Não
consta que entre os santos do panteão brasileiro no Vaticano esteja o
meu nome, nem o de São Palocci, uma figura controversa e polêmica não
apenas em algumas regiões de São Paulo, o seu estado, mas também em
outros pontos do país.
Tais
circunstâncias não negam, no entanto, o caráter arbitrário, injusto,
desnecessário, injustificável, da prisão do ex-ministro da Fazenda do
governo Lula pela Polícia Federal esta semana.
A maior prova contra Palocci, no caso, é a existência de um tal "italiano" em uma planilha da Odebrecht.
Palocci é sobrenome italiano.
Logo
seria ele, com certa aura de moldura mafiosa, coroada pelo nome da nova
fase da operação Lava-Jato, Omertá, o "italiano" que presumidamente
teria recebido - não se indica quanto, em que conta, de que forma -
dezenas de milhões de reais da Odebrecht.
Ora,
e por que esse "italiano" não seria, seguindo a curiosa linha de
raciocínio adotada pelos "investigadores", o ex-ministro Guido Mantega,
por exemplo?
Afinal, a família Mantega é também oriunda da Velha Bota do Mediterrâneo.
Assim
como os sobrenomes Cameli, Sperafico, Pizzolato, Vaccareza, Covatti,
Vaccari, Negromonte, que também se encontram, ou já estiveram
relacionados à Operação Lava-Jato pela "santa" inquisição curitibana.
Como distinguir um "italiano" do outro?
Seria o ex-ministro da Fazenda mais "italiano" que os demais?
Ora,
a prisão do ex-ministro Antônio Pallocci, principalmente se prorrogada,
irá confirmar o que já se sabe, e se tem cada vez mais certeza, aqui e
no exterior.
O
Brasil está se transformando em um país no qual aprisiona-se com base
em presunção, ou melhor, da fabricação de ilações entre indícios frágeis
e o "suspeito" da vez; decreta-se o bloqueio de seus bens, ou de um
grupo, em proporções milionárias, para dar a impressão à opinião pública
de que o detido possui realmente essa avultada fortuna e a "roubou";
prorroga-se a prisão para exercer pressão sobre o prisioneiro e cria-se
uma situação que o obriga a delatar alguém mesmo sem provas, sob pena de
permanecer encarcerado indefinidamente; com o intuito de produzir nova
prisão e manter em evidência e movimento uma operação
jurídico-policial-midiática, que tem extrema influencia, senão
propósitos específicos, no contexto do processo político nacional.
Em
qualquer lugar do mundo, é normal que um Ministro de Estado, um
Senador, um deputado, um Presidente da República, apoie empresas
nacionais.
Como
fez Barrack Obama, por exemplo, quando mandou o tesouro norte-americano
comprar ações de empresas que praticamente quebraram na crise de 2008 -
ah, o que não aconteceria, ou ocorreria, com ele, se estivesse no
Brasil e fosse do PT!
Ou
Nicolas Sarkozy quando veio ao Brasil, tentar vender caças Raffale e
parceria no desenvolvimento do submarino atômico citado agora pela
Polícia Federal no caso Palocci, que também está sendo acusado de ter
obtido financiamento do BNDES para exportação de bens e serviços
brasileiros para Angola, por meio da Odebrecht.
Um
projeto que possibilitou, assim como o do porto cubano de Mariel,
centenas, senão milhares de empregos e centenas de milhões de reais em
negócios para nosso país.
Só
no Brasil esse tipo de apoio é crime, passível de se tranformar, daqui a
pouco, em hediondo, no contexto geral da estúpida criminalização da
atividade política e administrativa, inaugurada, institucionalmente, por
setores que pretendiam, no início, derrubar o PT do poder e que não
tiveram a paciência de esperar que se escoasse normalmente o tempo que
nos separava dos próximos pleitos do calendário eleitoral.
Se
o sujeito estiver no governo, é crime cumprir sua função, porque ele
não pode receber ou ouvir empresários, ou "beneficiar", direta ou
indiretamente, nenhuma empresa, mesmo que seja a maior empregadora do
país.
Se
estiver fora do governo, também é crime - como se denota de declarações
da "coletiva" sobre a prisão - porque não pode prestar nenhum tipo de
serviço a nenhuma empresa, estando condenado a parar de trabalhar
-dependendo de seu partido, naturalmente, porque temos ex-funcionários
do Ministério das Comunicações e da ANATEL, na época do governo FHC, que
participaram ativamente do processo de esquartejamento e privatização
da Telebras, que são, há anos, altos executivos de gigantescas empresas
de telecomunicações estrangeiras no Brasil, sem serem importunados por
isso, claro está.
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