terça-feira, 20 de setembro de 2016

“João Dólar Junior” não tem senso de humor

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Por Altamiro Borges, em seu blog

O milionário João Doria Jr., candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, adora desferir ataques aos seus adversários políticos – principalmente contra o prefeito Fernando Haddad –, mas não aceita qualquer crítica ou sarcasmo. Na semana passada, a pedido da sua assessoria jurídica, a Justiça Eleitoral multou em R$ 5 mil o autor da página no Facebook “João Dólar Junior”, o jornalista Fábio Nassif. O juiz Márcio Teixeira Laranjo determinou ainda que o perfil seja apagado definitivamente na internet. O criador da página já anunciou que recorrerá da decisão judicial.

O advogado Anderson Pomini, que defende o empresário e apresentador de televisão, justificou o pedido de censura alegando que a página visa “expressar a ideia de que o candidato não tem afinidade com as classes sociais menos favorecidas economicamente” e “relacioná-lo às camadas mais favorecidas”. Para isto nem seria necessário visitar a página “João Dólar Junior”. Bastaria acessar o site do Tribunal Superior Eleitoral para constatar que o tucano é um dos candidatos mais rico do país, com um patrimônio declarado – declarado! – de R$ 180 milhões.

Para Fábio Nassif, autor da página e militante do PSOL, a decisão do juiz eleitoral “é desproporcional e descabida”. Ele afirma que a criação do personagem “João Dólar Junior” não foi uma iniciativa partidária. “Foi uma ação totalmente individual, da minha responsabilidade. Teve intenção de sátira política... João Doria e o PSDB acabam de demonstrar que não têm senso de humor. Fico imaginando como ele lidaria com as críticas caso estivesse em um cargo público”, alfineta o jornalista.

Impugnação e traições

De fato, o candidato tucano não tem senso de humor e nem de ridículo. Ele deveria se preocupar com coisas mais sérias, como as várias ações que tramitam na Justiça contra o seu suspeito patrimônio e contra a sua própria candidatura. No início de setembro, o Ministério Público Eleitoral solicitou esclarecimentos do governador Geraldo Alckmin sobre a “eventual oferta de secretarias de Estado a agremiações políticas” em troca de apoio a João Doria (PSDB) na eleição paulistana.

Segundo matéria da Folha serrista, “o pedido é parte de um procedimento preparatório que pode resultar em uma ação contra a candidatura tucana por abuso de poder político. No ofício, a Promotoria questiona se o real objetivo das nomeações para o Meio Ambiente e o Turismo foi ampliar a aliança de Doria. O PP e o PHS assumiram as pastas pouco depois de declararem apoio a Doria. O ofício foi encaminhado à Procuradoria-Geral de Justiça para ser repassado a Geraldo Alckmin, que não é obrigado a respondê-lo”.

“João Dólar” também deveria estar preocupado com as sangrentas bicadas no ninho tucano. Nesta semana, também segundo a Folha, um grupo de dirigentes e militantes do PSDB, autointitulado “peessedebistas autênticos”, abandonou a sua candidatura para apoiar a campanha da rival Marta Suplicy (PMDB). Ainda de acordo com o jornal serrista, a dissidência começou na zona sul da capital paulista, mas já conquistou adesões em diretórios da zona norte e leste.

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