domingo, 25 de agosto de 2013

Presença de importados nas importações é recorde

Escrito por: Valdo Albuquerque/Hora do Povo

A participação de bens importados no consumo doméstico de produtos industriais atingiu o índice de 21,1% no segundo trimestre de 2013, novo recorde da série, mantendo uma trajetória de alta há 13 trimestres consecutivos, de acordo com o levantamento Coeficientes de Abertura Comercial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em conjunto com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), divulgado no dia 15.
Na indústria de transformação, a penetração de importações alcançou 19,7% – também recorde na série trimestral -, ligeiro crescimento de 0,1 p.p em relação ao trimestre anterior e alta de 4,1 p.p na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.
Conforme os números do estudo, “foram registrados elevações no coeficiente de 12 setores, na comparação com o trimestre anterior, com destaque para Outros equipamentos de transporte (+1,3 p.p.), Farmoquímicos e farmacêuticos (+1,0 p.p.), Químicos (+0,6 p.p.) e Informática, eletrônicos e ópticos (+0,6 p.p.). Ocorreram recuos nos coeficientes dos setores Derivados de petróleo e biocombustíveis (-1,0 p.p.), Máquinas e equipamentos (-0,6 p.p.) e Metalurgia (-0,5 p.p.)”.
Na indústria extrativa, o coeficiente de importações atingiu 51,9%, recuo de 0,4 p.p ante o primeiro trimestre, que ficou em 52,3%.
Ainda segundo o estudo, “o percentual do faturamento da indústria proveniente das exportações mantém-se em queda. O coeficiente de exportações a preços correntes do segundo trimestre de 2013 situa-se em 19,2%, representando queda de 0,3 p.p. em relação ao primeiro trimestre do ano. O segundo recuo consecutivo no ano”.
Na última edição de “Brasil em Números”, publicada pelo IBGE, o economista José Luis da Costa Oreiro afirma que “o grau de abertura comercial da economia brasileira passa de 22,8% em 2010 para 26,5% em 2012”.
Conforme Oreiro, “o aumento do déficit em conta corrente em conjunto com a desaceleração do crescimento é um sinal claro de sobrevalorização da taxa de câmbio, a qual estaria afetando de forma negativa a competitividade da indústria, efeito esse potencializado pela abertura comercial crescente da economia brasileira”.
Na sexta-feira (16), quando a cotação do dólar fechou em R$ 2,39, o presidente da CNI, Robson Andrade, considerou positiva a desvalorização do real. “A desvalorização dá mais competitividade à indústria nacional e nos coloca em um patamar melhor de custos”, disse em entrevista coletiva.
Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou os as avaliações negativa sobre o desempenho da economia. “Neste segundo semestre, temos vários fatores positivos que vão impulsionar a economia brasileira. A inflação no primeiro semestre causou algum estrago, diminuiu o poder aquisitivo da população. A boa notícia é que ela já caiu e juntamente com o crédito, que gradualmente está aumentando, devemos ter algum estímulo para o consumo varejista”.
Os próprios números do IBGE desmentem a versão de Mantega sobre a inflação ter causado estrago. Com exceção da oscilação de abril (0,55%), a trajetória do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, é cadente desde fevereiro (0,60%). Em março recuou para 0,47%. Em maio estava em 0,37% passando no mês seguinte para 0,26% e chegou a 0,03% em julho.
Por outro lado, o estímulo para supostamente contribuir para investimentos privados, a desoneração, serviu apenas para aumentar as remessas de lucro das multinacionais, pois a produção industrial continua patinando, com uma variação de 1,9% no primeiro semestre, ante o mesmo intervalo de 2012.
Outros “estímulos” para o crescimento citados por Mantega são as privatizações, com vários leilões marcados para este semestre, inclusive o megacampo de Libra, no pré-sal. Segundo ele, o governo vai fazer de tudo para tornar os leilões atrativos para o setor privado, sobretudo estrangeiro, ou seja, para viabilizar que sejam altamente lucrativos. Na hora de garantir os recursos para o superávit primário não cabe o “nacionalismo estreito” – daí o bônus de assinatura de R$ 15 bilhões para o campo de Libra, para garantir a meta do superávit primário e rechear o cofre dos bancos.

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