domingo, 23 de abril de 2017

Um milagre salva Lula


Alguns dizem, repetem e insistem que as sentenças do juiz Sergio Moro nos processos contra Lula terão de ser muito bem amarradas, ou poderão ser desatadas pela segunda instância. E a segunda instância é a o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.
Pois se sabe que o TRF delibera quase tudo a favor de Sergio Moro. Em março, o Tribunal refugou um processo de Lula contra o juiz por abuso de autoridade (o grampo da conversa com Dilma e a condução coercitiva).
O argumento básico é o de que o juiz está em missão única, excepcional, e que suas deliberações podem então ser fora da curva.
O TRF ratifica 70% das sentenças que saem de Curitiba. Este é o grande argumento da Lava-Jato para a conduta do juiz Moro.
Quem conversa com fontes do Judiciário ouve o seguinte: não alimentem as expectativas dos mais otimistas com possíveis decisões do Tribunal Regional que possam vir a favorecer Lula. Não embarquem nessa ilusão.
A situação de Lula, com cinco processos, dois em Curitiba e três em Brasília e outros que ainda poderão aparecer com as investigações em andamento, é a mesma do jogo do Brasil com a Alemanha. Ele pode até marcar um gol, mas corre o risco de tomar sete.
Lula foi cercado impiedosamente. Deve ser destruído antes da eleição de 2018. Não haveria mais o que fazer, a não ser esperar pelo milagre de um inesperado movimento do imponderável, dentro ou fora do Judiciário.
Quanto mais Lula crescer nas pesquisas, mais os delatores irão se multiplicar. Vão levar Lula para o canto e massacrá-lo, em Curitiba e no Jornal Nacional. Com ou sem provas, com ou sem convicções, num cenário geral de anestesia, resignação e acovardamento.
E ninguém enfrenta Sergio Moro, porque desafiá-lo formalmente, nas instâncias do Judiciário (e a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça?), condenaria sumariamente o discordante como inimigo da Lava-Jato, da Globo, do pato da Fiesp e dos golpistas do Jaburu.
Moro pode manter alguém em prisão preventiva, como mantém, pelo tempo que quiser (porque a lei o favorece!), para depois obter delações de farrapos morais. Alguns colegas seus até reagem, como os Juízes para a Democracia, mas e daí?
Poucos ou quase ninguém fica sabendo que há discordâncias graves dentro do próprio Judiciário e do Ministério Público em relação aos métodos medievais de Sergio Moro. É uma discordância valente, honrosa, decidida, mas ainda inconsequente, porque aparentemente minoritária e escondida nos biombos da grande imprensa.
E, para completar, o único juiz de instância superior a enfrentar Moro, num episódio pontual, ao recriminá-lo pelo delito de grampear Dilma e mandar a gravação para a Globo, foi o ministro do Supremo Teori Zavaschi.
Mas Teori Zavaschi está morto.

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