimigos ou até “nações amistosas”, sem
que o saibam. A guerra climática constitui uma forma secreta de guerra
preventiva. A manipulação do clima pode ser utilizada para
desestabilizar economias, ecossistemas, bem como agriculturas
adversárias.
O ressurgimento do nazismo na Ucrânia
76. A verdade proibida é que o ocidente engendrou na Ucrânia – por meio de uma meticulosa operação secreta – um regime 'proxy' integrado por neonazis.
77. Fato
desconhecido de muitos americanos, o governo americano está canalizando
recursos financeiros, armas e treino para uma entidade neonazista – a qual é parte da Guarda Nacional da Ucrânia – o "Batalhão Azov" (Батальйон Аэов). O Canadá e a Inglaterra confirmaram que também apoiam a Guarda Nacional.
78. O Batalhão Azov – que ostenta “oficialmente” o emblema nazista – é descrito pelo regime Kiev como “um batalhão voluntário de defesa territorial”.
Trata-se de um batalhão da Guarda Nacional sob a jurisdição do
Ministério de Assuntos Internos, o equivalente ao Departamento de
Segurança Interna americano.
79. O Batalhão Azov apoiado por seus parceiros ocidentais não está apenas envolvido em operações paramilitares na Ucrânia Oriental.Também
está gerindo um projeto de treino militar em regime de campo de férias
para crianças, como parte de seu programa de doutrinação nazista e de
treino .
80. Com
os nomeados políticos do "Svoboda" e do "Right Sector" encarregados da
segurança nacional e das forças armadas, um verdadeiro movimento
contestatário de base contra as reformas macroeconômicas mortais do FMI
será provavelmente reprimido brutalmente pelos “camisas marrons” do
"Right Sector", bem como pela Guarda Nacional conduzida por Dmitri
Yarosh, por conta da Wall Street e do Consenso de Washington.
O estado policial
81. Em vez de tomarem providências em relação a uma catástrofe social iminente, os governantes do ocidente, que servem os interesses das elites econômicas, instalaram um estado policial “Big Brother”, com um mandato para confrontar e reprimir todas as formas de oposição e dissidência.
82. Agora, o Departamento de Defesa autoriza a disposição interna de tropas americanas para “a condução de operações fora do âmbito da guerra”, incluindo atividades de imposição da lei e a repressão de “distúrbios civis”.
83. A revogação da democracia é vista como meio de garantir “segurança interna” e sustentar liberdades civis .
84. Um departamento do FBI fundado em 2004 no governo Bush contribuiu para a integração da imposição da lei à espionagem interna. Seu mandato foi essencialmente político, voltado para a repressão de todas as formas de oposição política e social nos EUA.
85. De acordo com um Relatório do Conselho de Segurança Interna de 2004, é dito que esses “conspiradores” internos
estão agindo em conluio com “terroristas externos”. O Relatório
identificou “grupos internos radicais” e “funcionários descontentes”.
Os ataques terroristas de Paris, 13 de novembro de 2015
86. Os ataques de 13 de novembro foram imediatamente seguidos pela decretação de um Estado de Emergência, o fechamento das fronteiras francesas, bem como a suspensão de liberdades civis como forma de – segundo o presidente François Hollande – "salvaguardar os valores democráticos".
87. As
mortes trágicas foram usadas pelo governo Hollande (com o apoio da
mídia) para estimular o público a aceitar a implementação de medidas de
estado policial, para o interesse da república francesa, especialmente
no que toca à segurança nacional francesa contra um autoproclamado
“estado islâmico” ilusório com base no norte da Síria, que na verdade é
criação da inteligência norte-americana.
88. As
medidas também incluem procedimentos que habilitam a polícia a realizar
prisões arbitrárias e buscas em residências sem mandados, na área
metropolitana da Paris, iniciando uma potencial campanha de ódio contra a
população árabe na França.
89. Essas medidas drásticas do estado policial (incluindo a revogação do habeas corpus), empreendidas pelo presidente Hollande, foram tomadas sem um relatório de inquérito policial.
Mudar o quadro da guerra, construindo paz, democracia e justiça social
90. A propaganda de guerra difundiu-se gradativamente. A guerra é justificada como operação de paz.
91. Quando
a guerra se transforma em paz, o mundo vira de cabeça para baixo. A
conceptualização já não é mais possível. Surge um sistema social
inquisitório. O consenso é travar a guerra. As pessoas não conseguem
mais pensar por si mesmas. Elas aceitam a autoridade e a visão da ordem
social estabelecida.
92. No entanto, a guerra não é inevitável .
93. A guerra pode ser evitada por meio da ação social massiva .
94. A
questão não é se a guerra vai ou não acontecer, mas quais os
instrumentos à nossa disposição que nos permitirão contornar e, de uma
vez por todas, desarmar essa agenda militar global.
95. Criminosos de guerra ocupam cargos de autoridade. A cidadania é estimulada a apoiar governantes, os quais estão “comprometidos com sua segurança e bem estar”. Através da desinformação midiática, a guerra é justificada como "mandato humanitário".
96. A
legitimidade da guerra deve ser discutida. Apenas o sentimento
antiguerra não desarma uma agenda militar. Oficiais de alto escalão do
governo Obama, membros das forças militares e do congresso americano têm
autoridade delegada para apoiar uma guerra ilegal.
97. Um segmento significativo do movimento antiguerra foi cooptado. "Agimos contra a guerra, mas apoiamos a “guerra contra o terrorismo”. Podemos contar com um discurso político ambíguo.
98. Como, de forma eficiente, acabar com a agenda de guerra e do estado policial?
99. Principalmente
negando a “guerra contra o terrorismo” e a guerra religiosa contra a
“jihad islâmica”, a qual constitui a própria base da doutrina de
segurança nacional americana.
100. Sem a “guerra contra o terrorismo”,
os políticos do alto escalão não têm onde se escorar. Uma vez revelada
plenamente a Grande Mentira, a legitimidade é derrubada tal como um
castelo de cartas.
101. Qual a melhor forma de alcançar esse objetivo? Desmascarar totalmente as mentiras subjacentes à “guerra contra terrorismo”
e revelar o fato amplamente documentado do apoio de governos ocidentais
aos terroristas, isto é, são patrocinadores estatais do terrorismo.
102. A propaganda midiática apoia a legitimidade da “guerra contra o terrorismo”. “Grupos malignos estão à espreita”, a jihad é apontada como ameaça ao mundo ocidental.
103. Os
patrocinadores da guerra e de seus crimes devem ser apontados,
incluindo empresas petrolíferas, empreiteiras de defesa, instituições
financeiras e a mídia corporativa, os quais se tornaram parte da máquina
da propaganda de guerra.
Mudança de regime no ocidente
104. O que se exige é uma rede antiguerra de base, um movimento de massas em níveis nacional e internacional
, os quais desafiem a legitimidade dos principais atores militares e
políticos, bem como seus patrocinadores, e que operariam de modo
instrumental para remover aqueles que governam em nosso nome.
105. Essa
não é uma tarefa fácil. O primeiro passo é quebrar o consenso e que
seja feito por meio do que podemos descrever como contrapropaganda. É
nesse contexto que a Verdade se torna uma arma poderosa.
106. A
construção desse tipo de rede levará tempo para se desenvolver.
Inicialmente, tal rede deveria concentrar-se em desenvolver uma firme
posição antiguerra dentro das organizações civis (e.g. sindicatos, organizações comunitárias, organizações profissionais, federações estudantis, conselhos municipais etc).
Entretanto, em muitas dessas organizações – as quais incluem ONG, tais
como a Anistia Internacional – a liderança foi cooptada; muitas dessas
organizações são generosamente financiadas por fundações corporativas.
Consequentemente, desde 2003, o movimento antiguerra em países do
ocidente está praticamente inativo.
107. Desmascarar
a mentira significa desmascarar o projeto criminoso de destruição
global, no qual a busca pelo lucro é sua força capital.
108. Essa agenda militar guiada pelo lucro destrói os valores humanos e transforma as pessoas em zumbis inconscientes.
109. Vamos virar a mesa rompendo o consenso, especialmente rompendo o aparelho de propaganda.
110. Influenciar
a opinião pública não é o suficiente; o que tem de ser empreendido é a
quebra do processo de propaganda interna dentro do governo, do sistema
judiciário, das agências de aplicação da lei, do corpo militar, da
inteligência etc. Em última instância, essas são as áreas privilegiadas
onde as decisões são tomadas.
111. A
doutrina das forças armadas americanas é a “guerra contra o
terrorismo”. Está profundamente consolidada. Oferece uma “Causa Justa”
para a guerra. É a força motriz das tropas. É utilizada para construir
legitimidade aos bombardeios. O que precisa ser feito é quebrar o
processo de tomada de decisão dentro da arena militar por meio de
contrapropaganda.
112. William Shakespeare é certeiro ao descrever, no mundo contemporâneo, os arquitetos da Nova Ordem Mundial: “O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui.”
113. Nossa
tarefa inegável é enviar os “demônios” de nosso tempo, os
autoproclamados arquitetos da “democracia” e do “livre mercado”, para o
lugar que merecem."
FONTE: escrito por Michel Chossudovsky, economista canadense, professor emérito de Economia da Universidade de Ottawa, Canadá. O original encontra-se em www.globalresearch.ca/… . Tradução de Sergio R. A. de Oliveira. Este artigo encontra-se em http://resistir.info/, de Portugal. Transcrito no site "Patria Latina" (http://www.patrialatina.com.br/guerra-terrorismo-e-crise-economica-global/).
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