quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Macri não desmente movimentações em Bahamas e no Brasil

de Martín Granovsky, para o Página/12. Extraído do site Carta Maior

  
A informação publicada no domingo pelo jornal argentino Página/12, com novos dados sobre as movimentações realizadas pelas empresas de Mauricio Macri em Bahamas e no Brasil, não foi desmentida. Após três dias, o presidente argentino e seus funcionários preferiram se calar.

Nesta terça-feira (23/8), o deputado Darío Martínez levou aos tribunais os novos elementos que pediu para serem agregados à causa aberta pelo juiz Sebastián Casanello, que é investigada pelo promotor Federico Delgado.

Martínez manteve a atitude que vem mostrando desde o começo: investiga e entrega dados, mas não prejulga. Tampouco especula. Não foi o legislador que imaginou um tipo penal a investigar, e sim a própria Justiça. A inicial não contém o termo “lavagem de dinheiro” mas invoca uma suposta infração do artigo 303 do Código Penal argentino, do qual vale a pena destacar o seguinte trecho: “será reprimido com prisão de três a dez anos e multa de duas a dez vezes a quantia da operação, aquele que converter, transferir, administrar, vender, gravar, dissimular ou colocar em circulação no mercado, de qualquer outro modo, bens provenientes de um ilícito penal”.

O promotor Delgado também está seguindo um critério prático. Seu objetivo é conhecer o que definiu como “realidade social” das empresas. Ou seja, seu funcionamento verdadeiro.

A estratégia de Macri desde o começo foi ocultar o quanto pode, minimizar as novidades quando as coisas se tornaram inocultáveis, jogar a responsabilidade sobre o pai, como se ele não tivesse sido seu braço direito no Grupo Socma durante todos os Anos 90, e confiar em que o seu silêncio apagará a tenacidade dos investigadores.

Falando ou se calando, o certo é que as apurações continuam, e acumulam cada vez mais elementos concretos.

O fato de que ele tinha 18 milhões de pesos em bonos argentinos depositados em Bahamas já é uma informação conhecida pelo público. Tanto que teve que repatriá-los, para evitar suspeitas.

Também já se sabe que há pelo menos duas empresas offshore onde seu nome aparece envolvido, a Kagemusha e a Fleg.

Já é conhecido que a Fleg foi a chave para fundar sociedades no Brasil. Se sabe, por exemplo, que a empresa Owners do Brasil é o alter ego da Fleg.

O estatuto da Owners também já é conhecido. Sem dar voltas, afirma claramente que “a sociedade tem por objeto social principal a participação no capital de outras sociedades, como sócia, cotista ou acionista”.

Já está claro que a Fleg não era simplesmente uma casca, mas sim o embrião para criar empresas. Está claro também que as empresas foram realmente criadas e que se insertaram realmente no mercado brasileiro. Se sabe, ademais, os nomes dessas empresas: Itron do Brasil, Martex do Sul e Mega Consultoria.

A relação entre as empresas Fleg, Owners e Socma Americana já é pública. Se sabe que a Fleg colocou 9,3 milhões de dólares na Socma Americana. Também se sabe que, na mesma época, a Socma Americana distribuiu capital em três empresas: Itron do Brasil, Partech-Unnisa e Partech.

A semelhança entre o primeiro montante de 9,3 milhões e o total de investimento distribuído pela Socma Americana, de 8,4 milhões e dólares, poderia ser apenas uma simples coincidência. Mas também poderia não ser.

As sociedades fundadas no Brasil investiram no ramo das telecomunicações, serviços logísticos para bancos e informática. Prestaram serviços de administração de cartões de crédito Visa, se relacionaram com um gigante mundial, a Siemens, e mantiveram uma duradoura sociedade com um gigante brasileiro, a construtora Andrade Gutierrez.

Uma chuva de investimentos.

Tradução: Victor Farinelli



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