Evaristo Almeida no Facebook
A "nova política" preconizada pelos economistas neoliberais que
escreveram o programa econômico da Marina é o repaginamento de velhos
dogmas, que já causaram desemprego e crise econômica no Brasil
Recentemente a candidata Marina Silva apresentou o programa de governo para
a campanha presidencial de 2014. A novidade é que a linha ideológica
apresentada pela Marina é mais conservadora que a do candidato Aécio Neves,
do PSDB, vem defendendo. Não porque Aécio não comungue dos mesmos ideais,
mas haveria repulsa imediata do povo para várias questões polêmicas como
autonomia do Banco Central, flexibilização dos direitos trabalhistas,
tarifaço em alguns preços públicos, reforma política, privilegiando o poder
econômico, entre outros.
Vamos trabalhar nesse artigo com quem faz a cabeça dos economistas da
Marina e a matriz ideológica dos que escreveram o programa econômico da
candidata do PSB que é a mesma dos economistas do PSDB. São economistas
neoliberais, com doutoramento nos Estados Unidos ou na Inglaterra. Vale
lembrar que esses dois países passam por crises econômicas profundas, com
desemprego crônico e falta de perspectiva para os trabalhadores.
Depois da crise de 2008, os economistas mais comprometidos com o
desenvolvimento social e econômico achavam que o neoliberalismo perderia
força; pelo fato dos fundamentos defendidos por essa escola não serem
científicos e sim ideológicos, à luz da crise de proporção gigantesca nos
Estados Unidos e na Europa, que provocaram ao propor a desregulamentação
geral da economia e referenciarem o mercado como um deus. Mas como essa
linha de pensamento defende interesses poderosos de empresas
transnacionais, principalmente do ramo financeiro, dos Estados Unidos,
Europa e Japão; é defendido 24 horas por dia pela mídia mundial
comprometida com esses interesses. Interesses esses que beneficiam apenas
1% da população do mundo. No Brasil não é diferente e a grande imprensa
brasileira é toda neoliberal.
Você nunca verá um economista neoliberal defendendo distribuição de renda,
crescimento econômico, aumento salarial, igualdade social nem qualquer
outro valor humanista e civilizatório.
Os preceitos defendidos pelos neoliberais são baseados em Adam Smith e
David Ricardo, grandes ideólogos ingleses dos séculos XVIII e XIX, por
Thomas Malthus, que não tinha nenhuma consideração pelos pobres, pois
segundo Malthus, não adiantaria fazer nenhuma política econômica para
ajudar classes mais desfavorecidas, pois eles gastariam tudo e continuariam
pobres. Pelo contrário pregava que os pobres morassem nas áreas mais
insalubres, para que a população seja reduzida. E por fim, Hayek e Milton
Friedman, que deram uma nova roupagem ao pensamento conservador no século
XXI e ficaram eufóricos quando Pinochet, ditador do Chile acusado de
prisão, tortura e assassinato contra seus críticos, aplicou a doutrina
neoliberal. Esse "aprendizado" custou dezenas de milhares de vida
e transformou o Chile num país destinado a produzir cobre, frutas e peixes.
O resultado foi a pauperização da população chilena, concentração de renda
e desemprego de 1/3 dos trabalhadores.
Mas nada disso importou para os ideólogos do neoliberalismo, pois a
democracia e o bem-estar social não estão nas preocupações dos apóstolos
dessa doutrina.
Foi o economista alemão Georg Friedrich List quem desmascarou as idéias de
Smith e Ricardo, que difundiram a ideologia do livre comércio e das
vantagens comparativas, que beneficiavam a economia inglesa. Para List um
país não pode desenvolver suas indústrias num mercado em que sofre
concorrência de outra economia mais avançada tecnologicamente, como
acontecia com a Inglaterra a partir do século XVIII. Portugal que o diga,
pois cometeu o erro de assinar o tratado de Methuen, que impediu a industrialização
desse país por séculos. Tratado semelhante a esse foi apresentado pelos
Estados Unidos, no final do século XX, com a criação do Acordo de Livre
Comércio das Américas - ALCA, que teria o mesmo efeito nefasto no
continente que o acordo assinado por Portugal em 1703. Acabaria com
qualquer iniciativa industrial dos países que nele adentrassem. Os governos
Lula, Chávez e Kirchner não deixaram isso ir em frente.
Os Estados Unidos maquiaram a Alca na Chamada Aliança do Pacífico do
governo Obama, que prevê livre comércio e já é composta pelo Chile,
Colômbia, México e Peru. Essa aliança transformará os países que nele
entraram em importadores de produtos industrializados estadunidenses e
exportadores de matérias-primas, a preços aviltados para os Estados Unidos.
Será o retorno à condição de colônia que congelará o desenvolvimento e
impossibilitará a melhoria de vida dos seus povos. Está no programa da
Marina a adesão a esse tipo de aliança de livre comércio.
Essa é a receita dos economistas de matriz neoliberal, subordinação
colonial e atraso social.
Eles tratam o grau de desenvolvimento de um país como se todos fossem
iguais e tivessem atingido a mesma produtividade. São contra políticas
desenvolvimentistas como a feita pela Petrobras, em exigir participação
nacional na produção das plataformas e equipamentos para o pré-sal. Vamos
lembrar que esses equipamentos no governo de Fernando Henrique Cardoso eram
construídos em Cingapura, na Coréia e na China. Como resultado, a nossa
indústria naval estava minguando e empregava somente sete mil
trabalhadores. Os empregos ficavam lá fora.
O Brasil, nos governos Lula e Dilma, adotando a mesma política feita pela
Noruega, que desenvolveu uma poderosa indústria naval, estão exigindo que
navios e equipamentos sejam construídos aqui, no nosso país. Essa política
é exitosa, pois a indústria naval brasileira já emprega 80 mil
trabalhadores que estão melhorando de vida com melhores empregos e aumento
da renda.
Anteriormente o curso de engenheiro naval estava acabando no país,
atualmente está em alta. Isso mostra que uma política desenvolvimentista
melhora a qualidade do emprego e da renda da população.
Ao contrário de política desenvolvimentista, os economistas da Marina,
querem uma nova rodada de abertura econômica, a mesma que causou o grande
nível de desemprego nos anos 1990 no Brasil, feitas nos governos de Collor
e Fernando Henrique Cardoso, que quebraram milhares de empresas e fecharam
milhões de empregos.
Outra política econômica, defendida por eles, que ameaça quebrar o país é o
câmbio livre, ou seja, deixar a moeda flutuar livremente ao sabor do
mercado. O livre cambismo não é praticado desde o padrão-ouro, que vingou
até a crise de 1929 e arrasou o mundo. Nos dias atuais seria haraquiri
econômico, porque as moedas deixaram de ter lastro e flutuam ao sabor da
especulação financeira.
Os Estados Unidos atualmente tem uma dívida de 20 trilhões de dólares que é
rolada via emissão monetária e de títulos públicos, jogando 80 bilhões de
dólares mensalmente no mercado mundial, o que causa valorização das demais
moedas para que os produtos estadunidenses fiquem mais baratos e possam ser
exportados.
Se o Brasil fosse seguir a política livre cambista preconizada pelos
neoliberais da Marina, milhares de empresas teriam fechado, assim como
milhões de empregos, pois o real seria sobrevalorizado mais do que foi
nesse período.
Isso prova que é mais uma grande bobagem defendida por economistas
conservadores e apoiados pela grande imprensa brasileira.
Os adestrados nessa escola são os preferidos para receber o prêmio Nobel de
Economia, o que indica que esse prêmio é dado muito mais pelos valores
ideológicos defendidos do que pela validade da ciência econômica. No mundo,
que me lembre, de economistas progressistas, apenas Amartya Sen, Gunnar
Myrdal, Paul Krugman e Joseph Stiglitz, o receberam. Deixaram de lado
economistas do quilate de Celso Furtado e Raul Prebisch, para falar apenas
da Amércia Latina, que deram grandes contribuições à teoria
desenvolvimentista.
O Nobel de Economia é usado politicamente para favorecer a escola
conservadora como foi o Nobel da Paz, dado a Barack Obama para legitimar as
ações bushinianas do presidente dos Estados Unidos.
A "nova política" preconizada pelos economistas neoliberais que
escreveram o programa econômico da Marina é o repaginamento de velhos
dogmas, que já causaram desemprego e crise econômica no Brasil.
O programa mostra que a candidata desistiu do Brasil, sim, pois o que está
implícito é o retorno à continuação da política econômica implantada por
Fernando Henrique Cardoso entre 1995-2002, que não melhorou a vida da
população brasileira.
O país vive atualmente a melhor condição social e econômica desde Cabral,
com pleno emprego e possibilidade de ascensão social.
Diariamente somos bombardeados, 24 horas do dia, de que o país passa por
grave crise, pela grande imprensa brasileira, o que não é verdade. Todas as
classes sociais melhoraram de vida, como mostra a qualidade da política
econômica implantada no país desde 2003.
Não é preciso que a população brasileira entenda de economia, mas é só
recordar o que foi sua vida nos governos anteriores ao de Lula e de Dilma,
e a que é hoje.
Se nos deixarmos levar pela grande imprensa brasileira e o terrorismo
econômico diariamente jogado nos jornais impressos e televisivos, poderemos
perder todas as conquistas desses 12 anos.
Segundo os existencialistas somos frutos de nossas escolhas e agora mais do
que nunca poderemos seguir a frente construindo uma nação soberana com
desenvolvimento social e econômico ou entrar na lábia dos neoliberais que
tudo está ruim e de fato com as políticas por eles defendidas, a vida
piorar e o Brasil perder a sua autonomia como nação.
São esses dois projetos que estão sendo apresentados ao nosso povo, um que
ele já conhece e está dando certo e o outro mera abstração e promessas que
transformariam para pior a vida de milhões de brasileiros e brasileiras.
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