sábado, 1 de outubro de 2016

Golpistas não suportam o livre pensamento

da Redação do site Carta Maior

O protagonismo da mídia oligárquica no golpe é consenso entre os brasileiros que pensam antes de odiar. São décadas de uma produção “jornalística” que atesta: muito menos do que um direito democrático, a comunicação se tornou um instrumento de opressão no Brasil.

A catástrofe está em curso. Com o golpe, foi instalado um governo ilegítimo, sem base social. Obra de um condomínio de políticos e grupos midiáticos ligados aos interesses econômicos e financeiros do capital internacional; e da participação especial de setores do Judiciário brasileiro.

O golpe apenas começou. O ataque tem endereço certo: os direitos constitucionais, por exemplo, os que garantem educação e saúde gratuitas, leis trabalhistas, entre outros.

A Carta Magna também garante um outro direito, há décadas desrespeitado no país: o direito à comunicação diversificada, plural e representativa. Mas, a mídia oligárquica – composta por meia dúzia de famílias – faz crer que comunicação não é um direito.

Nós sabemos que é. Sabemos que as concessões públicas a esses veículos,  dadas pelo Estado brasileiro, estabelecem deveres jamais cumpridos pelo oligopólio midiático. A produção do golpe, visto nos últimos dois anos, atesta esse descumprimento. Todos viram como uma presidenta sem crime de responsabilidades foi afastada do poder.

Imposto o golpe, essa mesma mídia vem preparando o terreno para impor uma dura agenda aos brasileiros. Em março deste ano, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) trouxe uma relação de 55 matérias que tramitavam no Congresso Nacional.

Todas elas incidem, desastrosamente, sobre direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros. Trata-se do maior ataque contra a Constituição de 1988. Nem mesmo a ditadura de 1964 foi tão longe.

O trabalho sujo da mídia é convencer os brasileiros que seus direitos atrasam e emperram o desenvolvimento do país.

Apostaram no ódio para impulsionar o golpe, agora apostam no medo da crise e jogam a culpa na população. A crise se torna a justificativa para a perda – a tal “flexibilização” – dos direitos constitucionais. É o que ouvimos nas rádios, vemos nos noticiários, lemos nos jornais impressos e virtuais.

Não é à toa que intelectuais vêm escrevendo e alertando sobre a extrema necessidade de fortalecermos as nossas instituições democráticas. Precisamos de democracia na área da Comunicação. Quantos dias Temer, o golpista, ficaria no poder caso a Globo iniciasse uma campanha pela sua deposição?

Essas são as nossas garantias democráticas?

Instituições democráticas
 
Não nos espantamos quando Temer, com sete dias de governo, quebrou contratos vigentes de publicidade entre as administradoras diretas e indiretas com as microempresas da mídia progressista.

O embargo econômico contra as vozes dissonantes, as únicas que denunciaram “é golpe”, representou irrisórios 0,6% do que a SECOM investiu em publicidade no ano de 2015. Nada para eles, muito para nós.

São tempos de resistência e enfrentamento. Nesta batalha de David contra Golias, como cunhou o professor Venício Lima (leia mais), eles contam com um canhão (televisão, rádio, jornais diários) e nós com a internet. Eles têm patrocinadores e nós temos vocês.

A mídia alternativa hoje é financiada pelos seus leitores, daí as campanhas de doações em vários sites e blogs. É o público leitor que garante a existência do contraditório nas redes e na internet.

Todos sabemos que o ataque navegou -  e ainda navega – na onda do ódio, construída e inflada desde 2014, quando a presidenta Dilma Rousseff foi eleita pela maioria do povo. O objetivo era – e ainda é – criminalizar a esquerda como um todo.

Basta ler o editorial de o Estadão que bradava, em 12 de junho deste ano:

“Bem fez, por isso, o presidente em exercício Michel Temer em cortar o quanto antes esses financiamentos. Era um escândalo essa política petista de bancar os amigos. Era cabal a comprovação do descaramento do PT no trato com a coisa pública, como se as verbas pudessem ser usadas a seu bel-prazer, sem a menor preocupação em respeitar a lei o interesse público”. (OESP, 12.06.2016)

Notem como um direito constitucional – o direito à Comunicação plural - é reduzido pela família Mesquita: “política petista de bancar os amigos”.

Desmontando a comunicação pública
 
E o que dizer sobre a campanha contra a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)? Uma instituição democrática – que precisaríamos fortalecer e não enfraquecer – pensada enquanto instrumento de comunicação plural e representativa da imensa diversidade do Brasil.

Pública e não estatal – como eles gostam de confundir – a produção da EBC não estava comprometida com os interesses da mídia golpista, tampouco com os da oposição no período e dos agentes econômicos e financeiros que ela representa. Prova disso é a virulência do editorial da Folha, dez dias depois do ataque contra a mídia alternativa:

“A EBC nasceu e cresceu como aparelho de propaganda a serviço do governo de turno. Passou da hora de pôr termo a mais esse desperdício de dinheiro público. O presidente interino, noticia-se, cogita extinguir a TV Brasil e reduzir os gastos da EBC. Se não for capaz de impor normas que garantam a independência da empresa, faria melhor ao extinguir o aparelho inteiro”. ” (FOLHA, 25.06.2016).

Em suma, um veículo de comunicação privado exigindo, publicamente, o fim de um veículo de comunicação público (EBC). Um ataque sem argumentos ou qualquer análise de fundo sobre o papel da emissora pública e sua necessidade no país.

Em momento algum se analisa o que é oferecido à população, em momento algum se pondera experiências em outros países de TV pública. Resta ao jornalão da família Frias xingar: “aparelhamento”, “emissora partidária”, “cabide de empregos” etc, fazendo política enquanto acusar o oponente de fazer política.

Eis a esfera privada sufocando – a partir da imensa capilaridade que tem – a esfera pública e o direito da população à uma comunicação livre dos interesses de mercado.
 
Como enganar o povo
 
Em suas capitanias hereditárias, essa elite que se arvora dona da comunicação brasileira, repudiando qualquer iniciativa independente, manipula a população descaradamente. Apresentam os direitos constitucionais e trabalhistas como “excessos”, jogando a culpa no colo dos brasileiros.

Não há inocência quando O Globo defende, com todas as letras, em seu editorial:

“Para combater uma crise nunca vista, necessita-se de ideias nunca aplicadas. Neste sentido, por que não aproveitar para acabar com o ensino superior gratuito, também um mecanismo de injustiça social? Pagará quem puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal. Funciona assim, e bem, no ensino privado. E em países avançados, com muito mais centros de excelência universitária que o Brasil”. (OGLOBO, 04.08.2016).

Impressiona como, sem titubear, a família Marinho propõe o fim de um direito que deveria ser universalizado, reduzindo-o a um simples “receberá bolsa”, como se não soubesse o peso no bolso dos norte-americanos, por exemplo, para pagar as universidades privadas, ou o fato de que em países onde a educação atinge os mais altos níveis, ela é totalmente gratuita e universal.

É esse o nível de credibilidade da mais poderosa empresa de comunicação do país. É a ideologia do capital defendida com unhas e dentes.

Imaginem um Brasil sem universidade pública, sem uma estrutura pública de comunicação com uma capilaridade capaz de fazer frente à comunicação privada, sem o conteúdo crítico e progressista na internet e nas redes, representado hoje, aos trancos e barrancos, pela mídia alternativa?

É paraíso sonhado pela direita. O terreno arrasado para aprovarem no Congresso as várias pautas selecionadas pelo DIAP e de tantas outras que virão. Convidamos a todos que avaliem, com atenção, uma por uma dessas pautas clicando aqui.

E, também, que não só acompanhem a mídia alternativa, mas que a mantenham viva. Neste momento de golpe, mais do que nunca, colaborar com a mídia alternativa é colaborar com o nosso Brasil.





Nenhum comentário:

Postar um comentário